Cultura

O “abre alas” do carnaval

Redação DM

Publicado em 8 de fevereiro de 2016 às 20:49 | Atualizado há 6 meses

Mas, ainda consegue encantar novas gerações, graças a seu charme retrô e divertido. Elas guardam ainda muitas histórias. Conheça algumas a seguir

Elas são politicamente incorretas, maliciosas, divertidas e abusam do duplo-sentido. Contam ainda um pouco da história, costumes e humor residentes entre as décadas de 1920 e 1960, época em que reinavam absolutas pelos salões, nas festas de carnaval do Brasil. São assim as marchinhas, que mesmo com a chegada de fortes concorrentes, como o samba-enredo e o axé dos trios elétricos, ainda podem ser ouvidas por aí. É claro, que nem tanto como antigamente, mas elas resistem em blocos carnavais, folias de rua de cidades históricas, ou festas.

Este estilo de fazer música nasceu na década de 1920, muito influenciado pelas marchas portuguesas, mas também bebeu na fonte do jazz norte-americano.A primeira composição neste estilo foi a composição de , intitulada Ó Abre Alas, que feita para o  Rosa de Ouro.Mas, aos salões de carnaval, elas chegaram mesmo na década de 20, com canções como Pois Não  e João da Praia, e Ai Amor, de Freire Júnior.  Depois disso, pode-se dizer que este estilo viveu sua época de ouro: grandes compositores como João de Barro, Noel Rosa, Ary Barroso e Roberto Kelly faziam músicas para, ninguém menos que Carmen Miranda, Silvio Caldas e Dalva de Oliveira.

Daí em diante, as marchinhas começaram a perder espaço para os e, composições novas pararam de surgir. Contudo, na década de 1980, lançamentos do estilo chegaram às paradas de sucesso,  canções como “Balancê”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, que foi interpretada por Gal Costa e “Sassariacando” de e Oldemar Magalhães, gravada por para a trilha sonora da novela homônima.

Mas, depois destes hits, as produções de marchinhas foram, novamente perdendo a força. Mas, nos últimos anos é possível notar uma tentativa de reforçar a renovação do estilo, por meio de novas composições. Por isso, é comum concursos para promover o estilo, e um, inclusive, foi até produzido pela Rede Globo, através de um quadro do Fantástico, em 2014.  Há também diversas releituras, que misturam as clássicas músicas, com ritmos, a exemplo do rock e, até funk, na tentativa de torná-la mais atraente às novas gerações.

Os bastidores das marchinhas

Ciúmes, amor, Commedia Dell’arte e até política. Entenda a seguir os assuntos que estão por trás destas divertidas canções

CABELEIRA DO ZEZÉ

Esta composição, ao que tudo indica, foi composta por puro recalque em 1964,pelo apresentador e ator Roberto Faissal e pelo músico João Roberto Kelly. Na época, eles trabalhavam na TV Excelsior do Rio de Janeiro e, durante os intervalos das gravações, frequentavam o bar São Jorge, em Copacabana. Um dos garçons – que se chama José – ostentava uma grande cabeleira. E, por tal motivo chamava a atenção do bar, e até da namorada de Kelly. Enciumada, a dupla começou a compor a música “Cabeleira do Zezé”, que se tornou um grande sucesso dos bailes de carnaval.

MARIA SAPATÃO

Kelly também é autor desta marchinha. Esta, por sua vez, foi escrita em parceria com o apresentador Chacrinha. A música foi uma das mais executadas no Carnaval de 1981.

O RETRATO DO VELHO

Quem disse que Carnaval não tem a ver com política? Tem sim! Prova disso é esta canção, que foi composta por Haroldo Lobo e Marino Pinto em 1950,para ser o jingle da campanha de Getúlio Vargas para presidente da república.A música ajudou a eleger o candidato e foi além: saiu da disputa eleitoral para animar os bailes. A letra faz apologia a Vargas, mas também foi usada de forma satírica pelos foliões para expressar sua indignação política. Essa não foi a única vez em que as marchinhas de Carnaval foram utilizadas para ajudar candidatos.Em 1960, Jânio Quadros se utilizou do mesmo recurso com a famosa estrofe“Varre, Varre Vassourinha”

AURORA

Mario Lago já contou os bastidores por trás da marchinha Aurora, que foi feita em uma Quarta-Feira de Cinzas, “numa época em que Quarta-Feira de Cinzas era realmente uma tristeza”. O ano era 1941, e a música ganhou as ruas no Carnaval seguinte – e segue sendo uma das mais tocadas ainda hoje. Em um dia, Roberto Roberti chegou com o refrão para ele, e os dois terminaram a letra juntos.

TURMA DO FUNIL

“Chegou a turma do funil / Todo mundo bebe / Mas ninguém dorme no ponto / Ai ai, ninguém dorme no ponto / Nós é que bebemos e eles que ficam tontos”. Essa marchinha habita com freqüência não apenas o carnaval, como também as mesas de bares, foi criada em 1956 por Mirabeau, M de Oliveira e Urgel de Castro e ganhou uma regravação de muito sucesso em 1980, por Tom Jobim e Miúcha.

PIERROT, APAIXONADO

O triângulo amoroso entre os três famosos personagens da Commedia dell’Arte, gênero teatral criado no século XVI, na Itália, foi a inspiração para a marchinha “Pierrot Apaixonado”,composta por Noel Rosa e Heitor dos Prazeres. Na trama, o Pierrot é um serviçal pobre e ingênuo que se apaixona pela Colombina, uma dama de companhia,mas ela só tem olhos para o Arlequim,um servo debochado e preguiçoso.A história também foi tema da música “Máscara Negra”, composta por Zé Keti em 1967.

 

MULATA IÊ IÊ IÊ

 

Esse outro sucesso de João Roberto Kelly foi composto em homenagem à primeira mulher negra a concorrer ao título de Miss Brasil. A “mulata bossa nova” da canção é Vera Lúcia Couto,eleita Miss Estado da Guanabara em 1964. Ao vê-la desfilando durante o concurso, Kelly ficou admirado com a beleza e elegância da modelo e escreveu a música. O sucesso da marchinha se estende até os dias de hoje.

 

O TEU ACABELO NÃO NEGA

Escrita em 1932, a letra original foi criada por uma dupla pernambucana que a entregou aos cuidados do compositor Lamartine Babo, para que ele lhe desse “cariocada” na canção.

A PIPA DO VOVÔ NÃO SOBE MAIS

Essa marchinha não é mesma sem a voz inconfundível de quem a fez tão famosa:Silvio Santos, nos anos 80. Mas letra e música são autoria de Manoel Ferreira e Ruth Amaral, apesar de muitos

creditarem a autoria ao apresentador.

 

Bandeira Branca

Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, viveram uma história de amor,que quando acabou se tornou um verdadeiro duelo musical, com direito a um mar de indiretas. No entanto, esta canção, que foi composta por Max Nunes e Laércio Alves, Dalva parece acabar com as discussões, com a símbólica bandeira branca.

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