Opinião

Escapada de Dâmocles sobre a cabeça de Lula

Diário da Manhã

Publicado em 28 de maio de 2016 às 02:31 | Atualizado há 9 anos

O ministro Teori  Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que vem atuando com imparcialidade e firmeza na mais alta corte de Justiça do País, determinou que a instituição, integrada pela Polícia Federal, procuradores e o juiz Sérgio Moro, da  13ª Vara Criminal do Paraná, amplie as investigações sobre o ex-presidente Luiz  Inácio Lula da Silva, a presidente afastada Dilma Rousseff (não acreditamos que ela retorne ao poder  pelas suas implicações com uma série de atos ilícitos, inclusive crime de responsabilidade) e o ex-ministro José Eduardo Cardozo, que em suas funções de ministro da Justiça e de Advogado-Geral  da União, agiu mais como defensor de Dilma e Lula  do que propriamente com vocação republicana. A decisão do ministro Zavascki é justa, correta e vem ao encontro da moralidade pública nos termos do artigo 37 da Lei Maior do País, que preceitua: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer  dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal  e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade”. Ao chegar ao poder em 2003, o lulopetismo virou as costas para esses princípios e passou a comprar apoio político-parlamentar, sobretudo no Congresso Nacional através do chamado Mensalão. Foi o golpe para governar e usar a máquina estatal como projeto de poder, que teve sequência com a roubalheira na Petrobrás (Petrolão) e outras estatais saqueadas pelos detentores do poder: Lula, Dilma e suas camarilhas de aliados.

Com o afastamento de Dilma, que faliu o País e foi  eleita e reeleita na base da enganação e em meio à corrupção endêmica e que tudo fez  para nomear seu padrinho político na chefia da Casa Civil para ter foro privilegiado e não ser preso, mas foi obstado por envolvimento em ilicitudes, o vice-presidente  Michel Temer (PMDB) assumiu a presidência da República, reduziu  Ministérios, pretende reorganizar a economia nacional, estruturar o setor social e fortalecer o sistema federativo, ou seja, propiciar mais apoio aos Estados, mormente no campo financeiro. É o que os governadores esperam, inclusive o de Goiás, Marconi Perillo. Todavia, não obstante sua condição de jurista e experiência na vida política, o presidente Michel Temer já se depara com problemas em seu governo como no caso da nomeação do senador Romero Jucá (PMDB) para o Ministério do Planejamento e citado por presos da Lava Jato e recentes gravações comprometedoras do delator e  ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em  diálogos com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente da República,  José Sarney, e o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha, para manterem conversações com o ministro Teori Zavascki, a fim de barrar as investigações da Lava Jato. Nas gravações, o delator  Sérgio Machado  e Renan atacam o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Menciona também Dilma e o marqueteiro da campanha eleitoral do PT, João Santana, preso pela Lava Jato. Romero Jucá já se afastou do Ministério e retornou ao Senado. O petismo está se  aproveitando dos tropeços no governo Temer e já faz tentativas para impedir o impeachment  de Dilma! E o que não dizer ainda da vergonhosa situação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e de Waldir Maranhão?

Além de políticos de vários partidos, principalmente do petismo, envolvidos em corrupção, com a participação de empreiteiros e os presos pela eficiente ação da Lava Jato, que está passando o Brasil a limpo, com o apoio da grande maioria da população e do Supremo, o ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva, que também tem familiares atolados no mar de lama que inundou  o Palácio do Planalto na gestão do lulopetismo, o Congresso Nacional e outros setores da administração pública, tudo tem feito para estancar a ação moralizadora da Lava Jato, chegando mesmo a desafiar o trabalho edificante da Polícia Federal, do Procurador-Geral da República, dos demais procuradores federais e do STF. Com seu modo de falar agressivo, usa até termos de baixo calão. Tudo faz para calar a imprensa que denuncia seus desmandos e os de seus  capachos aliados. A mídia impressa e jornalistas já foram alvos de retaliações do lulopetismo, que se vale de órgãos da máquina estatal e de sua militância, como a Centra Única dos Trabalhadores, Movimento dos Sem-Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes para hostilizarem quem não reza por sua cartilha fascista-stalinista. A Veja, em sua edição de 11 de maio último, em reportagem  do jornalista Thiago  Bronzatto, afirma: “A Procuradoria-Geral da República denuncia o ex-presidente Lula, pede autorização para investigar Dilma e chega ao topo da cadeia de comando do maior escândalo de corrupção  já apurado no País”. Em outro trecho: “A Quadrilha do Petrolão”. A organização criminosa que desviou até 42 bilhões de reais dos cofres da Petrobras era verticalizada, dividida em níveis hierárquicos e atendia a um comando central”. E diz ainda: “Lula, ex-presidente da República, comandante do esquema”.  Cita também ex-ministros, políticos de diversos partidos, ex-diretores da Petrobras, as empreiteiras corruptoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e UTC.  Para o procurador Rodrigo Janot, “Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”. O povo também acha.

O Procurador-Geral da República, que já formalizou denúncias contra vários políticos por terem recebido propinas do esquema criminoso na Petrobras, sustenta que “os diálogos interceptados com autorização judicial não deixam dúvidas de que o ex-presidente Lula mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação  Lava Jato”. Ressalte-se (dizemos nós) que entre os delatores, o principal deles, até agora, foi o ex-senador Delcídio do Amaral, que  exerceu as funções de líder do governo petista no Senado e que apontou Lula como “comandante” do esquema criminoso na Petrobras. Resta agora aguardar a delação de José Carlos Bumlai, amigo de Lula e que não tinha hora para entrar e sair de conversações com o então presidente  no Palácio do Planalto. Será que ele foi instruído a ficar calado? Após estas  observações,  tudo está a indicar que a histórica espada de Dâmocles, com a força-tarefa da Lava Jato, que vem passando o Brasil a limpo, combatendo com justiça e amor à Pátria, a corrupção e os corruptores do País, já esteja sobre a cabeça de Lula, chefe da máfia que assaltou a Petrobras e oficializou o Mensalão, assim como as cabeças de seus asseclas.

 

(Armando Acioli, jornalista e formado em Direito pela UFG)


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