PT saudações!
Diário da Manhã
Publicado em 5 de maio de 2016 às 01:12 | Atualizado há 9 anosLogo após as eleições de 2014, no dia 29 de outubro, escrevi neste Diário um artigo com o mesmo título, porém, com uma vírgula após o nome da agremiação, com o intuito de saudar os petistas pela então “pensada vitória democrática”. Serviu ele, na época, para colocar um fim aos meus debates e embates que tive durante o pleito eleitoral, principalmente, nas redes sociais. O de hoje vai sem a vírgula, portanto, tem o intuito de expressar o meu adeus a esse partido carcomido pela corrupção.
Os cuspidores desatinados, a presidente Dilma e diversos seguidores têm dito que seus opositores são intolerantes, não aceitam as diferenças, que somos antidemocráticos. Que não engolimos a derrota, que desrespeitamos a democracia e ferimos a Constituição e, ainda, que não queremos o diálogo e que tudo é um golpe. Mas tais justificativas não coadunam com as próprias atitudes deles, já evidenciadas pela justiça brasileira ou quando induzem os seus apaniguados a serem insurgentes de uma causa inexistente. Vitimar-se a esta altura do campeonato, aí é demais! A cada justificativa da presidente, mais ela se expõe ao ridículo!
Em 2014 engoli a seco a derrota, mesmo com o meu querido Estado de Goiás tendo feito bonito nas eleições. Lamentei Aécio ter perdido no seu próprio Estado, mais precisamente no Vale do Jequitinhonha. Era previsível que, além das promessas populistas da presidente Dilma Rousseff, ela estava mascarando a economia já em frangalhos, falida, destroçada pelo sarcoma da corrupção de seu partido e de apoiadores.
A Petrobrás continuava a ser vítima do maior golpe de sua história, com investidas criminosas e a dilapidação da estatal. Ela foi sendo usada em todos os seus investimentos para financiar campanhas, pagar dívidas e encher o bolso de larápios que, ao seu tempo, vêm sendo evidenciados.
Dilma Rousseff passava-nos a imagem de uma Petrobras sólida, com garantia de lucros futuros com o Pré-sal – ilusão que não tardou a desmoronar-se. O escândalo da refinaria de Pasadena (EUA), que trouxe prejuízos de R$ 1,6 bilhão, era apenas a ponta do iceberg de desvios e ladroagem que surgem a todo instante com a Operação Lava-Jato da Polícia Federal.
Com as constantes delações premiadas, fica claro o modus operanti do Partido dos Trabalhadores de usurpar os cofres públicos e alimentar os insaciáveis bolsos de seus lacaios e subservientes. Não posso generalizar, mas grande parte dos seus principais líderes políticos estão citados nas delações.
Antes da votação do impeachment da presidente da República na Câmara Federal, eu atentava aos telejornais, jornais, debates, avaliações econômicas – enfim, procurava maiores explicações ao que me deixava atônito, revoltado, perplexo e indignado ante tanta corrupção e malversação com o dinheiro público.
No dia 13 de março, a convite de meu irmão, fui às ruas na maior manifestação de que participei na vida. Fiquei emocionado e entusiasmado pelo engajamento dos goianos que clamaram por justiça. Tudo transcorreu em clima democrático e sem qualquer contratempo. Até mesmo a chuva chegou na hora certa, para nos refrescar do calor imenso. Ali renascia a esperança de que algo poderia mudar.
Diante do poder de fogo do governo federal e de seus partidos aliados, via a incapacidade de levarmos adiante o desiderato dos goianos e da Nação brasileira por justiça no afastamento da presidente. O Palácio do Planalto em nenhum momento teve ou tem escrúpulos ao negociar cargos e rifar o governo para manter o seu projeto de poder.
Com o início do rompimento de parte do PMDB, mais precisamente dos aliados do vice-presidente Michel Temer, despertou-se em mim ainda mais o interesse para a leitura de temas relacionados à política. O desentendimento com a base governista do “Meu Malvado Favorito”, leia-se: deputado Eduardo Cunha (que, acho eu, deve pagar por seus crimes e também ser afastado o quanto antes da presidência da Câmara), trouxe-me a esperança de que poderíamos levar ao Congresso o pedido de impeachment de Dilma, apresentado por um dos fundadores do PT, o advogado Hélio Bicudo, embasado por dois juristas renomados do país: Miguel Reale Júnior e Janaína Pascoal.
Minha animação tornou-se ainda maior após Lula ter sido levado coercitivamente, pela Polícia Federal, para depor, por decisão do juiz Sérgio Moro. Os acontecimentos posteriores foram o início da fracassada tentativa do PT de salvaguardar sua liderança maior. O vazamento das gravações de conversas de Lula demonstrou mais que a prepotência abominável – o despreparo de quem imaginava estar acima da justiça. A busca desesperada da presidente em defender seu ídolo evidenciou um amadorismo lastimável e uma subserviência que não causou qualquer surpresa: um festival de sandices, tolices e prepotências que instigou ainda mais os que se opõem a esse regime facínora e ditatorial.
O PT, hoje, experimenta o que fez com a oposição durante os últimos anos, não lhes dando atenção e empurrando goela abaixo o que lhes interessava. Mas tudo que temos vivenciado, embora seus apoiadores não aceitem, está embasado na Lei, seguindo o rito jurídico definido pelo Supremo Tribunal Federal e ancorado na Constituição Federal.
O modus esperniandis dos petistas e aliados é aceitável, porém torna-se, em certos momentos, lastimável, principalmente ao vermos o fanatismo e a obstinação falarem mais alto do que a própria razão.
Tenho convicção de que a presidente Dilma será afastada – para o bem do País. Espero muito que o governo de Michel Temer receba o apoio necessário de todos os partidos. Que haja coragem e destemor para que se resolvam temas importantes e necessários ao país. Que possamos preparar o pais para eleições mais limpas, imparciais e justas, e que tenhamos candidatos acima das promessas e vendas de utopias. Este exercício democrático de votar certo, devemos iniciá-lo já nas próximas eleições para prefeitos e vereadores.
E então, possamos acabar com o maior sarcoma da política brasileira, que é a corrupção. Que, com o engajamento de grande parte dos partidos, se finde o fisiologismo e se formem equipes técnicas capacitadas e com larga experiência. Os técnicos que se anunciam ultimamente agradam-me: existem bons nomes para se compor um novo governo.
E ao discurso repetitivo, cansativo e sem conexão com a verdade dos que se opõem ao afastamento da presidente, resta-nos a esperança que os façam com razoável inteligência. A livre manifestação é direito alienável, mas condeno veementemente os atos de vandalismo, as interrupções de rodovias, as invasões de terras e principalmente a desordem que ameaçam fazer.
Quero um país de paz, prosperidade, seriedade e justiça social.
A essa farsa que se encontra prestes a ser desmontada, ao circo ilusório que descerá brevemente suas lonas, a esses argumentos infundados, a essa corrupção explícita e a essa corja que dilapidou a nação, resta-me apenas dizer:
– PT saudações.
(Cleverlan Antônio do Vale, graduado em Gestão Pública, Administração de Empresas, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, doutorando em Economia, articulista do DM – cleverlanva[email protected])