Cavalo fronta o(s) rei(s)
Redação DM
Publicado em 3 de janeiro de 2016 às 15:58 | Atualizado há 9 anos
“Recua polícia, recua. O poder popular está na rua” ressoava pelas ruas bloqueadas por manifestantes. Antes da hora do enfrentamento com a polícia aquelas pessoas seguiam caminhando juntas, gritando palavras de ordem e acreditando que poderiam mudar as coisas com mobilização popular.
Na concentração para o protesto, na praça universitária, dava pra ver a esperança nos rostos, alegria até, amigos que se encontravam e se abraçavam e compartilhavam aquele calor por mudança, mas a maioria entendia que se vai pras ruas por indignação, cansaço e não por festa.
Parando o trânsito, ignorando sinais, afinal gente na rua não para pra carro passar. Buzinas, homens e mulheres dentro de seus carros, horário de pico depois de expediente e um bando de moleques fechando as ruas “ô moço, essa é uma luta coletiva, por transporte público, se não vai lutar pelo menos alivia a mão nessa buzina”.
Destino da manifestação, Terminal Praça da Bíblia um dos mais utilizados da cidade de Goiânia. Chegamos, está todo mundo muito nervoso, afinal parecem bem grandiosos PMs em cavalos. “Recua, porque a gente vai entrar”, mas a força do Estado não liga muito pra vozes populares ecoando na rua, só pra ordens por telefone de empresários e políticos-coronéis. Comenta-se dentro da manifestação que o terminal foi evacuado, não deixaram o trabalhador cansado se encontrar com o manifestante revoltado, afinal seria uma mistura digna de um molotov.
E agora? Vamos entrar? Vamos embora? Vamos ver no que vai dar. Alguém cansou de esperar, jogaram uma pedra contra a cavalaria, dizem até que foi a polícia que cansou, um paisana jogou a pedra pra justificar a dispersão da “bagunça”. Correria, desespero. Jogaram os animais pra cima dos manifestantes e eles ainda montavam cavalos. A sequência se dá nos becos, nas ruas paralelas, cassetete em quem não engole seco a dura rotina de abuso. A reação também acontece no escuro, queimaram uns ônibus, prejuízo material pra empresa, mas o seguro cobre, porém algum recado tem que ser entendido desses atos.
Não dá mais pra correr, é apanhar ou enfartar. “Caminha devagar, finge que está tranquilo” alguém que vem atrás dá o aviso “Corre que a cavalaria está vindo”. Leve alívio de um lugar aparentemente tranquilo, aquele estalo “Como estão meus amigos?”.