Alimentação humana vs insetos polinizadores
Diário da Manhã
Publicado em 25 de junho de 2016 às 02:59 | Atualizado há 9 anos
Quando o homem surgiu na Terra, os insetos já habitavam aqui há milhões de anos, e muitos destes insetos, hoje, causam prejuízos ao homem e aos animais, seja através dos danos às plantações ou através da transmissão de várias doenças. Apesar destes insetos prejudiciais terem mais atenção, a maioria das espécies é benéfica para o homem e para o meio ambiente. Diversos insetos, tais como as abelhas, as vespas e as borboletas, ajudam na polinização das plantas; a polinização é uma espécie de simbiose que dá as plantas a capacidade de se reproduzirem com maior eficiência, enquanto os polinizadores ficam com o néctar e pólen que é oferecido por elas. Vale lembrar ainda que, alguns insetos também produzem substâncias úteis para o homem, como o mel, a cera, a laca e até mesmo a seda. Em alguns lugares do mundo, os insetos são usados na alimentação humana, enquanto que noutros são considerados tabu.
Muitos insetos são detritívoros, alimentando-se de animais e plantas mortas, contribuindo assim para remineralização dos produtos orgânicos. Embora a maior parte das pessoas não saiba que muitos dos insetos são insetívoros, ou seja, alimentam-se de outros insetos, ajudando assim a manter o seu equilíbrio na natureza. As abelhas podem ser indicadores biológicos do equilíbrio ambiental, muito útil no esforço da conservação, da biodiversidade e na exploração sustentável do meio ambiente. É na polinização das flores que as abelhas mais contribuem, dando origem aos frutos de inúmeras espécies e chegando a aumentar significativamente a produtividade de plantas cultivadas.
As mudanças que o homem têm imposto ao seu ambiente vem reduzindo a abundância de abelhas silvestres, colocando em risco a produção de alimentos e a preservação de muitos ambientes naturais e das espécies que neles habitam. É de urgência que se reconheçam as abelhas e outros insetos polinizadores como essenciais para a sustentabilidade da produção mundial de alimentos. Uma vez que, segundo vários pesquisadores, a produção de 2/3 da alimentação humana depende diretamente ou indiretamente da polinização por insetos e, de acordo com as estimativas feitas em 1998 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura, há no mundo uma perda de US$ 54 bilhões devido à grande deficiência na polinização das plantas cultivadas.
(Diego Batista Fonseca, biólogo. E-mail: [email protected])