Beatles num céu de diamantes é espetáculo poderoso
Redação DM
Publicado em 20 de março de 2016 às 09:56 | Atualizado há 9 anos
A musicalidade do espetáculo “Beatles num céu de diamantes” é algo espantoso. Mas o que fica na memória é o desempenho artística global, que abrange também a parte cênica.
O espetáculo apresentado neste sábado no Teatro Madre Esperança Garrido, em Goiânia, é uma das mais virtuosas odes ao conjunto da obra dos rapazes de Liverpool.
Para quem não conhece a fama do espetáculo, que é sucesso de público no Brasil e exterior, ocorre uma surpresa agradável logo nas primeiras vocalizações.
Assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, a obra tem variado seu elenco, mas manteve a qualidade.
Os músicos são excepcionais, com grande variedade de timbres e capacidade para amplificar ainda mais o que era considerado como característica fundamental dos Beatles: as melodias ricas e muitas vezes barrocas, as capelas com vocação contrapontística (em parte as vozes não funcionam como um coral, mas como melodias diferentes que se comunicam e se cruzam) e a dramaticidade.
No sábado, a plateia se encantou com a performance. Musicalmente, existe uma construção de arranjos que modernizam a obra dos Beatles – “Come Together”, por exemplo, tornou-se um rap.
Cenários e figurinos também foram refeitos ao longo do tempo, com destaque para a versão atual, que mistura bolas de sabão, malas, guarda-chuvas e roupas que adequam a uma proposta revisionista da obra.
Veja teaser do espetáculo
BLUESY
Ao final, o que se percebe é a versatilidade dos atores-cantores e a grandeza da obra de Paul-John-George-Ringo. “Lucy in the Sky with Diamonds”, “Daytripper”, “The End”, “Because”, “Ticket to Ride”, “Hey Jude”, “Strawberry Fields Forever” e vários outros clássicos são compartilhados e mimetizados em um monte único, raro e profundo.
Um dos grandes momentos do espetáculo ocorre quando as vozes de dois oponentes se cruzam para cantar músicas diferentes: eles fecham a apresentação cantando “Yesterday” e “Let it Be” ao mesmo tempo.
Todavia, o momento mais mágico é a vocalização para “Oh, darling”, uma composição de John Lennon saudosista e bastante bluesy. A plateia fica no chão.
Trata-se de espetáculo cuja arte é apresentada não em estado bruto, como fizeram os Beatles, mas lapidada por artistas que em nada devem aos grandes cantores universais. Com uma atitude operística ou camerística, eles tornaram o rock dos Beatles ainda mais sofisticado do que já era.
Espetáculo perfeito. E que dá uma pena saber que nem todos poderão contemplá-lo, seja por falta de oportunidade ou mesmo de conhecimento.
O espetáculo com os nove músicos segue hoje no teatro Madre Esperança Garrido, às 20h. Imperdível.
Serviço
Beatles num céu de diamantes
Teatro Madre Garrido
Hoje, domingo, 20/03, às 20h
Ingressos a partir de R$ 25