Política

Daniel vence, o desafio é unir o PMDB

Diário da Manhã

Publicado em 8 de fevereiro de 2016 às 22:21 | Atualizado há 9 anos

O PMDB tem uma nova maioria. Após anos de domínio absoluto do ex-governador Iris Rezende Machado, o comando do partido muda de mãos, com a eleição do deputado federal Daniel Vilela (Chapa União pelo Futuro), que bateu com 73% dos votos dos 238 delegados do partido, contra  a chapa do ex-prefeito de Bom Jardim de Goiás Nailton Oliveira(Chapa PMDB Autêntico), que teve 26%. Em entrevista à imprensa, Daniel Vilela afirma que viveu “um dia histórico, uma convenção histórica, acima das outras. Hoje é o marco inicial de um projeto que vai voltar a recuperar Goiás aos braços de quem deveria nunca ter saído”, garante.  O candidato derrotado, alega que o processo de disputa interna no PMDB é importante para a performance do partido nas próximas eleições municipais e estaduais. “Integrar e interagir o partido visando às eleições de 2016 e também de 2018. Essa disputa mostra que o PMDB não está morto”, afirma.

Daniel é filho do prefeito Maguito Vilela e Nailton teve o apoio do casal Iris Rezende e Iris Araújo. Derrota para Iris e vitória para Maguito? Sim e não. No seu discurso, antes da disputa, o prefeito de Aparecida de Goiânia destacou Iris como o líder maior do PMDB e exortou os peemedebistas à unidade. “Chega de perder eleição. Temos que ficar unidos. O vencedor vai ter que ter a humildade de chamar o vencido e unificar o partido, tornar o partido forte para as próximas eleições”, declara.

O ex-prefeito também fez um discurso em favor da união do partido. “Ouvi o discurso do Daniel e ele disse que apoiaria quem ganhasse. Ouvi o discurso de Nailton, e ele também disse o mesmo. O partido e os correligionários precisam pensar em colocar o partido com o olhar voltado para o povo, então espero que  após a convenção, aqueles que disputaram se unam colocando o partido em primeiro lugar”, pontua.

Projeto

O novo presidente do PMDB quer o partido disputando as eleições na maioria dos municípios do Estado em chapa própria. Seu objetivo é eleger mais prefeitos do que o PSDB e demais partidos da base governista e diz que irá a tender aos correligionários em Goiânia e em Brasília, e fará visitas nos municípios. “Vamos manter a tradição do PMDB de eleger o maior número de prefeitos, e vamos ampliar este número. Garanto que o partido vai dar suporte aos diretórios municipais e a todos os candidatos a prefeito e vereador.” A comunicação é outra preocupação urgente de Daniel Vilela.

O novo dirigente  aposta nas redes sociais para melhorar a imagem do PMDB junto ao eleitor. “A internet é um canal que hoje não é usado adequadamente. Vamos organizar isso”, garante.

Daniel Vilela informa que pretende  retomar os encontros regionais e dar prioridade ao fortalecimento dos diretórios municipais. Hoje o PMDB está organizado em comissões provisórias e diretórios em 146 das 246 cidades do Estado.

Sucessão

Maguito é visto dentro e fora do PMDB como o nome mais viável para a sucessão do governador Marconi Perillo (PSDB). O mesmo pode ser dito de Daniel Vilela. Maguito sai consagrado do seu segundo mandato como prefeito de Aparecida de Goiânia. Daniel sobe mais um degrau ao assumir a direção do PMDB no Estado. Vai depender da habilidade de um ou de outro para saber quem será o candidato ao governo do Estado, pois, não basta Daniel vencer uma disputa interna no PMDB. O desafio será unir o partido até 2018 para que a máquina peemedebista tenha força para enfrentar a máquina governista. E não custa lembrar que desde 1998, a história não tem favorecido ao PMDB.

O recado de Iris

É preciso observar também qual será a postura de Iris Rezende neste pós-eleição. Todos os que discursaram do presidente metropolitano do PMDB, Bruno Peixoto, passando por Daniel Vilela, Maguito Vilela e Nailton Oliveira, todos foram unânimes em declarar apoio à candidatura de Iris Rezende. Mas, o próprio Iris mostra-se reticente. Na coletiva à imprensa, não confirmou se será mesmo candidato a prefeito:

– “Eu ainda não estou cogitando isso. Eu tenho que ser muito cauteloso para tomar decisões políticas. Agora, eu tenho procurado abrir espaço e colocar a juventude na frente. Eu entendo que os jovens têm que agir como eu agia quando jovem. Fui eleito prefeito com 31 anos de idade, vereador com 25, deputado com 28 anos. Então, nós temos que botar a juventude para participar, para assumir liderança. Tudo tem um limite na vida e acho que meu limite está chegando”, frisa.

Qual recado Iris está mandando para o PMDB? Quais compromissos quer para ser o candidato a prefeito de Goiânia? Qualquer peemedebista com um mínimo senso sabe que a vitória de Iris na capital é um facilitador para o partido nas eleições de 2018. Então por que a dúvida do líder maior? Talvez porque ele também queira influir nos destinos do PMDB, como sempre fez. Se Daniel Vilela fecha as portas para a sua contribuição em 2018, porque ele, Iris, irá contribuir com Daniel Vilela em 2016?

Desafio para Daniel

Daniel Vilela deve saborear a vitória. É um marco importante. Ele é provavelmente o mais jovem presidente que o PMDB já teve no Estado. Mas juventude não é tudo. O PMDB é um partido nos moldes do getulismo, já que foi criado pelo próprio Getúlio Vargas em 17 de julho, para ser um partido auxiliar do PTB, a legenda que comandava. Getúlio queria o PTB como partido ideológico, com bases no trabalhismo, apoio dos sindicatos e nos servidores públicos e o PSD um partido com menos viés ideológico e mais pragmático, para ocupar o centro do espectro politico. Desde então o PSD e o PMDB, é um partido de convergências e diálogos. Não é da tradição peemedebista radicalismos. Não foi assim nem na ditadura, e nem pós-ditatura. E é por isto que no Brasil nenhum presidente governa sem o PMDB, pois o partido, postado no centro, converge hora para direita, hora para esquerda, conforme o momento político exige. Portanto, se quer ser governador, primeiro Daniel Vilela terá que governar o PMDB.

A história recente mostra no que dá radicalismos no PMDB. José Júnior Batista, o Jr. Friboi, pensou que seu sucesso empresarial bastaria para ascender à condição de líder máximo do PMDB. Não bastou. Perdeu a disputa interna para Iris Rezende, mesmo com apoio de vários líderes como Maguito Vilela, Pedro Chaves e o próprio Daniel Vilela. Na Câmara Federal, outro exemplo. Corrupto, intransigente, desequilibrado. Qualquer um destes adjetivos serve como uma luva para qualificar o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),  enrolado até o pescoço no lamaçal de corrupção da Petrobrás. Cunha esticou demais a corda e ela agora estourou, laçando o seu pescoço que deve ir à forca após o carnaval.

Se Daniel Vilela compreender a dinâmica interna de seu partido, terá um longo caminho como líder político e partidário. Se atropelar companheiros ou pular etapas, pode ter vôo de pato. Ele parece estar ciente disto e promete superar com trabalho as dificuldades iniciais “Estamos em um momento de eleição e há duas chapas disputando. É natural haver embate de ideias, mas tenho confiança que as divergências serão sanadas após a eleição. Percebo esta vontade em nossos integrantes, começando por nossos principais líderes, Iris e Maguito”, salienta.

Segundo o dirigente, o PMDB tem um histórico de ser presidido por quem tem mandato e sua eleição confirma esta tradição. “É assim na maioria dos estados, inclusive Goiás. Estar aqui em Goiânia e em Brasília é, na verdade, uma vantagem logística. Estaremos mais perto dos companheiros de norte a sul, e em contato direto com o comando nacional do partido”, acredita.

Disposição para o trabalho e juventude não faltam a Daniel. O desafio agora é saber se ele está pronto para se firmar como articulador político, capaz de convergir para si todas as tendências do partido.

Frases

“É um dia histórico, uma convenção histórica, acima das outras. Hoje é o marco inicial de um projeto que vai voltar a recuperar Goiás aos braços de quem deveria nunca ter saído”

Deputado federal Daniel Vilela

 “Nós temos que nos preparar, que a partir de hoje, iniciar um  projeto que vamos apresentar aos goianos factível, com os pés no chão, que governe para as pessoas e não para os governantes”

Deputado federal Daniel Vilela

“Vamos manter a tradição do PMDB de eleger o maior número de prefeitos, e vamos ampliar este número. Eleito presidente estadual, garanto que o partido vai dar suporte aos diretórios municipais e a todos os candidatos a prefeito e vereador.”

Deputado federal Daniel Vilela

 “A internet é  um canal que hoje não é usado adequadamente. Vamos organizar isso”

Deputado federal Daniel Vilela

 “Quero colocar no PMDB uma instituição jurídica para que possa defende os nossos prefeitos e nossos vereadores, porque quando são denunciados, o partido não defende nenhum deles. O PMDB tem que ter um diretório autentico para defender os filiados”

Ex-prefeito Nailton de Oliveira

 Integrar e interagir o partido visando às eleições de 2016 e também de 2018. Essa disputa mostra que o PMDB não está morto”

Ex-prefeito Nailton de Oliveira

“O vencedor vai ter que ter a humildade de chamar o vencido e unificar o partido, tornar o partido forte para as próximas eleições

Prefeito de Aparecida de Goiânia,  Maguito Viela.

 “Eu procurei me manter na posição de conselheiro, eu espero que partido tenha o juízo suficiente para realizar a eleição e após a eleição os que integraram a chapa se unirem para colocar o povo em primeiro lugar”

Ex-prefeito Iris Rezende

“Eu ainda não estou cogitando isso. Eu tenho que ser muito cauteloso para tomar decisões políticas. Agora, eu tenho procurado abrir espaço e colocar a juventude na frente. Eu entendo que os jovens têm que agir como eu agia quando jovem. Fui eleito prefeito com 31 anos de idade, vereador com 25, deputado com 28 anos. Então, nós temos que botar a juventude para participar, para assumir liderança. Tudo tem um limite na vida e acho que meu limite está chegando”

Ex-prefeito Iris Rezende

“O povo, o partido não podem queixar-se de mim, porque eu nunca deixei o partido, no passado, sem candidato. Quando não tinha candidato, eu deixava ministério e vinha para disputar o governo. Deixei a prefeitura uma vez para disputar o governo”

Ex-prefeito Iris Rezende

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