Cotidiano

Bandidos explodem dois caixas eletrônicos de banco em Niterói

Redação DM

Publicado em 2 de janeiro de 2016 às 06:35 | Atualizado há 10 anos

RIO – Usando dinamites, bandidos explodiram na madrugada deste sábado, dois caixas eletrônicos da agência do Banco HSBC, na Estrada Caetano Monteiro, no bairro do Badu, na Região Oceânica de Niterói. Segundo informaram policiais militares do 12º BPM (Niterói), que foram ao local, o ataque aconteceu por volta das 5h. Não há notícias de feridos. Policiais civis da 79ª DP (Jurujuba) registraram a ocorrência.

É o segundo caso registrado na cidade de Niterói em dois meses. No dia 10 de novembro do ano passado, ladrões também usaram explosivos para roubarem dinheiro de dois caixas eletrônicos da agência da Caixa Econômica Federal, no bairro de São Francisco, na Zona Sul de Niterói. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF), que abriu inquérito para apurar o ataque. Criminosos explodiram os equipamentos por volta de 4h30m. Policiais militares chegaram a ser acionados, mas o bando conseguiu fugir.

Como o GLOBO revelou, autoridades de segurança do Rio e do governo federal estão investigando desde o ano passado, o roubo de cerca de uma tonelada de explosivos ocorrido em maio de 2015 em Deodoro, por traficantes do Complexo da Pedreira, em Costa Barros. O material estava sendo transportado, sem escolta, de um canteiro de obras da prefeitura — as de ampliação do Elevado do Joá, na Barra da Tijuca — para o depósito da empresa Ouro Preto Explosivos Ltda, com sede no Espírito Santo.

O roubo aconteceu por volta de 1h, na Avenida Brasil. Os motoristas Paulo Afonso de Castro Toledo e Lúcio Aurélio Teixeira Braga, dois ocupantes do caminhão placa MRN-9342, da Ouro Preto, contaram que foram forçados a parar o veículo na altura de Deodoro, quando um bando atravessou um Voyage prata na pista. No automóvel, havia cinco homens armados com pistolas e fuzis. Eles fizeram disparos para o alto e ameaçaram atirar para matar. Rendidas, as vítimas foram forçadas a seguir com os criminosos por mais de três quilômetros até o Complexo da Pedreira. Numa das favelas da área, a carga foi retirada do caminhão e os reféns, libertados.

Os explosivos roubados estavam separados em lotes com centenas de bananas de dinamite encartuchadas, cada uma delas medindo cerca de 50 centímetros. No caminhão, havia ainda material utilizado em detonações: vários rolos de cordel detonante (espécie de pavio), feito à base de nitropenta e plástico de polietileno, e muitas espoletas, usadas para acionar a dinamite. Segundo os motoristas da empresa contaram em depoimento, o último item estava sendo levado separadamente, dentro de uma caixa blindada.

O GLOBO descobriu o roubo em Deodoro e o envolvimento de traficantes no crime ao fazer o rastreamento de explosivos, do mesmo lote, apreendidos pela Polícia Militar no início de outubro numa favela de Niterói. Usando informações do código de barra das embalagens e a data de fabricação, chegou-se à Ouro Preto, subsidiária de Órica do Brasil. Os explosivos estavam num barraco da Favela Boa Vista, no bairro do Fonseca, próximo a um dos acessos à Ponte Rio-Niterói. Na comunidade, que não tem UPP, os traficantes são da mesma facção que domina o Complexo da Pedreira.

Os PMs responsáveis pela apreensão disseram que os explosivos estavam no chão de um dos cômodos. A maior parte tinha como data de fabricação abril do ano passado. Segundo os policiais ouvidos pelo jornal, no total foram recolhidos cerca de cem quilos de bananas de dinamite, além de grande quantidade de espoletas e fios condutores. Em fotos que foram feitas durante a operação, O GLOBO contou 197 bananas de dinamite. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram o transporte do material.

Desde o roubo dos explosivos em maio, o crime vinha sendo investigado de forma reservada pela Polícia Civil e por militares do Exército, através do Setor de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região Militar, do Comando Militar do Leste (CML). A Polícia Federal revelou que também investiga o caso.

Vinícius Domingues Cavalcante, especialista em segurança de autoridades e em ações terroristas do país, revelou que é muito preocupante a presença de explosivos nas mãos de criminosos faltando menos de um ano para um dos maiores eventos esportivos do mundo. Segundo ele, no entanto, os bandidos precisarão da ajuda de um especialista para acionar a carga.

— Não é de uso simples. Exige um treinamento específico — disse Vinícius, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança.

O especialista, que já participou de vários cursos ministrados pelo Ministério da Defesa e pela PF sobre uso de explosivos, explicou que o poder de destruição de uma banana de dinamite depende muito de como ela é utilizada.

— Se for acionada numa área descampada, pode ferir gravemente num raio de 15 metros. No confinamento, a detonação é amplificada, e o impacto é muito maior — disse.

Apenas no ano passado, segundo informações de autoridades de segurança pública, quatro ataques a caixas eletrônicos foram registrados no estado. O Exército informou que, desde 2013, apreendeu no Rio 13,7 toneladas de explosivos em operações realizadas em conjunto com agentes de segurança das esferas estadual e federal.

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