Sobre fazer alguma coisa. Qualquer coisa!
Diário da Manhã
Publicado em 1 de abril de 2016 às 01:04 | Atualizado há 9 anos
Este texto é meramente ilustrativo embora tenha sido escrito em primeira pessoa. Meu intuito é alcançar àqueles que, por ventura, possam de alguma maneira, se identificar. Segue: “Eu estou aqui em um ritmo frenético, dividindo meu expediente entre a cadeira de fios no alpendre, o sofá preguiçoso da sala e na cama macia do meu quarto. Corro apressadamente para ser capaz de acompanhar as fofocas da internet e ainda conseguir assistir a todos os seriados policiais da tarde. Nossa casa parece ser pequena demais para caber minha indisposição e a raiva implicante de quem diz me amar. Arrasto os meus pés e chinelos pesados até a janela e observo a vida lá fora. ‘Sim, ela vai muito bem sem mim, obrigada.’ Meu peso aumenta, meu sono parece infinito e eu não tenho conseguido um espaço na agenda lotada da formiga a fim de conhecer a nobreza de seus trabalhos – como sugere o sábio Salomão em um de seus provérbios. Claro, esta vida freneticamente desocupara tem o seu preço: Sinto-me cada vez mais inútil, tenho recebido visitas constantes da depressão e meu amanhã não traz em si mesmo nenhuma fagulha de esperança. Hoje de manhã ouvi uma voz e ela dizia: ‘Vamos, levante-se, faça alguma coisa, qualquer coisa.’ E decidi escrever este texto, que sei, não é quase nada, mas não deixa de ser qualquer coisa. Talvez ele me encoraje pelo menos a dizer mais uma vez aquilo que já tenho prometido há meses. ‘Amanhã eu vou à luta’ ou ‘Na próxima segunda começo na academia, vou procurar trabalho e voltarei a estudar’. Maldita segunda-feira que nunca chega. Maldita vida que nunca passa. ‘Faça alguma coisa, qualquer coisa.’”
(Thiago Mendes é escritor)