Cultura

Modernismo Baiano

Redação DM

Publicado em 13 de abril de 2016 às 02:32 | Atualizado há 6 meses

A contribuição dada pela mente de Mário Cravo Jr. ao Brasil, e principalmente à cidade de Salvador, é inquestionável. A mente do escultor está por trás de grandes símbolos da arquitetura da capital baiana. O artista completa hoje 93 anos, mais de 70 dedicados à arte. Começou a dedicar-se à carreira ainda na adolescência, quando realizou várias viagens com interesses artísticos pela região nordeste do Brasil. Encontra-se no topo de uma árvore genealógica de artistas. Mário Cravo é pai do reconhecido fotógrafo Mário Cravo Neto. Sua obra é reconhecida principalmente através de monumentos públicos, como a Fonte da Rampa do Mercado do Comércio em Salvador.

“Uma força da natureza por um capricho dos deuses desencadeou-se na Bahia: Mário Cravo, o escultor”. É com essas palavras, do escritor baiano Jorge Amado, que tem início a biografia do escultor no site de sua fundação, que tem como objetivos o incentivo ao desenvolvimento da criatividade artística, o apoio a artistas iniciantes, a formação de público apreciador de arte, a preservação do patrimônio artístico, o uso lúdico e educativo da arte, a divulgação da memória das artes plásticas criadas na Bahia e arte popular do nordeste, entre outros vários.  A sede da fundação conta com galeria de exposição, auditório, administração, sala de acervo, biblioteca e um galpão para o funcionamento de uma oficina de restauro e criatividade.

Em texto de Isabela Oliveira, extraído do site da Fundação Mario Lago, algumas informações revelam o contexto em que a instituição foi criada, que se baseia na busca da preservação do patrimônio e da identidade artística da Bahia e do nordeste.  Tudo teve início com a doação de um acervo inicial. “Compondo este projeto, Mario Cravo Jr., dispôs de grande parte da sua coleção particular e fez doação ao Estado da Bahia, de 800 obras de arte, sim, foram doadas em 1994”, afirma Isabela de Oliveira. A doação teria como objetivo incentivar outros artistas a fazerem doações que possibilitem a apreciação pública da arte do estado, “assim ampliando o patrimônio cultural comum a todos os baianos”.

Dentre as obras conhecidas de Mário Cravo, podemos citar a estátua ‘Cristo Crucificado’, um projeto dos anos 1960, realizado nos anos 1980 na cidade de Vitória da Conquista, terceira maior cidade do Estado da Bahia. No site TripAdivisor, que reúne a opinião de internautas sobre pontos turísticos, escultura de 17 metros é considerada grandiosa, porém mal cuidada. Mircon K, de Santa Catarina, expôs sua opinião no site: “O local é espaçoso, a vista da cidade é muito bonita e a escultura é grandiosa. O que deixa a desejar é o aparente abandono do local, com calçadas quebradas e ausência de bancos, lixeiras, sombra para descanso e sensação de falta de segurança no local”. O risco de assalto é lembrado por boa parte dos internautas.

Através de Mário Cravo, a veia cultural e espiritual da Bahia é materializada em peças de arte. Podemos observar o empenho do artista em difundir a cultura dos orixás em vários locais de Salvador.  No Blog Espaço Mário Cravo podemos compreender um pouco mais da história dos monumentos modernistas por ele projetados. “Em 70  [Mári Cravo] recebe da Prefeitura do Salvador, convite para criar um símbolo do modernismo da Bahia, é quando executa em fibra de vidro, com estrutura metálica interna, com 18 metros de altura, e com sistema de jatos de água para funcionar com música ambiente, uma escultura-fonte luminosa, intitulada ‘Fonte da Rampa do Mercado’ que fora instalada na Praça Cairú Cidade Baixa”.

Um célebre apreciador de sua obra, o escritor Jorge Amado, dedicou ao escultor algumas palavras especiais . Em depoimento extraído do livro ‘Mário Cravo Jr. Desenhos’, ele deixou registrado: “Ferreiro coberto de fogo e aço, comido goiva e acido, os bigodes arrogantes, devasso, quase agressivos, os olhos de insônia, a boca em gargalhada, eis o guerreiro Mario Cravo em luta com o ferro bruto, a madeira pesada ilustre, a pedra morta, para sempre morta, mais de repente, viva em sua mão, em seu talho, em sua forja, em seu destino deslumbrado e louco, em seu criar sem descanso. O ferro já não é mineral bruto, é o Orixá mais poderoso, a fonte cristalina, a mão de onde brota a água e se derrama na boca sedentos”.

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