O espírito do rock
Redação
Publicado em 5 de abril de 2016 às 02:06 | Atualizado há 4 meses
“Eu sou um bebê errático e triste! Eu não tenho mais a paixão, e por isso lembre-se: é melhor queimar de vez do que se apagar aos poucos”. Este é um dos trechos finais da famosa carta de suicídio de Kurt Cobain, o vocalista de uma das bandas mais emblemáticas do rock: a Nirvana. O cantor há 22 anos, exatos, tirou a própria vida no auge da fama com um tiro na cabeça, em sua casa em Seatle. Mas, se intenção de Kurt era desaparecer, no auge dos 27 anos, ele definitivamente não conseguiu. Morto há mais de duas décadas, a imagem do artista está imprimida não apenas nas camisas dos adolescentes, como em livros filmes, que parecem tentar descobrir o porquê de não ter sido possível salvar este lindo gênio triste.
Dar fim a própria vida, era algo que podia-se esperar deste artista, que liderou um dos últimos movimentos relevantes do rock, o grunge. Pois, seus últimos dias, que inspirou até um filme fictício de Gus Van Sant, “Last Days”, foram permeados por overdose, fugas de clínicas, depressão e solidão. Dessa forma, ao que tudo indica, aquela espingarda com a qual ele disparou contra a própria cabeça, em 1994, já estava apontada para Kurt há muito tempo.
Livros como “Mais Pesado Que o Céu”, filmes como “Cobain Monatage Of Heck”tentam entender um pouco desta história de autodestruição, conversando com parentes. Um detalhe é que todas estas produções mostram uma família incapaz de acolher toda a intensidade e sentimentalismo de Kurt Cobain. Assim foi olhado como garoto problemático durante quase toda a adolescência.
Mas, em “Cobain Monatage Of Heck”, que se apropriou dos próprios diários do líder do Nirvana, por exemplo, há cenas que comprovam que ali também havia uma criança feliz, mas que aos poucos foi se perdendo em solidão e mágoas.Após divorcio dos pais – que ele parece nunca ter aceitado -, o roqueiro rodava entre as casas de um e do outro e, claramente não era muito bem vindo em nenhum dos lugares. Kurt na adolescência chegou a morar na rua. E foi desta época que nasceu a canção “Something in the Way”, na qual Kurt conta sobre o período que teria morado debaixo de uma ponte.
O que prova que atrás de uma juventude problemática, a criação sempre fora sua única companheira fiel. Em Cobain Monatage Of Heck é possível ver o outro lado de sua genealidade de Kurt: ele também desenhava e o longa suas mostra ilustrações, inclusive, de forma animada.Em sua trajetória, a vida pessoal e as namoradas de Kurt sempre foram também dignas de notas. E o relacionamento com a cantora Courtney Love, com quem o músico casou e teve a filha Frances Cobain, que hoje tem 22 anos – foi um dos mais polêmicos do mundo pop.
O romance regado à drogas era mal visto pelo público, e Courtney foi acusada até a usar heroína durante a gravidez. Algumas cenas de Cobain Monatage Of Heck mostram trechos meio agoniantes do casal aparentemente drogado lidando com a filha.
A banda Já em biografias como,Mais Pesado Que o Céu, contam mais detalhadamente como o Nirvana se formou. E a banda, claramente começa, quando Kurt conheceu Krist Novoselic, que viria a se tornar o baixista do grupo. E, é na amizade destes dois – que compartilhavam um gosto musical parecido, como a adoração pelo grupo The Melvis, por exemplo – que foi criada a essência do Nirvana.Porém, se a dupla era pura sintonia, não se podia dizer o mesmo em relação ao baterista do Nirvana, cuja escolha foi mais complicada. Passaram pelo grupo antes de Dave Grohl, nomes como: Chad Channning e Aaron Burckhardt.
Ainda sem Dave Grohl – que hoje é o líder do Foo Fighters – o primeiro álbum foi produzido na lendária gravadora independente de Seattle Sub Pop, que ficou conhecida por gerar o movimento grunge, já que lá passariam ainda grupos como: The Jesus and Mary Chain e Soundgarden. Foi lá que o Nirvana gravou o Bleach em 1990.Contudo, a explosão adolescente, a fama que atravessaria gerações e superaria até mesmo a morte só chegou no próximo álbum Nevermind (1992). Encabeçado pelo hit“Smells Like Teen Spirit”,o disco se tornou um dos álbum mais emblemáticos da cultura pop.
A capa, que trazia um bebê atraído por dinheiro, do fotógrafo Kirk Weddle é icônica. O profissional, recentemente até revelou algumas curiosidades daquela sessão de fotos, como certa aversão de Kurt por água. Mas, ainda segundo o fotógrafo, as imagens dizem muito mais: “Mostram uma banda à beira de mudar a cara da música, que iria lançar um dos álbuns mais influentes de nosso tempo. Mas mostram também uma banda em turnê, que está cansada e, provavelmente, com saudades de casa e um pouco mal-humorada”, revelou o artista, que recentemente liberou as outras fotos realizadas naquele dia, que hoje custam entre US$ 360 a US$ 800.
Depois de Nevermind , o Nirvana, enquanto ativa, lançou ainda os álbuns: Incesticide,In Utero Live! Tonight! Sold Out!!,MTV Unplugged In New York. Já depois do fim de Kurt, quase uma dezena de coletâneas foram disponibilizadas com pouco material inédito, é fato.Depois de tantos anos sem o artista, a imagem de Kurt prova ser imortal e lucrativa. Em meados de 2006, por exemplo, Cobain tomou o lugar de Elvis Presley como a celebridade póstuma mais bem paga, após a venda do catálogo de músicas do Nirvana. Título, que o rei do rock recuperou no ano seguinte e que é hoje de Michael Jackson.
Já a herdeira de Kurt é sua filha Frances, que tem 22 anos e cuja fortuna – que hoje tenta proteger de um divórcio – foi avaliada em US$ 450 milhões. Contudo, é notório que o legado de Kurt para a música sempre será incalculável.