Emocional X Internet, como se preparar
Diário da Manhã
Publicado em 13 de outubro de 2018 às 23:59 | Atualizado há 7 anos
Quando vemos pela TV ou lemos notícias como a veiculada essa semana, na qual um motorista de Goiânia teria extorquido três mulheres de boa situação social – leia-se também intelectual – é comum que pensemos: “Como pode alguém cair em tão grosseiro arremedo de relação?” Quando o golpe vem de fora, de um estrangeiro apaixonado a acidez das críticas é maior ainda.
Todos, sentados em seus sofás, no conforto de suas vidas emocionais bem organizadas, acreditam estarem aptos a se safar do vexame de um golpe desses. Mas não se enganem qualquer um de nós pode cair nas garras do que eu chamo de “estelionatário emocional”, que por acaso costuma agir mais no virtual, mas que estão por aí, espalhados na vida real.
Na seara virtual, tal pessoa se apresenta como alguém na medida do sonho coletivo. Homens atraentes, em muitos casos financeiramente estáveis e sempre descomprometidos. No caso dos homens, mulheres em situação de necessidade e fragilidade. Belas, é claro! Criado o personagem, atraída a vítima, eles passam a estudar seus pontos fracos.
Não é à toa que tais golpistas se envolvam com mulheres de meia idade, recém separadas e viúvas. Pela obviedade da situação são elas as mais suscetíveis aos golpes e, não se enganem, a maioria das vítimas não é a típica dona de casa inocente. São mulheres vividas, financeiramente independentes.
Para cativá-las, os estelionatários emocionais ficam atentos a toda e qualquer fala, cada sinal possível de balizar em que frente deverão atacar: se na de homem independente ou de um jovem atraente apaixonado e precisando de ajuda, como o que ocorreu em Goiânia
Em poucos dias, o golpista se torna tudo aquilo que a vítima idealizou. Quem de nós estaria imune de um golpe se sob a lente de um profissional? Associado ao fato é de que, principalmente em nível internacional, existem quadrilhas especializadas em criar personagens com impressionante riqueza de detalhes e verificações de informações. Não estamos falando de amadores, mas sim de mentes criminosas preparadas para elaborar e dar veracidade aos golpes.
Aliemos a isso o fato de a internet, pela velocidade da fala e falsa ideia de aproximação em tempo real leva a uma ideia de intimidade. Se estamos carentes desse tipo de contato, melhor se atentar. Nos precavermos de golpes, não é simples, está mais ligado ao preparo emocional, à autoestima do que exatamente ao conhecimento dos mesmos.
Devemos nos fortalecer como pessoas antes de procurarmos o virtual. Entender nossas carências, nosso momento vivido, fechar feridas. E uma vez lá devemos estar sempre atentos. Mantenha no virtual as mesmas cautelas vivenciadas no real. Se adotar critérios – de autoconhecimento e segurança prática – a internet poderá ser a maravilha que se propõe: uma ferramenta de aproximação não antes vista. Capaz de encurtar distâncias, quebrar castas e fazer o amor acontecer verdadeiramente para muitas pessoas, independente do sexo ou idade.
(Maris Eliana Dietz é psicóloga, coach em relacionamentos, uma das autoras do blog Bem Me quer Mal Me Quer e de livro sobre o tema relacionamentos virtuais)