Divergências no depoimento da enfermeira
Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2016 às 01:31 | Atualizado há 9 anos
O resultado das investigações acerca do desaparecimento da auxiliar de enfermagem apontam a participação do engenheiro Antônio Davi dos Santos Filho, 40 anos, e do líder do Instituto Céu do Patriarca e Matriarca, Cláudio Pereira Leite, de 44 anos. De acordo com informações da Polícia Civil, os depoimentos prestados pelo engenheiro não condizem com a dinâmica dos fatos e mostram que ele teve a intenção de esconder a responsabilidade pelo desaparecimento da enfermeira.
Para o delegado Thiago Damasceno, chefe do Grupo de Investigação de Pessoas Desaparecidas e do Grupo Antissequestro da Delegacia de Investigações Criminais (Deic), apesar do engenheiro Antônio afirmar que não esteve com Deise após o período na chácara, existem provas que ele entro no carro com ele na ocasião do sumiço.
De acordo com a Polícia Civil, conversas com Antônio gravadas pela própria família, nos dias seguintes ao desaparecimento ajudaram a polícia a encontrar contradições entre as explicações dadas pelos suspeitos e os depoimentos formais prestados à autoridade policial. Ainda para a polícia, existem indícios que leva a crer que Antônio alcançou Deise, que havia deixado a chácara a pé, a matou e escondeu o corpo.
A polícia também relata que apesar de alegar ter passado a madrugada procurando pela mulher, Antônio não foi reconhecido por ninguém da região e, conforme relatos de testemunhas, não procurou por Deise em nenhum momento, nem no posto policial e nem no posto de combustíveis às margens da GO-080, como havia relatado à polícia. “Ouvimos frentistas e policiais de plantão. Ninguém naquela noite procurou por uma mulher desaparecida”, afirma o delegado.
Ambos os suspeitos já estão presos e devem responder por homicídio e ocultação de cadáver e ocultação de cadáver.
Peça de roupa
Uma peça de roupa que Deise usava ao deixar a chácara também foi fundamental para montar o quebra-cabeças da investigação, segundo a polícia. A blusa branca que ele usava quando deixou o local foi encontrada no carro que Antônio devolveu à família na manhã seguinte ao desaparecimento. Conclusões da perícia também apontaram falhas nas explicações de Cláudio.
Bruxaria
Ainda segundo a investigação da polícia, o líder da seita, Cláudio Pereira, teria orientado aos participantes da seita do Daime a uniformizarem as versões dadas aos investigadores, para interferir no andamento da apuração do caso. “Ele chegou a encomendar trabalho de bruxaria para atingir jornalistas, familiares e policiais”, conta o delegado Thiago. Para o delegado, Cláudio sabe que destino foi dado ao corpo da enfermeira.
O caso
Na ápoca, o Corpo de Bombeiros também realizou as buscas por Deise na região em que ela desapareceu até o dia 17 de julho, mas ela não foi encontrada. Na versão dada por Antônio, a mulher havia resolvido ir embora após se aborrecer na chácara, saiu sozinha e sumiu. Na ocasião, outras dez pessoas participaram do ritual. A versão foi confirmada por Cláudio, líder da seita.
Segundo a família, a auxiliar de enfermagem estava deprimida e fazia o uso de remédios controlados. Ela entrou para a seita três meses antes de desaparecer, quando passou a tomar o chá da substância alucinógena ayahuasca. Dois dias após o desaparecimento, roupas de Deise foram achadas numa fazenda vizinha à chácara usada para os rituais. Para a polícia, os objetos foram deixados no local por Antônio. Até hoje, o corpo da auxiliar não foi achado.
(com informações da Assessoria/Polícia Civil)