“Não desejo para nenhuma mãe do mundo” diz em desespero mãe com filho infectado com Covid-19
Salma Ataíde
Publicado em 14 de abril de 2020 às 17:53 | Atualizado há 5 anos
Marcelle Moreira viveu fase de agonia, foram 48 horas de muita tensão e incertezas junto ao filho L. de 9 anos, então internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no subúrbio do Rio de Janeiro, com sintomas da Sars-CoV-2. A comprovação de daria posteriormente.
O garoto foi acometido por dificuldades para respirar, sofreu uma crise aguda em casa, e ofegante, já dava sinais de desfalecimento . A mãe afirmou que “foi tudo muito rápido. Primeiro ele começou com uma tosse seca, coriza e espirrando. Depois, veio a febre e a falta de ar. Cheguei a levá-lo ao hospital. Com medicamentos, melhorou um pouco e voltamos para casa.
Mas na quinta- feira, piorou muito e teve de ser internado”. Marcelle, ainda com a lembrança viva de tantas horas de angústia acrescentou que ” naquele instante, botei ele no meu colo, estava quase sem reação, prostrado. Eu corri de novo para o hospital, foi quando entrou direito na UTI. Ele chorava, dizia que queria respirar, que queria ficar bom”.
Quando suspeitavam que a criança estava com o novo coronavírus, Marcelle tomou providências para que o ex- marido levasse a filha B., de 4 anos para a casa dele. Para a mãe “o resultado do teste demorou um pouco a sair, mas todas as suspeitas apontavam para a Covid-19. Por isso, a precaução de afastar rapidamente minha filha, que é asmática”. A internação do filho na UTI levou Marcelle a imaginar o pior.
“Pensei que ia perder ele. Sua saturação de oxigênio estava baixa, se diminuísse mais um pouco teria que ir para o respirador”. Com a respiração do filho mais próxima do normal, no sábado (11), os médicos e Marcelle decidiram em conjunto que ele poderia receber alta do hospital, mas seria monitorado diariamente pela unidade de saúde, como vem sendo feito. L. vem apresentando melhoras de todos os sintomas.
Para Marcelle, além de ficar atenta aos cuidados do filho, está em observação a eventuais manifestações da infecção na filha e nela própria. Marcelle ressalta que seu interesse em divulgar essa história seria para alertar aqueles que acreditam que a pandemia é um problema restrito aos idosos.”Na UTI, tinha uma criança de 11 meses também com a Covid-19.
A doença não escolhe idade. Não desejo para nenhuma mãe do mundo passar o que eu vivi”, diz Marcelle, ainda sem saber como o filho pode ter se infectado. “Eu já vinha tomando os cuidados. Só saíamos de casa para ir ao mercado, hortifrúti ou à farmácia; as crianças iam juntas, eu não tinha com quem deixá-las. Não acreditei quando veio a confirmação. Agora é redobrar as atenções”, ressaltou.
*Com informações do Terra