Cultura

O fenômeno Kelly Key

Redação DM

Publicado em 2 de março de 2016 às 21:07 | Atualizado há 5 meses

 

Desde que surgiu na mídia como cantora, Kelly Key vem exercendo várias funções no meio artístico, entre elas compositora, apresentadora, modelo e dançarina. Sucesso entre o público jovem feminino, estourou nas rádios com dezenas de hits e vendeu em toda sua carreira mais de dois milhões de cópias. Surgiu em 1999, atingindo sucesso nacional em 2001 através do single ‘Baba’, que foi uma das canções mais tocadas do ano em toda a América Latina. A artista também ganhou visibilidade como sex symbol, posando nua para revistas como a Playboy. Seu discurso de naturalização da sexualidade feminina causou reações por parte da camada mais conservadora do país.

Em postagem no blog ‘Pensar enlouquece’, o colunista Inagaki, em meio à algumas críticas, coloca Kelly Key como uma alternativa à imagem imaculada de Sandy na música adolescente brasileira. “A aparição de Kelly Key teve pelo menos um aspecto benéfico: tornar defasado o modelo virginal representado por Sandy. Ms. Key é uma cantora com vida sexual ativa, e assume isso sem as hipocrisias e moralismos de praxe”. Para Inagaki, a realidade da cantora se mostrava mais próxima da situação dos jovens brasileiros, e a postura da artista ajudou a quebrar tabus em relação à sexualidade feminina.

Campanhas

Desde que começou a tocar com frequência nas rádios do país, o fenômeno Kelly Key passou a ser visto como uma ferramenta de aproximação da população brasileira em campanhas de políticas públicas. Seu sucesso, principalmente entre o público feminino jovem de baixa renda, fez com que ela fosse escolhida para uma série de comerciais incentivando o uso de preservativo em 2003. O slogan escolhido para campanha foi “Sexo sem camisinha? Só olha e baba baby”, em referência ao primeiro grande sucesso ‘Baba’.

A campanha dividiu opiniões, e gerou uma série de críticas por parte dos fãs e pais de fãs conservadores da cantora. Alguns chegaram a dizer que seu uso na campanha não era adequado, já que ela engravidou bastante jovem. A campanha mostra ainda Kelly comprando preservativos em uma farmácia, para ajudar a quebrar o tabu de que mulheres não devem tomar a iniciativa na hora da proteção. A cantora também defende frequentemente a luta por direitos iguais por parte da comunidade LGBT, declarando em 2015 que não se importaria se seus filhos se declarassem homossexuais, pois eles devem crescer “abertos para a sexualidade deles”.

Cenário pop

Em 2015, após sete anos do lançamento do último álbum de inéditas, Kelly Key ressurge com ‘No controle’. A estrutura do disco abrange vários ritmos musicais, abordando elementos de zouk, kizomba (estilo popular em Angola) e eletropop. A maioria das letras segue na linha tradicional da cantora, e trata de temas românticos. Phillip Allagayer, em resenha para o veículo Dammit, disse que o álbum “reviveu o pop nacional no mercado fonográfico do país”, que passa por um momento de quase unanimidade sertaneja. Segundo Kelly, o marido dela, o empresário angolano Mico Freitas foi o responsável por sua aproximação com ritmos do país africano.

Mais de dez anos após da explosão de Kelly Key e de grupos pop como Rouge e Br’oz, a música pop brasileira encontra cada vez menos espaço nas rádios e no mercado fonográfico, sendo Anitta uma das poucas representantes do estilo a conseguir sucesso comparável ao dos artistas da década anterior. Allagayer comenta ainda que ‘No controle’ é um amadurecimento musical para a carreira da cantora. “Nota-se o amadurecimento pessoal e profissional da cantora, como nas produções e composições. As faixas Quarto 313, Quem É e Let It Glow são as faixas que melhor demonstram o avanço de Kelly Key com a música”.

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