A cachoeira que foi salva
Diário da Manhã
Publicado em 9 de agosto de 2016 às 02:39 | Atualizado há 4 mesesSalto de Couto de Magalhães esteve ameaçado com a construção de usina hidrelétrica. Ibama negou licença para construir em 2011
A Cachoeira Couto de Magalhães resiste magnífica às ameaças que fazem ao rio Araguaia. Depois que as usinas hidrelétricas tiveram licença negada pelos órgãos ambientais, as tentativas de construir reservatórios no Araguaia cessaram, para comemoração de ambientalistas e ribeirinhos. A cachoeira fica no município de Alto Araguaia (MT) e na margem goiana fica o município de Santa Rita do Araguaia.
Em outubro de 2011, a Coordenação de Usinas Hidrelétricas e Transposições do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) teve seu parecer aprovado pela Diretoria de Licenciamento Ambiental, o que praticamente sepultou os projetos de construção de hidrelétricas no Araguaia. O parecer com 153 páginas analisou o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio Ambiente (Eia-Rima) e concluiu que a proposta de construção de hidrelétricas no rio Araguaia “não atende aos requisitos de viabilidade ambiental”.
Ainda em 2001 começaram os estudos visando construir usinas hidrelétricas no Araguaia, o que gerou fortes protestos de órgãos ambientais, estudiosos da biodiversidade e de populações ribeirinhas diretamente envolvidas na questão. Segundo o projeto dos empreendedores, a geração de energia naquela região possibilitaria a integração à malha dos sistemas de distribuição de energia elétrica Sul/Sudeste/Centro-Oeste sem construção de novas linhas de transmissão, o que deveria onerar mais a chegada de energia aos consumidores.
Entretanto, ponderaram os técnicos do Ibama, não havia viabilidade técnica para a construção das hidrelétricas, principalmente na Cachoeira Couto de Magalhães, porque seriam altamente negativos os impactos ambientais. As agressões à fauna e à flora seriam de grande monta, o que poderia provocar até mesmo a morte do rio.
Inundação
O projeto previa uma potência instalada de 150 megawatts, um reservatório que teria cerca de 20 quilômetros de comprimento e que inundaria 9,11 quilômetros quadrados, atingindo o rio Araguaia e o rio Babilônia. Antes da negativa do Ibama, o projeto teve anuência de outro órgão do governo. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dera anuência para prosseguimento dos estudos de viabilidade técnica da barragem na Cachoeira Couto de Magalhães.
O Eia-Rima ainda tentava amenizar os impactos ambientais argumentando que “seria menor o número de famílias e áreas atingidas e que o uso do solo afetado se destina basicamente a dar de beber a animais e que isto poderia continuar”.
Por ser de difícil acesso, a Cachoeira Couto de Magalhães ainda não sofre agressões constantes de turismo nem depredação. Mas as margens do Araguaia são agredidas pela falta de consciência de proprietários rurais que desmatam até perto da margem e em alguns pontos derrubam a mata ciliar até junto do rio. Autoridades ambientais dizem que não conseguem fiscalizar todo o rio Araguaia, principalmente nas regiões de acesso mais remoto, porque não dispõem de recursos de logística para isso.