12/1/1966 a 12/1/2016 – bodas de ouro de padre
Redação DM
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 23:56 | Atualizado há 9 anosCompleto 50 anos como padre. A minha formação teológica aconteceu durante os anos do Concílio Vaticano II. Dos anos de padre passei 10 anos como celibatário, sendo três anos como coadjutor em Andradina, Paróquia N.S.das Graças e sete anos como vigário na Paróquia Jesus Bom Pastor, no Bairro Pereira Jordão de Andradina e Senhor do Bom Fim, em Nova Independência.
Aos 35 anos (1976), com o consentimento da Assembleia Paroquial, resolvi namorar a Maria, com a qual me casei no dia 8/1/1977. Ainda continuei com a responsabilidade pastoral em Andradina até dezembro de 1978 e em janeiro de 1979 mudei com a família para Goiânia onde estou até hoje.
Em Goiânia lecionei na UCG, hoje PUC e trabalhei na CPT = Comissão Pastoral da Terra. Por muitos e muitos anos estive ligado principalmente à pastoral da periferia. Dei igualmente minha contribuição no IV Encontro de Cebs em 1.986 e na organização do 1º Curso de Verão em 1989, tudo isto sempre como voluntário. Considero trabalho pastoral todo apoio que dei ao Grampo = Grupo de Articulação do Movimento Popular, um instrumento em favor dos empobrecidos principalmente nas áreas de posse e o trabalho feito no Ceadep = Centro de Assessoria em defesa do ensino público. Colaborei com o Cebi e com as paróquias assessorando encontros bíblicos quando chamado. Ultimamente como beneficiado e também como voluntário sirvo no Amor-Exigente.
Chego aos 50 anos com satisfação porque fui fiel à minha vocação. Tenho algum sentimento de tristeza ao ver como a Igreja regrediu tanto depois dos ares de renovação do Concílio Vaticano II. É bem verdade, que o Papa Francisco tenta novamente abrir às portas da Igreja para o Espírito Santo ventilar e renovar. Mas as dificuldades e as barreiras são imensas. Vejo com compaixão a grande maioria do clero imobilizado e atrapalhado sem saber como ser pastor das ovelhas sem direção. O quadro de pobreza aumenta. A vida em abundância para todos ainda é a utopia que Jesus aponta.
Os padres celibatários contentam-se em manter a situação de sempre, que dá muito trabalho; dá também “status”, muita estabilidade econômica e conforto afetivo, especialmente graças à escassez de padres existentes. Tendo “fórum privilegiado” na Igreja, enquanto padres continuam totalmente ignorados no poder decisório.
A grande maioria dos leigos é a favor da liberação do celibato para os padres casados como também da ordenação de homens casados, porém, sempre educados para a obediência “cega” aos ensinamentos e regulamentos da Igreja, continuam sem vez nem voz, porque estão totalmente excluídos de qualquer participação decisória. E as mulheres, estas ficam ainda mais excluídas, devendo contentar-se com as migalhas que caem da hierarquia.
Sonhar é possível. Viver a utopia é saudável. Sonho que se sonha junto torna a utopia mais palpável e realizável.
Sonho ainda com a utopia de uma Igreja Familiar, onde a hierarquia nasce do serviço prestado e a ordenação tanto de homem como de mulheres nasça da escolha da comunidade eclesial local.
Sonho com a utopia de uma igreja Familiar onde sua principal missão é o acolhimento terno e fraterno de todos organizando a partilha do pão alimento, pão educação, pão saúde, pão justiça, pão solidariedade, o pão participação responsável que traz a vida em abundância entre todos a partir dos mais excluídos.
Sonho ainda com a utopia de uma Igreja Familiar que realiza esta sua missão da partilha do Pão, alimentada constantemente na Palavra e Ceia do Senhor, onde se fortalece e vive na alegria buscando sempre a Construção da Paz e da Unidade entre todos, os de dentro e os de fora, para que o Projeto do Pai aconteça já aqui na terra. Venha a Nós o Vosso Reino.
(José Vanin Martins, voluntário do amor-exigente – vaninmartins.blogspot.com)