Respeitemos a solidão em versos
Redação DM
Publicado em 5 de abril de 2016 às 02:03 | Atualizado há 8 meses
Para quem estiver procurando um pouco de sentimento, vivência e cultura goiana nesse domingo,a escolha certa é o Grande Hotel. Em um evento cheio de pessoas bacanas que ilustram em versos e prosas as novas perspectivas da poesia e música da cidade, vão estar juntas em um sarau a partir das 19 horas para celebrar o lançamento do novo livro do Kaio Bruno.
Poeta que usa de linguagem simples, delicada e marcada pela juventude, para vasculhar as miudezas do cotidiano e da vida prosaica, para falar da ausência, da perda, da saudade, da solidão, dos desencontros amorosos, da impossibilidade de contato verdadeiro e de comunicação profunda nos dias atuais, do vazio existencial e da curta duração da vida.
Ele já publicou o livro Peg & Pag (2012), dois poemas de sua autoria foram incluídos na mostra Poesia Agora, realizada no Museu da Língua Portuguesa, São Paulo (2015). Compositor e intérprete de músicas que tem seus poemas como letras, Kaio Bruno Dias vem se apresentando em pocket shows e recitais solos por Goiânia e as vezes por outras cidades, tendo atraído a atenção pela qualidade melódica de suas composições e pelas parcerias que articula com outros artistas, sejam músicos ou artistas de outras áreas.
Durante o lançamento do Respeite a solidão alheia, acontecem pocket shows, performances, exposições, e rodadas de poesia, alguns dos artistas convidados são; Carlos Brandão, Valério Luiz Filho, Jade Mustafé, Allex Flores, Danilo Rodrigues, Indy Thaynara e Pedro Kallebe. Além de toda a programação fixa, haverá um momento dedicado ao palco aberto, para quem desejar se manifestar artisticamente.
Sobre o novo livro, inspirações, fritações e outros devaneios, conversei com o poeta e agitador cultural Kaio Bruno Dias, confira um pouco desse papo:
DM Revista – Quais são suas maiores influências na área da poesia e música?
Muitas pessoas, em muitos momentos da minha vida, em maior ou menor grau, e essas influências vão sendo levadas ao longo dos anos, de forma até inconsciente e uma outra questão, é que poesia não é um estado físico, não é algo concreto e objetivo, poesia está relacionadas com sentimentos e sensações, logo, se encontra poesia em perspectivas diversas, em um filme, numa música, num texto, no verso, num discurso, num anime, num abraço, numa conversa de bar, e em muitas situações e momentos da nossa vida, essas perspectivas de poesia me influenciam muito.
DM Revista – Quanto da cultura maranhense você absorve e projeta nos seus trabalhos?
Minha família por parte de mãe é toda do norte e nordeste, mesmo saindo do Maranhão ainda criança, muito da cultura nordestina ainda permeia meu dia a dia desde as gírias, sotaques, alimentação, forma de agir e ser, essa mistura é bacana, me considero metade maranhense metade goianiense. E com certeza as influências de uma criação nordestina/goianiense influencia diretamente na minha formação como pessoa, logo, afeta o que eu faço.
DM Revista – O que os leitores podem esperar desse segundo trabalho de Kaio Bruno Dias?
O livro é sobre situações, sentimentos, sensações, é sobre estar vivo neste mundo, sobre estar suscetível a a esse mar de sentimentos que permeiam as nossas interações sociais e culturais. O ‘respeite a solidão alheia’ é um mergulho nas dúvidas corriqueiras que permeiam essa nossa humanidade cada dia mais pautada no antropocentrismo, e nas relações liquidas.
DM Revista – Quem é o Dinossauro?
É um apelido que ganhei de um amigo, acabou meio que virando um bordão, em alguns eventos eu assino minhas participações com o nome ‘Kaio bruno Dinsosauro’ é uma história engraçada, o por que do apelido, mas confesso que gosto de dinossauros, então esse apelido me caiu como uma luva.
DM Revista – O que você percebe que mudou na cena da poesia goianiense nos últimos anos?
Posso falar a respeito do tempo que estamos desenvolvendo trabalhos na área da poesia/literatura, desde oito anos atrás nesses oito anos, percebo algo como dois passos para frente, e depois três para trás, e assim vai indo, um eterno sobe e desce tipo aqueles gráficos dos batimentos cardíacos, mas isso em partes é bom, pois essa instabilidade mostra que estamos vivos, a vida é isso né altos e baixos, e a cena de poesia de Goiânia segue o mesmo rumo, altos e baixos.
DM Revista – Para você, qual é o sentimento que mais está em falta e o que mais transborda nas pessoas?
Seria muito pretensioso da minha parte listar esses dois sentimentos, estaria generalizando a partir de perspectivas minhas sobre subjetividades alheias, mas uma coisa eu acredito, lutas de classes e ideologias movem o mundo desde o seu princípio, em determinados momentos essas lutas ficam mais acentuadas, e muitas das vezes o que se percebe é que um dos lados exerce soberania sobre o outro, o que influencia desigualdades sociais, segregações, etc. Isso influência diretamente e indiretamente na forma de ver o outro, o semelhante, acentuando sentimentos de ódio, incompreensão e preconceitos.
Confira duas poesias que estão no novo livro do autor:
respeite a solidão alheia
e todo o silêncio
da mesma forma respeite
o excesso
o motivo
o momento
o outro
respeite os calafrios
a sua ansiedade
respeite as partidas
as tensões
distrações
a vida acumulada
respeite a distância
os afagos
a brisa
o final
não esperado.
multiplicar um salário mínimo
dividi-lo com mercado
pai, mãe e filho
abrir um mar de pessoas
para descer do ônibus
estar sempre curando
a cegueira dos próprios olhos
andar sobre as águas da enxurrada
pois choveu
a rua está alagada
não há dúvidas
milagres são reais.
Serviço:
Lançamento do Livro: Respeite a solidão alheia
Data: 03 de abril(domingo)
Horário: 19h
Local: Grande Hotel Goiânia
Entrada Franca.