Política

Os 10 motivos do desencanto de Agenor com Paulo Garcia

Redação DM

Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 22:03 | Atualizado há 4 meses

O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB) revela ao Diário da Manhã, com exclusividade, os dez motivos que o levaram ao rompimento com a gestão de Paulo Garcia (PT). “É uma administração improvisada, sem continuidade, fragilizada do ponto de vista político, sem planejamento, sem rumo, fadada ao fracasso.”

Agenor Mariano lembra que a sua posição de distanciamento do prefeito petista – ele ocupar gabinete no mesmo andar de Paulo Garcia, o quinto no Paço Municipal – é de coerência com o que ouve nas ruas de Goiânia. “Apenas 2,5% da população apoia a gestão de Paulo Garcia. É decepcionante, desencanta a todos nós. Esperamos todos esses anos um choque de gestão, que não veio. Além de tudo, para piorar, o prefeito não permitiu ao PMDB e ao vice –prefeito apresentar sugestões, dar opinião, compartilhar, com ideias e projetos, um futuro melhorar para a cidade.”

O vice-prefeito deixa claro que nada ter de pessoal contra Paulo Garcia. “Como pessoa, admiro Paulo Garcia, mas do ponto de vista administrativo e político, tenho minhas discordâncias.” Para ele, o prefeito deixou de ouvir pessoas mais “experientes e com maior conhecimento sobre a realidade de Goiânia, o que é lamentável, porque é a cidade que sofre as consequências.”

A uma pergunta do DM por que só agora rompe com o prefeito Paulo Garcia, após três anos de mandato, Agenor Mariano explica que não se tem a fórmula da data correta para se agir em política. “Se eu rompesse no início da administração, diriam é açodado, intolerante e inconsequente; se eu rompesse mais adiante, como faço agora, com 75% da gestão concluída, dizem que sou traidor, oportunista. Não há um timing para se posicionar em política e sim o momento que se julga adequado. Não trai, posso ter sido traído.”

Agenor Mariano ressalta que não pretende renunciar ao cargo de vice-prefeito, como sugerem alguns petistas ligados ao prefeito Paulo Garcia. “Não ocupo cargo de confiança na prefeitura, não sou secretário, nem diretor. Exerço um mandato outorgado pela população de Goiânia. Não há, portanto, em se falar em renúncia. E digo mais: no exercício do mandato de vice-prefeito, não é pré-requisito estar alinhado ou subserviente ao prefeito. Agora sou oposição pela realidade de carência administrativa existente na cidade. Não rompi com a cidade e som com o prefeito Paulo Garcia.”

Ao desafiar membros do PT a mostrar a “herança maldita” deixada por Iris Rezende para Paulo Garcia, Agenor Mariano é enfático ao dizer que o peemedebista não deixou dívidas para o sucessor. “Um terço das ruas e avenidas de Goiânia foram asfaltadas por Iris Rezende, sem deixar qualquer dívida ao sucessor. As construções dos viadutos da Praça do Ratinho e da Avenida T-63 foram construídas por Iris Rezende sem deixar dívidas para o sucessor. Todos os parques construídos por Iris Rezende foram pagos, sem deixar dívidas para o sucessor. Iris não deixou empréstimos bancários para o sucessor pagar.”

Sobre a exoneração de seis auxiliares, inclusive o presidente Ormando Pires Júnior, logo após anunciar rompimento com o Paço Municipal, Agenor Mariano respondeu secamente: “Atitudes pequenas, mesquinhas de alguém que cultiva o revanchismo.”

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1 – Inconstância da equipe

A administração de Paulo Garcia é marcada pela inconstância, com a troca frequente de auxiliares, o que provoca descontinuidade, desacerto e falta de eficiência. Não há gestão que resista a tanta troca de auxiliares.

Exemplos: na secretaria da Fazenda, já são quatro os secretários: Dário Campos, Reinaldo Barreto, Cairo Peixoto e Jeovalter Correira; na Comurg, cinco presidentes: Luciano de Castro, Paulo de Tarso, Nelcivone Melo, Ormando Pires Júnior e Edilberto Dias; na AMMA, seis presidentes: Clarismindo Júnior, Pedro Henrique Lira, Misair Lemes, Marisa Toledo, Pedro Wilson e Nelcivone Melo; na Procuradoria-Geral do Município, três titulares: Eduardo Siade, Reinaldo Barreto e Carlos Freitas; na SMT, quatro titulares: Miguel Thiago, Senivaldo Silva, José Geraldo Freire e Andrey Azeredo; na Seplan, quatro secretários: Roberto Elias, Lívio Luciano, Nelcivone Melo e Paulo Cesar Pereira; na chefia de Gabinete, seis titulares: João de Paiva Ribeiro, Cairo Freitas, Iram Saraiva Júnior, Olavo Noleto, Nelcivone Melo e Paulo César Fornazier.

2 – Improvisações nas reformas

Em cinco anos, Paulo Garcia realizou quatro reformas do secretariado, além da administração indireta. Não há continuidade administrativa. Retirou os atos de competência dos auxiliares, o que deixou secretário batendo cabeça, sem saber o que fazer. Tinha e tem secretário de primeiro e de segundo time. Uma verdadeira anomalia na gestão pública. Fez as mudanças sem planejamento, sem estratégia, na base da improvisação e de atendimento meramente político-partidário. A cada reforma, mais prejuízo para o ritmo, a qualidade e a eficiência da equipe de auxiliares. Quem paga o pato com a improvisação administrativa é o contribuinte, o cidadão. Sem harmonia, os prejuízos ficam visíveis aos olhos da população. É só observar que a prestação de serviços da prefeitura piorou. Não há fiscalização, tudo está à deriva.

3) Cidadão não é respeitado

Falta estrutura na prestação de serviços à comunidade. Para buscar um boleto, uma guia, o cidadão não sabe a quem se recorrer na prefeitura. O desrespeito à cidadania é total. As pessoas procuram os políticos para encaminhar suas demandas na prefeitura, o que é um atraso, algo repugnante. O que a população espera do poder público é eficiência, qualidade, agilidade e correção na prestação de serviços. A redução diária da jornada de trabalho dos serviços é condenável, porque traz sérios prejuízos à população. Hoje, a prefeitura funciona das 7 às 13 horas, sob a alegação de economia de energia elétrica. E quem paga com esse distanciamento prefeitura/cidadão é a cidade.

4) Demandas não resgatadas

Quem anda por Goiânia, verifica que a prefeitura não faz sequer o dever de casa. Deficiência na limpeza urbana, na iluminação pública, na restauração do asfalto em ruas e avenidas, prédios deteriorados, obras malfeitas, obras inacabadas, unidades hospitalares sem material, médicos, enfermeiros e funcionários em quantidade suficiente, trânsito caótico. Há uma sensação de abandono na Capital, em todas as áreas.

5) Promessas não-cumpridas

Na propaganda de rádio e televisão, em 2012, Paulo Garcia prometeu construir 81 CMEIs, 40 mil casas populares, conclusão da avenida Leste/Oeste. Até agora, essas promessas de campanha não foram cumpridas.

6) Deslealdade ao PMDB e a Iris

Durante todos esses anos, o Paço Municipal ignorou o PMDB, não quis ouvir as opiniões e sugestões do vice-prefeito. O PMDB, em momento algum, participou das decisões, principalmente o vice-prefeito. Críticas do prefeito ao ex-prefeito Iris Rezende significaram gestões de deslealdade a quem o prestigiou e valorizou nas eleições de 2008 e 2012. Quando convidou peemedebistas para o secretariado, o fazia em nome pessoal, não ouvia o partido, numa total desconsideração ao nosso partido.

7) Falta pulso, diretriz, comando

O prefeito voz de comando frente ao secretariado. Cada um faz o que quer, improvisa da maneira que julga melhor. Determinação do Paço nem sempre é cumprida pelo secretariado. Falta autoridade, pulso forte, diretriz, comando e rumo na gestão. Secretários do PT não se entendem, batem cabeça, já que o partido é dividido em grupos, facções, o que atrapalha a administração. E o que se vê é que o prefeito acaba refém de alguns auxiliares.

8) Descontrole das finanças

Há um total descontrole das financeiras da prefeitura. Existem parados 10 mil processos de acertos trabalhistas de funcionários. A prefeitura deve praticamente a todos os prestadores de serviços e a fornecedores. A prefeitura descontava do servidor o empréstimo consignado e não repassava o dinheiro aos bancos/credores, descontava do servidor e não repassava o dinheiro ao IPSM. Isso gera revolta dos servidores, da população em geral.

9) Água e esgoto sem licitação

É inaceitável que até agora a prefeitura tem se omitido, não realizar licitação para a contratação de fornecimento de água e esgoto no município. O contrato com a Saneago está vencido e nem por isso a prefeitura age. Faça a licitação e se a Saneago vencer, então ela continua prestando serviços. O que precisa é a prefeitura exercer sua autoridade como concessora dos serviços de água e esgoto. Sabemos que, em Goiânia, não há saneamento universalizado. A competição, na licitação, traz benefícios à cidade. A Saneago é uma das poluidoras de Goiânia, quando lança aos rios e nascentes o esgoto in natura. É triste ver a omissão do prefeito Paulo Garcia nesta questão dos contratos com a Saneago. É que se vê é que há um acordo político entre o prefeito Paulo Garcia e o governador Marconi Perillo para não se rever essa grave situação do fornecimento de água e esgoto, por parte da Saneago, a Goiânia.

10) Aumento de imposto prejudicial

Do ponto de vista técnico e de finanças, o reajuste do IPTU/ITU é defensável. Externei minha posição contrária ao aumento do imposto porque, neste momento, o país passa por grave crise econômica e que afeta a todos os cidadãos brasileiros, incluindo os goianos e os goianienses. Não há como falar em aumentar impostos neste momento. No passado recente, defendi o reajuste do IPTU/ITU, mas agora, no auge da crise econômica, condenei a iniciativa do prefeito de propor à Câmara Municipal esse aumento. Foi um ato impensado, condenável, porque afeta a toda a comunidade goianiense. Faltou ao meu partido, o PMDB, coerência, pois no instante em que os vereadores votavam a favor do aumento de imposto para Goiânia, os deputados do partido condenavam o governador Marconi Perillo pelos reajustes de impostos no Estado.

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PERFIL

Agenor Mariano Neto

·           Natural de Goiânia

·           Formado em Administração de Empresas

·           Secretário de Administração e Recursos Humanos (2005 a 2008-gestão Iris Rezende)

·           Vereador em Goiânia (2008)

·           Líder do prefeito Paulo Garcia na Câmara

·           Vice-prefeito de Goiânia (20013/20016)

·           Filiado ao PMDB

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