Opinião

Retirante

Diário da Manhã

Publicado em 16 de setembro de 2016 às 02:18 | Atualizado há 9 anos

A natureza agredida resiste o Umbuzeiro

O clamor da vida e a beleza do Juazeiro

Onde está a água meu Deus bondoso?

Que esturricou o açude e o rio caudaloso,

Aumentando o sofrimento de seu povo

Deixando-os em pele e osso…

 

O vaqueiro e a terra arrasada

A resistência e a cultura da vaquejada

Meu sertão abrasivo, em chamas

Ainda temos um fio de esperança

A cada momento nasce uma criança

Fazendo-nos acreditar na vida, na bonança!

 

A caatinga e a agonia do bioma

Desmatamento histórico e a seca como herança

Minha força, minha sede, nos mantém de pé

Uma região esquecida, mais um povo de fé

Esperança em Deus e em “meu Padim, padi Ciço”, forte

Nordeste de luta, meu Juazeiro do Norte!

 

A morte que insiste no sertão

Mãos calejadas e grandeza da tradição

Cultura nordestina, orgulho, Patativa do Assaré

Cordel, Xaxado, Baião, Acarajé

“Auto da Compadecida”, Ariano Suassuna

A poesia da seca, “Morte e vida Severina”

 

A brava luta do picui, chupa dente, ameaça

Ararinha azul, tatu-bola, queixada

A asa branca bateu asas e foi-se embora…

Foi quem sabe, para junto de Nossa Senhora

Interpelar por nós a toda hora

Para que mande as chuvas ao romper da aurora.

 

Um campo santo em cada quintal

Fome, miséria e a riqueza do sisal

Asa Branca saiu em revoada sobre a terra petrificada.

E levando consigo, nosso irmão Luiz Gonzaga

Que juntos nos aguardam em meio às cascatas,

Onde um dia, faremos nossa última morada!

 

(Marcos Manoel Ferreira, professor, pedagogo, historiador, escritor. Pós-graduando em Docência do Ensino Superior. [email protected])

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