A difícil arte de escolher
Redação DM
Publicado em 17 de setembro de 2018 às 22:43 | Atualizado há 7 anos
Já pensou se fosse fácil escolher um governante? A vida estaria um mar de rosas. Sim, porque só pela cara escolheríamos o melhor. E não é que a cada eleição cometemos a mesma asneira de ir pela cara do candidato, e damos com os burros n’água? Não aprendemos.
A emblemática eleição de 1989 é o paradigma que me leva à triste constatação de que não evoluímos no quesito escolha eleitoral. O sujeito eleito, Collor de Mello, tinha cara (de pau, diga-se de passagem), prometia mundos e fundos, dentre eles, ia caçar os marajás, segundo ele, os aquinhoados enriquecidos nas tetas do governo. Emocionou a plateia. Deu no que deu! Pior: embora derrubado do poder, fez escola e, depois dele, aí que a corrupção ganhou sustância.
A paralisia administrativa estatal, em boa parte, decorre do travamento que a Constituição de 1988 normatizou. Ela deu um nó nos recursos oriundos dos tributos ao carimbar praticamente tudo que é arrecadado já destinando para onde vai cada tostão. Ou seja, o dinheiro tem destino próprio.
Dito isso, nada do que os candidatos prometem é factível. Das duas, uma: ou são mentirosos ou não leram uma vírgula da Constituição. Tem candidato que consegue ser os dois ao mesmo tempo.
Vou colocar mais gosto ruim na sopa rala que 208 milhões de brasileiros têm como alimento: o próximo presidente terá um orçamento sem margem para fomentar o que quer que seja. Obras, empregos…? – nem vou mais adiante.
Sabe aquela dolorosa imagem do incêndio do Museu Nacional? Lamento dizer que é o que vejo na foto mais recente do Brasil.
(Iram Saraiva, ministro emérito do Tribunal de Contas da União)