Vinhos elegantes e pessoas elegantes
Diário da Manhã
Publicado em 26 de setembro de 2018 às 23:49 | Atualizado há 4 meses
Existem pessoas elegantes na essência. Geralmente são discretas, clássicas, ponderadas e extremamente enigmáticas. Para mim, a princesa Diana até hoje é o ícone da elegância, não somente pelas roupas que vestia, mas pelo conjunto da obra. Gloria Kalil também se enquadra no time das elegantes: dona de uma postura impecável, fala baixo, ri com moderação, posiciona-se com leveza e força ao mesmo tempo, entre outras características intrínsecas a sua personalidade. Segundo ela, “menos é mais”, optando sempre por poucas e eternas peças, mas de uma postura impecável.
O Aurélio ensina que elegância é um substantivo feminino e significa “graça”, distinção nas formas, nas maneiras, nos trajes: elegância de porte, de vestes; apresentar-se com elegância; arte de escolher as palavras: falar, escrever com elegância; elegância de estilo. A estilista Karin Matheus, recentemente, lançou sua coleção sobre sustentabilidade e adiciona outro substantivo à definição da palavra. “Para mim, a elegância é uma questão de simplicidade. Tem a ver com discrição e até com educação. A pessoa não resolve ficar elegante. Ela é ou não”, ensina Karin.
No mundo do vinho, a palavra elegância está mais do que na moda. Tente conversar com um enólogo ou sommelier sobre vinhos que o sujeito produz e a resposta será repetida, quase como um mantra: “Meu sonho é fazer vinhos elegantes.” No mundo do vinho, a busca pela elegância é o cálice sagrado por 10 entre 10 enólogos do mundo afora.
O QUE É ELEGÂNCIA?
Como definir a elegância nos vinhos? Se há uma região onde a maior parte dos vinhos carrega no DNA a tão decantada elegância é a Borgonha, na França. Eles fazem vinhos finos e discretos do que, por exemplo, em Bordeaux, onde você pode encontrar mais fruta e até vinhos mais expressivos, mas que, no fundo, talvez sejam vinhos que queiram apenas “se exibir”. Talvez dos vinhos finos e discrição nasça a elegância dos produtos da Borgonha.
Existe hoje duas vertentes na produção do vinho. O consumidor que bebe qualquer vinho e não sabe nem sentir o que uma taça pode proporcionar em seu paladar e nem perceber o néctar da poesia da vida sua riqueza aromática. Sentir os taninos maduros sem precisar de exibicionismo e que refletem melhor o terroir. Conheci algumas pessoas que preferem vinhos mais diretos, sem estilo, sem elegância e sem comprometimento com a delicadeza do sentir. Algo profundo e sutil com a sua essência. Enquanto outros têm uma elegância nata, têm paladar mais fino, que bebem cada gole abraçando a vida com paixão, que provam o vinho em seu silêncio da alma, esses sim, buscam vinhos mais discretos, sutis, enfim, elegantes.
Sou como vinho, discreta, fina, verdadeira. Direciono minha vida com ética, elegância e, sem falsa modéstia, com encanto. Sempre vesti e provei um vinho respeitando a personalidade do compartilhar. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante e não verdadeira. Procuro agir francamente. Gosto de falar gentilmente, esperar pelo momento certo, a não me apressar e, em uma palavra, deixar o meu espiritual, não solicitado e inconsciente, crescer além do comum – esta é a minha elegância.
Não adianta estar magnífica se a sua essência não estiver ornando com o lado de fora. Com certeza a sua naturalidade se perderá completamente. No vinho, os enólogos buscam a elegância em seus vinhos em tempo integral. Vinhos com mais extração, muito perfume falsificado, estão totalmente fora de moda. Um vinho elegante vem vestido com a tipicidade do terroir em que produzem o vinho.
Por isso é tão importante nos reconhecermos, identificarmos nossa postura, jeito de falar, como lidamos com situações complicadas, e estilo mesmo, traduzindo em forma de roupa quem somos, sem precisar dizer nada, ser simples e se vestir com sorriso sincero. Nos vinhos, a elegância está nos naturais. Eles, com certeza, estão ditando tendências. E os consumidores elegantes querem o menos possível a manipulação nos vinhos que degustam, o que, naturalmente, acaba levando a vinhos elegantes.
UMA ELEGÂNCIA SOFISTICADA
A verdade é que ninguém é elegante por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro importado que vale alguns apartamentos.
Acredito que o que faz uma pessoa chique não é o que ela tem, mas a forma como se comporta perante a vida. Acho chiquérrimo quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas (preciso me policiar), nem por seus imensos decotes mostrando os seios turbinados. Às vezes o volume é tão grande, que parece balão inflado e nada fica muito elegante. Tenho pavor de quem conta vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Sempre achei que ser elegante é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio. Não fazer insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta. Se estiver dirigindo, sempre parar na faixa e dar passagem ao pedestre e evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Quando estiver em sua casa ou restaurante ao lado de alguém elegante, não abra vinhos diluídos, leves demais. Abra um vinho complexo, que mostra equilíbrio especial, com frescor, boa acidez, mineralidade, corpo e volume e madeira sem exagero para não esconder outras características. O mercado vive de tendências e modas. Pessoas que mentem, que não cumprem sua palavra e têm postura fora de moda, corre. A tendência agora é encontrar pessoas mais elegantes, que falam baixo, sinceras, equilibradas. Assim como o vinho, elegante, com equilíbrio. Fuja de vinhos e pessoas bouchonée.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios. É não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite! Mas o que torna uma pessoa altamente elegante, antes de tudo, é se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não te faça bem. Gente bem educada é gente bem educada. Para mim, a elegância está ligada ao comportamento e não à roupa que se veste. O traje é muito importante, mas é a maneira de se apresentar que diz quem a pessoa é. Tem muita gente rica, mal vestida e deselegante.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas. Com certeza, a roupa é como uma segunda pele. Por isso, a pessoa precisa se encontrar e descobrir de fato quem ela é. A roupa é a extensão do pensamento. Nunca copie, seja você sempre.
A elegância pouco tem relação com aparência, porque o termo significa “apuro do porte e das maneiras”. Por isso, tem muito mais a ver com aprimoramento pessoal do que com aparência, em fazer evoluir sua cota pessoal de engenho e inventividade para estar no mundo.
Procuram-se vinhos com caráter, nos quais se desejam corpo e volume, mas conjugados com elegância e fineza, de forma que o consumidor possa optar por bebê-los ralos sem expressão, sem caráter, sem verdade, ou mais complexos com evolução de caráter e amor pela vida e a terra onde a uva é plantada. Lembre-se: a elegância já vem do berço. No caso dos vinhos, é no vinhedo que você a define. No caso das pessoas é na educação que ela define.
AS MAIORES TENDÊNCIAS DO VERÃO 2018
Misturei tendências da temporada de verão internacional que ainda estão acontecendo. Das coleções Resort e do street style para reunir algumas ideias que andam fazendo meu coração bater mais forte. Separei algumas apostas que conversam entre si e que podem – e devem – ser adaptadas ao estilo de cada um. Acredito em peças que vão durar muito mais do que uma estação e que, provavelmente, você já tem no seu armário.
Como não amar uma peça que consegue resolver o look por si só? Acessórios são sempre bem-vindos, mas o vestido que tem carinha de trench coat é muito elegante sozinho.
O amarelo também promete aparecer bastante, mas o poder do vermelho nos conquistou por aqui. E ainda dá para combiná-lo ao rosa e atualizar todas aquelas peças pink millennial que você andou comprando.
As listras surgem como look total, em vestido sou conjuntinhos, e em sua versão mais extravagante. São estampas grossas e de cores bem fortes.
VINHOS
Kosher
Kosher significa “adequado”, ou “apto”, em hebraico. Uma preocupação central é que o vinho consumido por judeus não pode ser produzido com o intuito de idolatria. Os vinhos Kosher são elaborados de acordo com alguns critérios, respeitando as regras determinadas pelo Kashrut, o conjunto das leis judaicas relativas à alimentação. Somente videiras com mais de quatro anos de idade podem ser usadas na produção de vinhos Kosher. As vinhas devem descansar a cada sete anos, exceto se o vinhedo tiver mudado de proprietário, o que faria “zerar a contagem”. As cepas devem crescer sem intervenções. Admitem-se somente adubos orgânicos, desde que utilizados até um limite de dois meses antes da colheita. Os vinhos só podem ser engarrafados em garrafas novas, produzidas sob supervisão. De acordo com os preceitos judaicos, é necessário conhecer profundamente os fornecedores de cada insumo da indústria alimentícia, sabendo quem os produz, de que maneira, e com quais matérias-primas. Por fim, a renda obtida pela comercialização de vinhos Kosher deve ter 1% de seu resultado financeiro revertido em prol da caridade. Ah, importante ressaltar: não há restrição para que qualquer pessoa possa tomar esse vinho, mesmo que não seja judia!
A minha dica para quem quer provar um vinho Kosher é a Hermon Height, que tem 30 anos de idade e fica localizada na fronteira com a Jordânia. Na taça o aroma é de fruta silvestre, notas de ervas como sálvia e tomilho. Na boca é macio, tem taninos maduros, corpo bem integrado mais leve. Um bom vinho para quem gosta dos Côtes du Rhône levinhos e frutados.