A sociedade cansou do governo petista
Redação DM
Publicado em 15 de março de 2016 às 00:26 | Atualizado há 9 anos
Sou um jornalista que aprecia escrever sobre a cadeia que envolve o agronegócio. Não importa o tamanho da propriedade agrícola. Se de grande pecuarista, do médio ou do pequeno. Para mim, todos têm seu lugar ao sol. Ou seja, tem sua importância no cenário do abastecimento, comida na mesa do brasileiro, exportação do excedente, geração e manutenção de empregos.
Mas, infelizmente, os produtores de todo porte têm sofrido com a política econômica vigente. Como o cidadão comum, os produtores e seus familiares sofrem a consequência da inflação voraz, que corrói a sua renda. E pense bem: a única coisa que ele sabe é trabalhar a terra, semear o chão, manter os tratos culturais, solo produtivo, pedir a Deus para mandar a chuva no tempo certo, evitar as pragas e as doenças nas plantações.
Na pecuária de corte, os cuidados se desdobram também. Com a implantação dos sistemas de confinamento, ocorre a redução das áreas de pastos e maior divisão da terra. Na pecuária leiteira, há um tempo para cada momento. À tarde, manter as vacas nos estábulos fora dos bezerros, para tirar o leite já no alvorecer do dia e proceder à entrega dos galões às indústrias de laticínios. Na pequena produção, muitas vezes maridos e mulher e filhos cumprem essa tarefa. Isto da porteira pra dentro da propriedade.
Da porteira para fora, começa o envolvimento do governo. Como está a estrada vicinal, missão que cabe aos prefeitos. E as rodovias estaduais e federais? A falta de logística nos transportes, com ênfase para a integração da rodovia, ferrovia e hidrovia é reclamada com insistência pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no plano nacional.
Em Goiás, por exemplo, o Fórum Empresarial, composto pela Fieg, Fecomércio e Faeg, se desdobra. Afinal, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda responde pelo lado positivo do Brasil. Mas, se o dólar nas alturas favorece a comercialização dos produtos exportados, onde sobressai a soja e milho no momento, os insumos importados retiram a lucratividade da propriedade rural.
Como cidadão comum, os produtores e seus familiares querem escolas de bom nível educacional para os seus filhos; querem saúde no meio rural; defendem maior segurança, porque o crime está migrando das cidades para o campo. Caso contrário, os filhos vão estudar na cidade e não votam mais. Como a maioria, rala na sua tarefa do dia-a-dia. E vê a corrupção, nome pomposo para ladroagem, grassar como nunca. A impotência é marcada na pessoa no combate aos crimes de praticamente toda a natureza.
Louvado seja Deus, quando desponta o Ministério Público reagindo a essa situação, a Polícia Federal prendendo gente graúda, entre os quais donos de grandes empreiteiras, políticos “das elites”. Para se manifestar publicamente, condenando a corrupção sem precedentes na história do Brasil, ou enaltecendo a atitude do Ministério Público, da Polícia Federal, do juiz Sérgio Moro. Num país mais civilizado, o criminoso é punido normalmente, sem maior barulho da mídia. No entanto, o Brasil está acostumado, isto sim, é ver na cadeia apenas o ladrão de galinha. Isto é, a raia miúda, o pobre.
Com a Operação Lavajato, o País está mudando. A justiça tomou coragem. A Polícia Federal cumpre o seu papel. A esperança renasce com esses guardiões da sociedade. Que espetáculo lindo e elogiável: as passeatas o povo manifestando agradecimento a esses policiais e a esses juízes.
Em Goiânia, 90 mil manifestantes iniciaram a passeata na Praça Tamandaré e encerraram na porta da sede da PF. Estavam praticamente todos de verde-amarelo, a bandeira do Brasil era ostentada com satisfação, balões verdes e amarelos num espetáculo jamais visto. E não é época de Copa.
Reunir três milhões de pessoas nas principais cidades brasileiras de forma espontânea é tarefa difícil. Jamais, impossível quando a sociedade sente na pele um modelo fracassado de administração.
Por isso, a rejeição total ao governo Dilma, que simboliza o petismo. Justamente, o PT que surgiu das portas das fábricas do ABC. De onde surgiu o líder Lula. Um partido que prometeu ser diferente dos outros. De promessa contra o coronelismo, a corrupção, por maior inserção social, mais escolas, mais hospitais e postos de saúde, enfim destinado a proporcionar melhor bem-estar a todos.
Olha o que o líder dos trabalhadores aprontou não está nos gibis. Triplex, sítio que mais parece o paraíso, entre outras patifarias. Não importa se a alegação petista é de que não há prova das propriedades. Os indícios são sustentáveis. O MP e a PF merecem credibilidade. Tudo está em nome de laranjas ou testas-de-ferro. Oh, santo Deus, não faça a sociedade de burra.
Falava lembrando mais os produtores rurais, mas todo o povo cansou das promessas vãs dos governos petistas. Por seu sistema ideológico, político e titubeante na economia, a sociedade quer fora esse petismo anacrônico.
(Wandell Seixas é jornalista voltado para o agro, editor de Agroindústria do Diário da Manhã e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)