Cultura

Um maestro poético do surrealismo

Redação

Publicado em 20 de abril de 2016 às 02:00 | Atualizado há 4 meses

Ele queria que sua arte fosse como um poema musicado por um pintor. E conseguiu: Joan Miró foi um grande maestro, que compôs com os pincéis uma lírica melodia. Foi complexo, por meio da simplicidade. Através do abstrato, do surreal, ou simplesmente do anárquico traduziu seu tempo. Dotado somente de uma paleta com cores básicas, com a qual criava formas quase inimagináveis, se tornou um dos pintores mais importantes do século XX.

Ele nasceu exatamente há 123 anos, com o nome de Joan Miró i Ferrà, em Barcelona, na Espanha. No começo da vida artística sofreu certa resistência por parte de seus pais, para seguir com as pinceladas, mas depois de um esgotamento nervoso no escritório no qual trabalhava, finalmente conseguiu estudar na escola de arte em Barcelona.

Lá ele estudou com Francisco Galí, que o apresentou o modernismo e a fantástica arquitetura de Antonio Gaudí. Entretanto, o artista não concluiu os estudos por achar o currículo demasiadamente acadêmico. Seu espírito era livre.

Na construção de seu estilo, o artista bebeu ainda diretamente da fonte modernista de nomes como Picasso, mas principalmente do escritor e poeta André Breton, o criador do surrealismo. Porém, várias outras correntes povoaram suas obras influencias do: cubismo, dadaísmo, abstracionismo, entre outros.

Da fome ao sucesso

As obras, apesar de hoje altamente valiosas, no começo também sofreram certa resistência dos críticos de arte. E Miró dizia que tal dificuldade de entender sua arte derivava da diferença básica entre ele e outros surrealistas contemporâneos. Pois, segundo ele, enquanto alguns pintores usavam de sentimentos artificiais, sua obra tinha um inspirador, digamos, algo maid fisiológico: a fome.

Sim, eram os delírios provocados pela falta de alimentação – que a pouca condição financeira reservava – inicialmente os combustíveis da criação do artista. “Eu voltava tarde da noite para casa e, por falta de dinheiro, não jantava. Assim, rabiscava no papel as sensações que a fome provocava em meu organismo”, disse ele uma vez sobre o período, que fez nasceu telas como O Carnaval de Arlecrim,Maternidade.

Contudo, logo a má fase passou e ele teve a sorte que muitos artistas não puderam contar: ser reconhecido em vida. A sua sorte mudou quando ele encontrou o negociante de quadros, Jacques Viot. Com o dinheiro que  conseguiu dinheiro, viajou para a Holanda. Lá casou e teve uma filha.

Mas, na Holanda ficou pouco tempo, contudo a viagem lhe rendeu duas telas emblemáticas para as artes plásticas:

Interiores Holandeses I

Interiores Holandeses II.

 Depois morou na Espanha e França, onde participou ativamente da luta pela liberdade, na época da Segunda Guerra.A arte era a sua voz mais eficaz, naquela época pintou cartazes de propaganda política, como O Ceifeiro, exposto juntamente com Guernica, de Pablo Picasso, no pavilhão espanhol da Exposição Internacional de Paris.

E a obra de Miró foi bastante exposta, até suas ilustrações feitas para livros, ocuparam mostras de vários países do mundo. Em 1953, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, na década seguinte o mural que realizou para o edifício da UNESCO, em Paris, recebeu o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Já em 1963, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris realizou uma exposição de toda a sua obra, que além de pinturas e gravuras envolve ainda esculturas.

Números e Constelações

Mesmo com todo sucesso, é bem verdade que um de seus trabalhos é considerada a mais importante do pintor, logo da história da arte mundial.  Trata-se de Números e Constelações em Amor Com Uma Mulher. Ela foi produzida em 1941 e fazia parte da série Constelações,produzida em plena Segunda Guerra Mundial, traz desenhos aparentemente desconexos, que aos poucos ganham a forma e denunciam, mas com lirismo, as dificuldades de um mundo repleto de conflitos.

E, o caráter  da obra se mostra atual até para os dias de hoje,  pois  “invoca” todo poder do cosmos à favor e de todo o poder criativo, para enfrentar as forças anônimas da corrupção política e social.

Tela “Números e Constelações em Amor Com Uma Mulher”


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias