A culpa é do governo estadual
Diário da Manhã
Publicado em 13 de outubro de 2018 às 01:00 | Atualizado há 7 anos
Antes de tudo, para se ter uma compreensão adequada do problema, é preciso saber que que o Sistema Único de Saúde – SUS, é tripartite; Estão envolvidos União, Estados e Municípios, interagindo operacional e administrativamente no sentido de atender a todo cidadão, indistintamente. Se as partes envolvidas não cumprem suas obrigações, o sistema começa a falhar.
Segundo Paulo Daher, existem mais de 5 milhões de cartões do SUS em Goiânia. A capital do Estado, mais as cidades adjacentes, não possuem juntas mais do que 1,5 milhão de habitantes. Como apareceram todos esses cartões?
O vereador explica que a causa imediata disso é a vinda de pessoas do interior para se tratarem em Goiânia. Ele diz que até municípios de outros estados possuem uma “casa de apoio” em Goiânia, Essas “casas de apoio”, instituídas pelas prefeituras de todo o Estado, albergam pessoas do interior e as encaminham para as unidades do SUS.
“Nós temos pacientes de hemodiálise que viajam 600 quilômetros, três vezes por semana, para virem se tratar em Goiânia, porque não existe salas de hemodiálise na região delas”, revela o vereador, que também é médico.
PRESSÃO DE FORA
Essa demanda por serviços médicos pressiona dramaticamente a rede hospitalar e ambulatorial goianiense, que não foi dimensionada para atendê-la. Daher afirma que o governo estadual não construiu hospitais regionais. Não construiu sequer os chamados “complexos regulatórios”, que deveriam existir em número de 16 em todo o Estado, mas que são apenas 3, um em Anápolis, um em Aparecida de Goiânia, e outro em Rio Verde.
O governador José Eliton criou o 3° Turno, nos hospitais estaduais. Mas, segundo Daher, não funcionou. Este 3° turno deveria servir para realizar cirurgias eletivas, cuja frila de espera vai a 55 mil pacientes. Nenhuma dessas cirurgias foi efetuada, diz o vereador. E os médicos não foram pagos, afirma Daher.
Outro problema, segundo Paulo Daher, é que o Estado não aplicou em saúde os 12% das receitas líquidas, conforme determina a Constituição. Acresça-se a isso a seletividade e o caráter excludente das unidades administradas pelas OSs. “O Hugo, cuja capacidade de tendimento é de 900 pacientes por dia, está atendendo a apenas 100. O Hugol está operando com 70% de sua capacidade ociosa, e atende a apenas 80 pacientes por dia.
Tudo isso foi apurado pela CEI, perante a qual até mesmo o então governador Maconi Perillo prestou depoimento. O relatório aponta um quadro de total desorganização do setor estadual, e isto afeta de forma dramática o setor municipal.
A solução, segundo Paulo Daher, é a construção imedidata de hospitais estaduais nos principais polos regionais. Hospitais também chamados de “policlínicas”, ou seja, aparelhados para tender todo tipo de demanda por tratamento, de realizar cirurgias complexas, fornecer tratamento de hemodiálise para deficientes renais etc. Isso aliviaria a pressão intensa sobre a rede instalada em Goiânia, que, assim, sem esta pressão, poderia até mesmo melhorar a qualidade do atendimento.
“O governador eleito Ronaldo Caiado já anunciou que vai instalar essas policlínicas, que é uma antiga sugestão nossa. Temos certeza de que ele, como médico que é, como estadista que compreende a fundo a problemática da saúde pública, vai atuar intensamente para corrigir estas falhas, não só construindo as policlínicas e os complexos reguladores, mas, também, aplicando judiciosamente as verbas vinculadas da Saúde”, afirma o vereador.
Nós temos pacientes de hemodiálise que viajam 600 quilômetros, três vezes por semana, para virem se tratar em Goiânia, porque não existe salas de hemodiálise na região delas”