Dr. Henrique José de Sá e o Club Literário 5 de Setembro
Redação
Publicado em 1 de setembro de 2018 às 22:36 | Atualizado há 4 meses
Escrevendo a biografia do ex-presidente do Tribunal de Justiça Estado de Goiás, Joaquim Henrique de Sá, lançando em minha amada “Piri”, em 2014 – terra do meu biografado e, agora, minha também, depois de ser honrado com o título de Cidadão Pirenopolino e de me tornar membro da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música – deparei entre os seus preciosos guardados genealógicos, a histórica informação literária, até então desconhecida oficialmente que trata da constituição na cidade, do Club Literário 5 de Setembro, fundado em 1º de junho de 1890, presidido pelo tio paterno do meu biografado, Dr. Henrique José de Sá.
Se Pirenópolis nos deu o primeiro jornal editado em Goiás (Matutina Meia-Pontense – 1830), um dos primeiros a circular no País, também nos deu os primeiros versos, em 1811, produzidos por um poeta legitimamente goiano, natural de Traíras, atual Niquelândia, de nome Florêncio Antônio da Fonseca Grostom, composição poética em homenagem ao comendador Joaquim Alves de Oliveira. Ainda, nos deu a segunda entidade de natureza literária criada em Goiás, batizada com o nome Club Literário 5 de Setembro, apenas precedida pelo Gabinete Literário Goiano, fundado na Cidade de Goiás, em 10 de abril de1864.
A ideia da criação do Club Literário 5 de Setembro, segundo a ata da sua fundação, surgiu da iniciativa dos alunos do Colégio Ateneu Meiapontense, instituição de ensino fundada, justamente, a 5 de setembro de 1988, pelo engenheiro civil, Vicente da Silva Batista, presente à reunião, sendo ele, também, diretor e professor do Colégio. Daí, a razão do nome Club Literário 5 de Setembro, fundado, em 1º de junho de 1890, nas dependências do Paço da Intendência Municipal.
Para existir, o Club Literário 5 de Setembro contou com a decisiva atuação do Dr. Henrique José de Sá. Ele foi o redator da ata da sua criação, primeiro secretário geral e segundo presidente. A ata de fundação dessa histórica agremiação literária traz a histórica assinatura de Oscar Leal, um dos mais importantes viajantes do século XIX, que passou por Goiás. Natural do Rio de Janeiro (1862), estudou em Funchal, Portugal, onde se formou em Odontologia. Era membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. A sua experiência de viajador pelo chão goiano resultou na publicação do livro Viagens às Terras Goyanas – Brasil Central – editado em Lisboa, em 1892.
Na ata de fundação do “Club”, consta a sugestão de Oscar Leal, vencida em votação, para que a entidade literária passasse a ser denominada “Club Literário Vicente Batista”, homenageando, dessa forma, o fundador do Colégio Ateneu, sugestão rejeitada pela maioria dos presentes. Gesto que mostra que Oscar Leal teve participação direta na reunião, que a sua presença não foi figurativa. Ele, ainda participou da reunião seguinte do “Club”, quando foram discutidos e aprovados os estatutos da Entidade, tomando parte ativamente na elaboração estatutária.
Tendo como primeiro presidente do “Club”, Pedro de Souza Ferreira, aluno do Colégio Ateneu de Pirenópolis, com um quadro associativo de membros efetivos, honorários e beneméritos, a agremiação literária não teve vida longa: sobreviveu, de 1º de junho de 1890 a 13 de dezembro de 1891. Nesse período, foram realizadas 13 reuniões, sempre tendo como local o Paço da Intendência Municipal, onde, a cada reunião, um membro palestrava, sobre certo assunto, previamente escolhido e quase sempre envolvendo peculiaridades da língua portuguesa. Era também propósito do “Club” a aquisição de livros e jornais, para que esse acervo ficasse disponível, de empréstimo, aos seus sócios. No entanto, a leitura que promovi das atas de fundação mostra que esse intento não fora alcançado.
Na reunião realizada em 8 de fevereiro de 1891, a ata registrou que, em razão da mudança do presidente-fundador, Pedro de Souza Ferreira, para a cidade de São Paulo, assumiria, a partir dessa data, a presidência da Entidade, Dr. Henrique José de Sá, em cumprimento às determinações estatutárias.