Cotidiano

Política e religião

Redação DM

Publicado em 29 de setembro de 2016 às 02:26 | Atualizado há 9 anos

  • Ex-padre diz que os cristãos devem se envolver mais na política para uma sociedade mais justa

Ex-padre goiano de 74 anos lança livro que mostra como os cristãos podem e devem se envolver na política de maneira saudável. O escritor fez o lançamento do livro Política, dever do Cristão nessa quarta-feira (28), às 20 horas, no Setor Aeroporto.

Ele é contra a cobrança de dízimos. “Quando eu resolvi escrever esse livro, minha intenção era comentar uma frase do papa Francisco que diz que todo cristão é responsável pela política”, comenta Gil Barreto.

De família religiosa, Gil Barreto foi educado na religião católica desde a infância. Desde criança ele ia a seminários na Vila São José, em Goiânia, em 1952. Entrou para o seminário com 9 anos de idade em Goiânia, depois deu continuidade a sua fé com o seminário maior em São Paulo, teologia e filosofia. Em seguida, ele trabalhou como padre por 13 anos, a maior parte desse trabalho como padre no Estado de Minas Gerais. Durante sua longa trajetória como padre da Igreja Católica, Gil Barreto percebeu que algumas questões dentro da igreja poderiam ser questionadas, uma delas é o celibato. “Por coerência, eu senti que eu deveria me casar. Então eu pedi a dispensa do Vaticano e consegui através do papa e há 35 anos atrás eu me casei”, revela.

Hoje pai de dois filhos, Gil Barreto tem dois netos e, segundo suas palavras, vive muito feliz. “Religiosamente, eu mantenho o meu compromisso com Deus, eu abandonei a batina, mas não abandonei a fé. Até hoje a gente percebe que o celibato foi uma imposição da igreja há muito tempo, foi instituído de um tempo para cá como obrigatório, para aqueles que estão dedicados direto ao seu ministério. O argumento usado pela igreja seria a doação total a Deus e à Igreja. Mas não é coerente, a família faz parte. Deus criou o homem e a mulher, ele constituiu a família, e ela é algo importante na sociedade e na religião. Acredito que deveria ser repensado essa questão”, alerta.

O escritor levanta a bola para que os cristão se envolva mais com as questões políticas do País. Ele explica que o cidadão cristão deve se ocupar de política não somente como candidato, mas também com um voto consciente para fazer uma sociedade mais saudável, respeitada e justa. Ele explica ainda que ao contrário dos cristãos protestantes, os católicos se envolvem pouco na política e que deveriam se atentar mais para essa área, mas também devem tomar cuidado com a ética da Igreja. “O católico tem pouco envolvimento na política, ele não se envolve como os protestantes. Nós chamamos a atenção justamente por causa disso, seria importante se o católico tivesse sua participação direta na questão política”, revela.

O livro descreve as questões políticas descritas na Bíblia e as autoridades e reconhecimento mundial que o alto clero e os papas mantêm. No livro há relatos e trechos de frases e pensamentos de diversos papas que vão desde o papa Leão 13 até o atual, papa Francisco. Entre as responsabilidades dos cristãos para com a sociedade, segundo o livro, estão as questões sociais e a justiça. “Infelizmente, a política está tão denegrida, mas a vocação cristã devia ser uma forma preciosa de fazer com que essa política seja mais humana, mais respeitosa para a sociedade e mais cheia de justiça. Um candidato católico deveria ser coerente com esses princípios cristãos que estão na Bíblia. Quando Jesus viu os mercantes corruptos no templo de Deus, ele os expulsou”, compara.

Esse é o oitavo livro do ex-padre, que também foi professor na Universidade Católica de Goiás. O professor vê no papa Francisco a possibilidade de abertura para temas polêmicos e inflexíveis que estão na igreja há séculos. Gil lembra que o atual papa vê a possibilidade de aceitar o segundo casamento, também sobre o respeito que os católicos devem ter com os homosexuais. “Eu concordo com o papa, devemos aceitá-los, não podemos ser inimigos deles”, concorda.

Gil tem convicção de que seu livro servirá como uma evangelização, mas ele não aborda em momento algum a política partidária. Na introdução do livro ele diz que uma coisa é a política e a outra é o partidarismo.

 


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