Deslizamentos e Alagamentos estão chegando proporcionados por Chuvas Torrenciais
Diário da Manhã
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 23:59 | Atualizado há 7 anos
A relação do homem com a natureza ao longo da história evoluiu de uma total submissão e aceitação fatalista dos fenômenos da natureza, a uma visão equivocada de dominação pela tecnologia e por outras conquistas antrópicas. As inundações que ultrapassaram e romperam diques e barragens em New Orleans, por exemplo, por ocasião do Furacão Katrina em 2005 nos Estados Unidos e o Terremoto de Kobe no Japão em 1995 que fatalmente gerou milhares de vítimas, são exemplos que demonstram que muitas vezes estes fenômenos naturais surpreendem até mesmo as Nações mais bem preparadas e equipadas para enfrenta – lós. Obviamente, os avanços tecnológicos permitem hoje que a humanidade enfrente melhor os perigos decorrentes destes fenômenos, mas mesmo assim, os fenômenos recorrentes são assustadoramente avassaladores. Assim, esta publicação visa destacar, que para a efetiva prevenção dos fenômenos naturais, as leis da Natureza devem ser fundalmentamente respeitadas; ou seja, estes fenômenos devem ser cabalmente e integralmente bem conhecidos quanto à sua ocorrência, mecanismos e medidas de prevenção.
O Brasil é atualmente o sexto país do mundo que mais sofre com catástrofes climáticas, segundo a Organização das Naçôes Unidas (ONU). Embora a seca seja o desastre natural mais comum por aqui, as inundações são as mais devastadoras, por que geralmente vem acompanhadas por deslizamentos de terra, enxurradas e vendavais. A prevenção de desastres ainda é um gargalo no Brasil, mas o país vem avançando progressivamente. Hoje somente 10% dos Municípios possuem Plano de Defesa Civil. A prevenção leva em consideração a recorrência dos desastres e a ocupação indevida de locais de risco; o pior problema de todos. Os desastres não são novos, aconteceram no passado, estão acontecendo no presente e vão acontecer no futuro. Hoje as tragédias são maiores porque uma chuva muito intensa vai atingir áreas que jamais deveriam ser ocupadas pela população.
O viés da prevenção é imprescindível por que a tendência é que as catástrofes ambientais aumentem daqui pra frente. O Aquecimento Global podem em muito aumentar catastroficamente o “El Nino”. Quase todos os modelos estudados convergem para o aumento de temperatura, o que vai causar o aumento da evaporação da água; e consequentemente apontam para o aumento de precipitação (chuvas). Se a gente já tem visto esses desastres com as chuvas que estão ocorrendo hoje, imagina se houve aumento da Precipitação? No grande acidente ocorrido em Petrópolis (RJ) em 1988 que resultou em 171 mortes, verificaram-se que mais de 90% dos escorregamentos foram induzidos pela ocupação desordenada das encostas do município. Como visto anteriormente, o crescimento da ocupação desordenada em áreas de encostas tem levado a um progressivo aumento no número de acidentes associados a escorregamentos, muitas vezes mostrando consequências de dimensões catastróficas. Evitar que estes processos ocorram, foge da capacidade humana; no entanto, se forem adotadas medidas preventivas adequadas, seus danos ambientais e humanos podem ser evitados ou áte minimizados.
Usualmente as medidas preventivas são agrupadas em dois tipos: estruturais e não estruturais. As medidas estruturais envolvem obras de engenharia; em geral de alto custo, tais como obras de contenção de taludes, implantação de sistemas de drenagem e reurbanização de áreas, dentre outras; quanto às medidas não estruturais, estas se referem às ações de políticas públicas voltadas ao Planejamento do Uso do Solo e ao gerenciamento efetivo tais, como o Zoneamento Geoambiental, Planos Preventivos da Defesa Civil e Educação Ambiental. Entretanto, além destas devem se observado outras medidas necessárias que podem ser adotadas, tanto pelos moradores, quanto pelas equipes da Defesa Civil, basta as autoridades competentes usarem do bom senso e se adaptarem técnica e estruturalmente para tal. O Estado de Goiás não foge à regra. Diversas ocorrências torrenciais com consequências fatais são visualizadas neste fatídico período no decorrer de todo o estado. Nossas autoridades Municipais e Estaduais estão preparadas para suportar consequências tão nefastas e recorrentes? Acho que não!!
(João José de Sousa Jr. Geólogo da Amazônia , Comendador do Araguaia, Articulista e Cronista Voluntário do Diário da Manhã; E – mail: jjsjconsultoria@hotmail.com. Zap.99226-1789)