Opinião

Plantas medicinais brasileiras, riqueza ameaçada

Diário da Manhã

Publicado em 16 de julho de 2016 às 02:57 | Atualizado há 9 anos

O Brasil é composto por seis biomas, cada um possui fauna e flora com características bem específicas. A vasta extensão territorial agrega uma diversidade biológica imensa, inclusive com espécies ainda não identificadas. Nossa vegetação varia de acordo com a região do país, apresentando singularidades desde os pampas cuja predominância é por gramíneas, até o bioma da Amazônia, com vegetação composta por árvores de grande porte.

Quando o assunto é biodiversidade brasileira, temos sempre uma caixinha de surpresas, pois, a cada dia pesquisas revelam não apenas novas espécies como também novas propriedades biológicas capazes inclusive de curar doenças. Pesquisadores do mundo inteiro se interessam por nossa flora em busca principalmente de descobertas farmacêuticas. Enfrentamos um grave problema de biopirataria, onde nossa flora e fauna são exploradas por cientistas internacionais que por sua vez apropriam ilegalmente de nossos recursos naturais priorizando a manipulação, comércio, exportação e até mesmo colaborando ilegalmente com a indústria farmacêutica.

A farmacologia teve suas raízes baseadas na medicina popular, o conhecimento inicial sobre as propriedades químicas dos medicamentos foi baseado na sabedoria dos povos indígenas, que sempre recorriam aos caules, raízes e folhas das plantas na busca do alívio das enfermidades e também da cura. A cultura da sabedoria popular está se tornando cada vez mais esquecida, as pessoas estão deixando os conhecimentos se perderem no tempo. Hoje em dia não se encontra receitas medicinais tão facilmente, geralmente são os idosos que ainda possuem tal conhecimento que infelizmente não vem sendo transmitido para as novas gerações.

Muitos preferem recorrer a fitoterapia, que segue rigorosamente o conhecimento popular sem a intervenção farmacêutica e utiliza apenas as matérias primas ativas da planta, ao contrário da farmacologia que atua no isolamento dos princípios ativos.  Apesar dos altos índices de eficácia, existe grande preocupação com os riscos do uso indiscriminado, outro receio da medicina popular é o perigo de confundir os vegetais, além da superdosagem, alergia ou efeito colateral indesejado.

Apesar do vasto conhecimento medicinal, ainda podemos descobrir e contribuir muito com os tratamentos de doenças por meio dos vegetais, portanto é de suma importância a preservação e investimentos em novas pesquisas. É importante ressaltar que tanto a farmacologia quanto a fitoterapia vem crescendo lado a lado, e que ambas necessitam de cuidados e atenção quanto a indicações e precauções. Jamais recorra a qualquer um destes sem antes ter informações prévias ou indicação médica.

 

(Juliene de Brito Ferreira, bióloga. E-mail: [email protected])

 

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