O pulo do gato
Redação DM
Publicado em 22 de março de 2016 às 23:28 | Atualizado há 9 anos
Este é o título do interessante livro do escritor Márcio Cotrim, edição esmerada pela editora de Brasília TheSaurus. Trata-se das expressões populares e da etimologia de palavras curiosas, o mesmo trabalho que venho fazendo no Programa Frutos da Terra, antes na TV Anhanguera e atualmente na TV Serra Dourada.
O autor, além de várias láureas, é também cronista semanal no Correio Brasiliense e diretor cultural da Fundação Assis Chateaubriand.
Cita, no livro, uma grande verdade: “Escrever em português é ficar calado para o mundo.”
“O pulo do gato”, também conhecido como “o salto do gato mourisco, é a história em que o gato ensinou todos os seus saltos para a onça, menos um, que foi quando o gato saltou para trás e ficou no galho de uma árvore e a onça reclamou que aquele pulo o gato não lhe havia ensinado, e ele respondeu: “Se eu tivesse ensinado eu não estaria aqui.”
Também, “quem não tem cão, caça COM gato”, sendo que caça COMO gato, que gato caça sozinho.
Fazer Cera. Fazer cera é quando o goleiro pra ganhar tempo retarda a devolução da bola. Origem da expressão: “As abelhas precisam de 7 quilos de mel para fazer um quilo de cera para os casulos”, relata o autor.
TIRAR O PAI DA FORCA – Refere-se à “dualidade” realizada por Santo Antônio, um dos santos mais cultos que, estando pregando em Pádua, na Itália, teve uma visão que o pai dele estava sendo julgado e condenado, indevidamente, em Lisboa. Continuou no púlpito em Pádua, foi à Lisboa e livrou o pai da forca.
IR PRAS CUCUIAS – Vejamos o que explica o autor: “Uma das formas populares de dizer que alguém morreu, bateu as botas, foi para o beleléu. O berço da expressão se encontra no antigo cemitério da Cacuia, situado junto à praia do mesmo nome, na Ilha do Governador, cidade do Rio de Janeiro. Por aquelas bandas, dizia-se que o sujeito, ao abotoar o paletó, vai pras cacuias – ou pras cucuias.”
CAMA-DE-GATO – No meu tempo de criança, durante o recreio no Grupo Escolar de Igarapava, a gente brincava de “cama de gato”, que era combinar com dois “moleques” de derrubar um terceiro. Um procurava conversar com a “vítima”, enquanto o outro se agachava atrás. Sofrido o empurrão, o menino caia de costas e a gente gritava: “Cama de gato é no chão!”
TINTIM POR TINTIM – “Tintim, como todos sabem, é vocábulo de natureza onomatopaica. Designa o som que fazem as moedas quando se chocam uma com as outras e sugere que todo pagamento deve ser feito como combinado, moeda a moeda.” Vulgarmente é quando um fato é contado com todos os detalhes: Tintim por tintim.
COR DE BURRO FUGIDO – Burro fugido não tem cor definida. Quem for pegar um burro fugido tem que ter cuidado é com os coices. Então, CORRA de burro fugido.
LAMBE-LAMBE – “É que o fotógrafo antigo, usando a saliva, lambia o material sensível para marcar e identificar de que lado estava a emulsão química usada para fixar a imagem no papel ou chapa, e não colocá-lo do lado errado na hora de bater a fotografia.”
CACOETE – “Do grego kakoethes, vicioso… é o hábito de reprisar com frequência palavras ou gestos durante a conversação.”
GASTRONOMIA – “A palavra deriva do grego gastrós, estômago, ventre, e de nomos, conjunto de regras, e se refere não apenas à preparação do alimento, mas também aos prazeres da boa mesa. Cada vez mais a arte culinária se aprimora e traz novas e sofisticadas opções ao paladar.”
ORQUÍDEA – “Essa graciosa planta ornamental está associada a órgãos nada graciosos: os testículos masculinos! O berço da palavra é o grego órchis, testículo.”
PANACEIA – “Vem do grego pan, todos, e ákos, remédio. Na mitologia era o nome de uma deusa, filha de Esculápio, o deus da Medicina.”
PAQUERAR – “Paquerar é caçar pacas. Popularmente é demonstrar interesse por alguém. Antigamente era fazer a corte. A fonte do vocábulo vem to tupi paka, roedor de cerca de 10 quilos e de carne saborosa!”
Isso é somente uma prova da excelência do livro do versátil escritor Márcio Cotrim, perdoando-me pelas intromissões.
Macktub!
(Bariani Ortencio. [email protected])