A poluição da vida
Redação DM
Publicado em 15 de junho de 2016 às 02:39 | Atualizado há 9 anos
Por que as coisas parecem continuar todas como antes e, em alguns momentos, muito piores, como se Jesus não tivesse vindo e não tivesse ressuscitado? A fonte do mal, que é o coração do homem, continua vertendo o que polui o mundo. A escravidão se perpetua, a sombra da morte volta a cobrir a humanidade; encontramo-nos, periodicamente, no Egito, com as correntes nos tornozelos, depois de ter atravessado o Mar Vermelho. O ídolo de hoje é o dinheiro. A ele se imolam vítimas inocentes. Muitos que sofrem no mundo pela fome, pelas doenças, pelas guerras, pela exploração, são vítimas desse deus cruel que age atrás dos bastidores. É preciso consumir e consumir (também coisas inúteis) para produzir e produzir e, assim, manter de pé uma fila de interesses e vantagens. O homem, sem perceber, se reduz a uma máquina. E aqui está outra grande injustiça, porque o bem-estar desenfreado de alguns provoca ou mantém a miséria de milhões de outros. Essa é uma escravidão disfarçada que os meios de comunicação social fazem passar por bem-estar, progresso, vida verdadeira e plena. No homem, assim manipulado, sobrevive somente a dimensão corporal e terrena; todo o resto, isto é, a dimensão espiritual é atrofiada.
O ídolo do dinheiro tem uma divindade gêmea: o sexo. Um procura adorar o outro. O sexo tomou conta de todos. Sua ostentação está assumindo formas inacreditáveis na pornografia e na mídia. Tal espécie de aliança entre dinheiro e sexo dá lucro, e muito lucro, e segue adiante impune. Olhe ao redor, nem precisa ir muito longe. O resultado é que estamos poluindo, até à saturação, a própria vida. Preocupamo-nos tanto com a poluição do ar e da água, mas não fazemos caso de que se esteja poluindo a tal ponto a convivência humana que impede nossas crianças de viver. Antes de ser uma ofensa a Deus, com efeito, essa idolatria do dinheiro e do sexo é uma escravidão, uma degradação do próprio homem.
Outra força de manipulação do homem é político-partidária. Um grupo de pessoas, um partido político, se apodera do poder e o exerce brutalmente, julgando saber sempre tudo e tudo aquilo que está no coração do povo e assim não faz eleições verdadeiras, e reduz as pessoas a fantoches, roubando-lhes alguns dos direitos mais elementares.
Na nossa crise atual, quanta responsabilidade recai sobre os administradores públicos e privados que agem desonestamente. E, nessa situação, uma coisa é necessária para não afundar, não perder a confiança, não desanimar no meio das dificuldades, não olhar para baixo ou ao redor, para as ondas que se agitam, mas à frente, para Cristo.
Há motivo para tremer, vivendo em uma sociedade como a nossa que assiste divertida a tudo isso e fecha a boca. Então, o que fazer? A tarefa é imensa, a poluição é tal que não se pode eliminar, em alguns anos, removendo uma camada de terra. É preciso começar tudo de novo, colocar outras premissas, outros princípios. Alguma coisa, aliás muito, é possível fazer ao menos dentro de casa, para manter limpo este refúgio; vigiar o que se diz, o que se lê, o que se vê, para que os que quiserem tenham ao menos a possibilidade de fazer um confronto entre a alegria que vem do respeito à vida e a alegria que vem da exploração e da violência.
É preciso dizer: basta! Não aceito! Porque o mundo que Deus criou é totalmente outro; é um lugar onde a vida é o dom maior, e o homem caminha com liberdade e segurança, vivendo o amor fraterno.
(Pe. Luiz Augusto F. da Silva, Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus)