“Um homem que sabe tudo e que nunca morre”
Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 23:07 | Atualizado há 4 meses
Londres, Edimburgo, Versalhes, Escócia, Países Baixos, Rússia, Bélgica, Alemanha. São estes alguns dos países por onde teria passado o Conde de Saint German, em sua peregrinação durante o século XVIII. Apresentava-se ora como um exímio violonista, ora como joalheiro (lapidador e ouvires), ora maçom, e por vezes alquimista. Sua versatilidade e habilidades impressionavam, chegando até a levantar suspeitas de que o Conde possuía a pedra filosofal e o elixir da juventude, tendo em vista que inúmeros relatos de distintas pessoas afirmavam que ao longo de 50, 70 anos a aparência do conde permanecera imutável.
Pouco se sabe de maneira concreta sobre a vida, morte e origens do Conde, nem mesmo seu nome verdadeiro. Sua data de nascimento remete a 28 de maio de 1696, mas há suspeitas de que tenha nascido em 1709. O local de nascimento do Conde é consenso: a Transilvânia. É possível que daí venha a suspeita de sua filiação como sendo herdeiro do príncipe da Transilvânia, cujo nome o conde usou para identificar-se ao príncipe Carlos de Hesse-Kassel, na Alemanha, em 1779. Foi também sob os cuidados do príncipe Carlos que o Conde morreu, em 1784.
São atribuídos também a paternidade/maternidade do Conde de Saint-German à Marie-Ann, viúva de Carlos II da Espanha com o conde Adenero; historiadores portugueses afirmam, por sua vez, que ele era filho ilegítimo de D. João V, rei de Portugal com uma freira. O Conde de Saint German fora educado na Itália, foi pupilo do Grão-Duque Gian Gastone, o último dos Médici. Mas só se apresentou socialmente por volta de seus 47 anos, em Londres (1743) e posteriormente em Edimburgo (1745), onde possivelmente fora preso por suspeita de espionagem. Reaparece em Versalhes (1758) onde trabalhava como ouvires, lapidador e também com tingimento de tecidos que jamais desbotavam, devido a uma tal fórmula mágica de suas tinturas.
Bem relacionado, frequentava os salões da nobreza pelos reinos onde passava. Neste período fora apresentado a Jean Jacques Russeau, Horace Walpole e possivelmente a Voltaire, que o descreviam como enigmático, excelente violinista, porém com pouca sensibilidade. “Um homem que sabe tudo e que nunca morre” teria dito Voltaire. Muitos de seus feitos podem não passar de lendas, mas que perpetuam através da história. Como por exemplo a tal capacidade do Conde de Saint German em transformar qualquer pedra em diamante, e na Bélgica, na presença do primeiro-ministro, transformara um pedaço de ferro em algo cuja aparência remetia a ouro.
Sua riqueza, abundante em diamantes (pedras com as quais gostava de presentear), ouro, e duas pedras de tamanho considerável de opala e safira, também era de origem incerta. Teria o Conde ficado rico transformando pedregulhos e ferros em pedras e metais preciosos? Após sua morte, são incontáveis os relatos de pessoas que, desde o fim do século XVIII afirmaram tê-lo conhecido. Na década de 1970, o francês Richard Chanfray tornou-se uma figura pública, aparecendo em vários programas de televisão pela Europa, alegando ser o Conde Saint German e afirmando possuir o dom de transformar chumbo em ouro.
Outro fato relacionado à personalidade do Conde era o de seu conhecimento de diversas línguas, e de nunca ter sido visto comendo ou bebendo em cerimônias públicas.
Espiritismo
Graças às atribuições fabulosas ao Conde alguns seguimentos espíritas passaram a estudá-lo e cultuá-lo em várias partes do mundo, considerado como um mestre. Tendo ele encarnado diversas vezes, inclusive como José, pai adotivo de Jesus e como o próprio Allan Kardec, fundador do Espiritismo. Os místicos e religiosos afirmam que Mestre Saint German exala a chama violeta (possível cor dos olhos do Conde), a maior forma de energia que há na Terra atualmente.
O Retrato de Dorian Gray
Há uma possível correlação entre o livro de romance filosófico do dramaturgo inglês Oscar Wilde – cuja obra serviu de inspiração para o filme homônimo de 2009, dirigido por Oliver Parker – e a vida do intrigante Conde de Saint German. Tanto no livro (fortemente criticado pelos críticos literários britânicos por considerar a obra uma afronta à moralidade) quanto no filme narram a história do retrato do belo jovem Dorian Gray, óleo sobre tela de Basil Hallward. Dorian, sabendo que sua beleza desapareceria, vende sua alma em troca de juventude eterna, e passa a levar uma vida de amoralidades. Todas as suas desventuras, no entanto, refletem no retrato, que envelhece, levando Dorian a escondê-lo em um sótão.