A parábola do Bom Samaritano
Redação DM
Publicado em 1 de junho de 2016 às 03:38 | Atualizado há 9 anos
Jesus de Nazaré ao anunciar o evangelho (a boa nova ou a boa notícia) não fez apologia de nenhum sistema religioso ou apontou alguma religião como se fosse a correta. Jesus ao ser interrogado sobre os mandamentos e sobre a vida religiosa, ele disse que, toda a prática religiosa do homem deve estar resumida em dois princípios: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a ti mesmo”( Mateus 22.37-39) Na parábola do Bom Samaritano, que está registrada no Evangelho de Lucas no capítulo 10 e nos versículos 25 a 37, Jesus é interrogado por um doutor da Lei (um estudioso e profundo conhecedor da Torá) com duas indagações: 1 – O que fazer para herdar a vida eterna? 2 – Quem é o meu próximo?
A primeira resposta de Jesus confirmou o que o doutor da lei respondera a respeito dos mandamentos da lei de Deus, necessários para á aquisição da vida eterna. A segunda resposta de Jesus, no entanto, foi respondida com a explanação da famosa parábola do Bom Samaritano. Jesus conta a seguinte história: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó e durante essa trajetória, o referido homem foi assaltado e agredido por ladrões que, além de o roubarem o feriram, deixando caído á beira do caminho. Descia por aquele mesmo caminho, um sacerdote, o sacerdote ao ver o homem caído e machucado passou de largo. Descia também por aquele caminho um levita, o levita também vendo o homem naquele estado passou de largo. E, por último, descia por aquele mesmo caminho um Samaritano, o Samaritano moveu-se de íntima compaixão pelo moribundo, passou óleo e vinho nas suas feridas, colocou-o sobre a sua cavalgadura e levou para uma hospedaria e custeou todas a sua despesa e ainda disse ao hospedeiro: cuide desse homem, toda a despesa pela sua estada estou deixando pago e se houver mais gastos com ele, daqui dois dias voltarei e pagarei”.
Após a narrativa da parábola, Jesus perguntou ao doutor da lei: “Qual dos três foi o próximo do homem agredido? O doutor da lei respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele”. Jesus então, conclui dizendo: “Vai e faze da mesma maneira”. Na parábola do Bom Samaritano, Jesus faz duras críticas ao sistema religioso, sobretudo, nas figuras de dois representantes da religião judaica: o sacerdote e o levita. O sacerdote era um representante entre o povo e Deus, era ele que levava para Deus o clamor do povo. No entanto, aquele sacerdote que deveria compadecer do próximo, vendo aquele homem caído e machucado, ao invés de ajudá-lo o ignorou. O levita que era aquele serviçal do templo e zelava das coisas do altar, também ao ver o miserável moribundo, passou de largo e não lhe prestou as solidariedades necessárias. Por último, um samaritano (que não se misturava com os judeus por causa de uma antiga briga religiosa) deixando de lado os seus preconceitos e a sua religiosidade, compadeceu-se daquele pobre homem dando-lhe assistência total.
A parábola do Bom Samaritano nos leva a extrair inúmeros simbolismos, dentre eles podemos destacar: o Bom Samaritano da parábola é o próprio Jesus Cristo, Jesus veio exclusivamente para os Judeus ( representados na parábola pelo Sacerdote e Levita) no entanto, os judeus o rejeitaram, e, devido essa rejeição os gentios foram beneficiados ( João 1.11) pela parábola Jesus deixa claro que a verdadeira religião é aquela que, tem como prática primordial o amar a Deus e a compaixão pelo próximo, “quem pratica o amor em sua essência já cumpriu toda a lei” (I João 1.23) o doutor da lei saiu decepcionado, porque achara que Jesus diria que o próximo seria um judeu, ou um fariseu, ou um escriba, ou um doutor da lei ou ainda o próprio sacerdote ou um levita, mas, Jesus quebrou todos os paradigmas, indicando-nos que ele veio para os doentes, moribundos e para todos os excluídos. Quem é o meu próximo? Aquele que usamos de misericórdia para com ele ou para com ela. Vamos e façamos o mesmo!
(Giovani Ribeiro Alves, filósofo, professor de Filosofia no Colégio Estadual Vida Nova e no Instituto Bíblico de Campinas, ambos em Goiânia, escritor, poeta, membro da Associação Goiana de Imprensa e articulista do Diário da Manhã)