Qual a temperatura ideal para servir um vinho?
Diário da Manhã
Publicado em 15 de setembro de 2016 às 22:54 | Atualizado há 4 mesesTenho prazer em abrir um bom vinho sozinha e assistir a um filme ou me aventurar nas minhas caçarolas para elaborar massa caseira ou fazer meu famoso pão de queijo com provolone em lascas crocantes. Claro que um dos maiores prazeres que o vinho oferece é o de poder ser compartilhado. Quando recebo meus amigos, gosto da “ordem de servir”, isso faz toda a diferença entre a mera satisfação e o verdadeiro desfrute. Não é afetação alguma, é simplesmente uma questão de tirar o melhor proveito de algo bom, servir mais do que apenas um vinho na mais informal reunião com amigos para um jantar.
Um vinho jovem servido primeiro tende a exibir as qualidades de um mais velho; em geral, um vinho branco é bom para introduzir um tinto; um vinho leve, um poderoso; um vinho seco, um doce. Porém, muitas dessas combinações, se executadas de forma contrária, podem ser ruins para o segundo. Da mesma forma que um vinho fantástico coloca na sombra um outro menor servido em seguida, também um vinho branco seco servido após um tinto pode perder muito de seu encanto.
Em um almoço leve, uma taça ou duas por pessoa pode ser suficiente, enquanto em um jantar longo, cinco ou seis podem não ser muito. O que envolve é o clima da refeição e, acima de tudo, seu tempo de duração são os fatores decisivos. Há uma regra para o anfitrião: seja generoso, porém nunca insistente, e assegure-se também de servir uma boa quantidade de água. Ela é indicada para acompanhar o vinho porque o álcool tem ação diurética, provocando uma leve desidratação no corpo; assim, tomando água enquanto aprecia a bebida, você evita essa ação, hidratando-se. Outra justificativa muito importante para a presença da água é a sua capacidade de “limpar” o paladar entre um vinho e outro, fazendo com que a percepção dos elementos (sabor, tanino e acidez) seja mais apurada.
Se o número de admiradores de vinho à mesa exigir mais do que uma garrafa para cada prato, considere servir dois vinhos ligeiramente diferentes juntos. Talvez safras diversas do mesmo vinho-produtor ou da mesma uva, porém de outra procedência. Nada faz mais diferença para o desfrute do vinho que a sua temperatura. É possível tanto favorecer quanto subestimar o vinho ao manipular a sua temperatura na hora de servi-lo, e fica muito fácil transformar um vinho fino em um sabor tosco quando se erra a temperatura. O Clarete (é uma especialidade de Bourdeaux, tem cor rosa-escura, é frutado e fácil de beber) extremamente frio e os Rieslings mornos ficam insuportáveis de beber porque nem de longe conseguem mostrar seu sabor. E há diversas boas razões para isso.
Nosso olfato (maior parte de nossa capacidade gustativa) é suscetível somente a vapores. Em geral, o vinho tinto tem um peso molecular maior e, sendo assim, menos volátil ou aromático do que o branco. O objetivo de servir o vinho tinto em temperatura ambiente é aquecê-lo a ponto de causar a evaporação de seus elementos aromáticos. Essa temperatura é progressivamente mais alta para vinhos mais sólidos e encorpados. Um vinho tinto leve e aromático tal como o Beaujolais ou um Pinot Noir de clima frio pode ser tratado como um vinho branco; mesmo frio, sua volatilidade é quase irresistível. Por outro lado, um grande vinho tinto como o Brunello ou um Shirraz pode precisar do calor ambiente, para volatizar seus complexos aromas.
Um vinho tinto tânico jovem em temperatura ambiente, mais suave, mais generoso e mais envolvente será seu sabor. A ilusão de maturidade pode ser criada para um Cabernet jovem ou um Bordeaux tinto, por exemplo, ao servi-lo sabiamente um pouco mais para quente, o que aumentará seu sabor aparente e diminuirá sua adstringência. O Pinot Noir ou o Borgonha tinto, no entanto, tendem a concentrar um menor teor de taninos e a ser mais naturalmente aromáticos. Isto explica a antiga tradição. Isto explica a antiga tradição de servir um Borgonha tinto mais frio do que um Bordeaux tinto, quase diretamente da adega.
Vinhos doces sempre servi-los gelados, mesmo se, ao fazê-lo, alguns de seus sabores possam ser mascarados. Para que isto não ocorra, deixe-os esquentar levemente ao bebê-los: o processo parece liberar todo o seu aroma e buquê. Os vinhos brancos cuja acidez necessita ser enfatizada, seja por concentrarem alto teor de açúcar, seja por serem envelhecidos, ou ainda por procederem de climas quentes, podem ganhar mais vida se forem servidos especialmente frios.
É mais fácil servir vinho branco na temperatura correta do que um tinto, uma vez que o branco pode ser colocado no refrigerador. Porém, a forma mais rápida de esfriar uma garrafa é colocá-la em um balde de gelo e água. Em um ambiente muito quente (especialmente um jardim com piscina), é preciso manter a garrafa em um balde enquanto o vinho não é servido.
Persuadir um vinho tinto a alcançar a temperatura correta é mais difícil. Se o vinho começa na temperatura de adega, pode levar várias horas em um ambiente normal para subir 10 graus ou 12 graus. Se chegar a uma temperatura acima de 20 graus os tintos podem perder o equilíbrio; o álcool começa a evaporar e a produzir um aroma inebriante, o qual mascara a personalidade do vinho. Um pouco do sabor pode até ser perdido para sempre.
O balde de gelo podem ser necessários ao servir um vinho tinto em climas muito quentes como do Centro-Oeste. Em um restaurante, não hesite em pedi-lo se seu vinho houver sido servido muito quente. Você estará dando continuidade a uma longa e nobre tradição de conhecedor. Os vinhos são sensuais na temperatura do amor. Descubra qual vinho quer servir e temperar o seu relacionamento com o Termômetro do Amor.
Caçarolas da Semana e Vinhos
Empadinhas da Nenen
Após 30 anos trabalhando no Mercado Central de Goiânia, Nenen da empadinha abriu sua lanchonete na Av. 136, esq. c/ Rua 90, entre o Itaú e a casa lotérica. A casa oferece vários tipos de empadas: frango, camarão, palmito, bacalhau, carne de sol, frango com catupiry e os pastéis de bacalhau, carne com pequi, frango com guariroba, carne de sol com pequi, camarão, entre outros. Estive no local, meio corrida, e comprei algumas empadas para o lanche da tarde com minha mãe. Já conhecia as empadinhas de dona Nenen, mas este dia em especial queria saber se, depois de alguns anos sem provar as empadas, continuavam com o “padrão de qualidade”. Para minha surpresa, a textura, a cocção, os recheios, o sabor simples e gostoso ficaram na minha memória. Imaginei quanto tempo perdi sem provar as famosas empadas de dona Nenen? Gosto muito da empada de frango com guariroba, mas acho que deveria ter pedaços maiores do palmito do Cerrado para contrastar com o gosto amargo e um leve adocicado do molho. Um lugar para voltar sempre!!!
Quintal Food Park
É um lugar interessante, muito bacana, com boa música, food trucks, food bikes, com opções da gastronomia gourmet bem elaborada. O espaço fica no Setor Bueno, ao lado da Academia Atletics. A entrada no Quintal é gratuita. É uma verdadeira praça de alimentação ao ar livre. O Quintal vai funcionar de terça a domingo, das 16h às 23h. Bem planejado, o espaço tem tudo para ser um sucesso. O local conta com brinquedoteca, cantinho de relaxamento e ainda permite entrada de animais de estimação, o que amei.
Clos Erasmus
Tive a oportunidade de provar o extraordinário Clos Erasmus, que é um dos mais raros e disputados vinhos da Espanha. A minúscula produção é quase que inteiramente destinada ao mercado norte-americano, onde causa furor, com as diversas notas 100 que recebe constantemente de Robert Parker (é um verdadeiro mestre na arte de classificar vinhos, além de ser o pioneiro na área da avaliação das bebidas). O único problema do vinho é sua minúscula produção, que o torna quase impossível de ser achado. É um vinho realmente impressionante, que compete de igual para igual com os melhores vinhos de outros produtores. Este vinho é uma poesia que ficará para sempre na minha memória.