Auge de mentiras na internet
Diário da Manhã
Publicado em 22 de outubro de 2016 às 01:41 | Atualizado há 4 mesesSão inúmeras as publicações mentirosas circulando pela internet. Informações são compartilhadas em grande massa numa variação de tempo muito pequena. As mentiras sempre existiram e a divulgação delas pode ter consequências drásticas, e em casos extremos originar ações violentas e processos.
Para o pesquisador Márcio Moretto Ribeiro, a popularidade das mentiras tem a ver com a maturidade dos usuários das redes sociais. “Parte considerável dos brasileiros entrou na era digital muito recentemente com a popularização dos aparelhos celulares. É de se esperar que com o tempo, conforme as pessoas se acostumem com as plataformas e conforme o debate em torno delas amadureça, elas se relacionem com essas ferramentas de maneira mais crítica e menos ingênua”, comenta.
Para o consultor de mídias sociais Edney Souza, boa parte das publicações é inventada por pessoas sem o bom senso na tentativa de ludibriar o usuário das redes sociais. “A recomendação é que antes de compartilhar qualquer informação, quando possível, seja verificada a sua veracidade. Não é porque está publicado em blogs, sites, redes sociais, ou compartilhado em grupos do aplicativo WhatsApp que necessariamente é verdade. Existe conteúdo informativo criado apenas para conquistar seguidores e acessos, e assim monetizar o site através de anúncios”, explica.
Segundo ele, existe uma tendência muito grande entre usuários das redes sociais de ler apenas os títulos e compartilhar as informações sem saber se de fato é verdade. “Nunca todo mundo dispôs de tantos meios para se comunicar. Todo mundo pode pegar um pedaço de informação e compartilhar à vontade e, por isso, os perigos são constantes”, enfatiza Edney Souza, consultor de mídias sociais. “Temos uma propagação sofisticada em uma sociedade que não apura e que tende a acreditar em qualquer informação que tem a estrutura de uma notícia tradicional”, afirma.
As redes sociais são arenas para divulgação de mentiras e, cada vez mais, onde usuários tendem a lançar conteúdos mentirosos em suas páginas. O efeito devastador de boatos é produto de profissionais da destruição de imagem e reputação, que contam com a ingenuidade, ou falta de senso crítico do internauta, especialmente dos usuários das redes sociais, para viralizar informações propositalmente maldosas e inverídicas.
O advogado e especialista em direito criminal Rodrigo Lustosa garante que “é crime compartilhar informações mentirosas na internet. É aplicável pena para casos de calúnia e difamação”. Segundo ele, o usuário da internet precisa estar atento à veracidade de qualquer informação e apurar a origem dela. “A pessoa precisa saber de onde vem a informação e a origem dela. É muita informação e pouca preocupação do internauta; busca-se mais a aparência e menos a essência”, ressalta o especialista.
Em junho de 2013, o jornalista Edgard Matsuki desenvolveu o Boatos.org. O site mostra que diversas informações curtidas pelos usuários da internet não passam de mentiras. É muita especulação circulando na rede. “Se a fonte da informação fosse checada, não teríamos o problema”, afirma. Para ele, a ânsia pela informação rápida tem gerado o compartilhamento de mentiras. Para evitar cair na onda de mentiras, o jornalista orienta que “a única forma de defesa é ser mais desconfiado e procurar sempre outras fontes e desconfiar sempre”, afirma o consultor de mídias sociais.
Em caso de ser ludibriado por informações mentirosas, a vítima poderá procurar por medidas jurídicas. “Do ponto de vista de quem é vítima, é importante que compareça a um tabelionato de notas. Lá ele poderá solicitar o documento chamado como Ata Notarial, isto é, uma certificação sobre o conteúdo existente em determinado endereço eletrônico. Para que depois, se for excluído o conteúdo informativo, a pessoa tenha a prova de foi vítima de uma mentira”, explica Rodrigo Lustosa, especialista em direito criminal.