Cultura

O amor amador à arte de interpretar

Redação DM

Publicado em 16 de dezembro de 2015 às 16:35 | Atualizado há 8 meses

Quem nunca brincou de teatro ou participou daquelas peças da escola ou da igreja no Dia das mães? Momentos como esses fazem parte da memória de quase todos nós. A sensação de poder encenar, sermos alguém diferente de quem realmente somos, nem que seja só naqueles minutos da peça ou brincadeira. Mas há quem leve o teatro amador um pouco mais a sério. São grupos teatrais formados por pessoas comuns espalhados por todo o território nacional, levando entretenimento e cultura por onde passam. Não é à toa que hoje, 16 de dezembro, comemora-se do Dia do Teatro Amador.

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No Brasil, o teatro amador surge no século XVI, com a chegada dos Jesuítas ao país. O Padre José de Anchieta utilizava do teatro para tentar catequizar os índios. Os grupos de teatro amador são compostos por toda sorte de pessoas, desde que não sejam atores profissionais. Os atores amadores praticam a arte da interpretação como meio de distração e aprimoramento, não usando disto como meio de vida. Só no estado de São Paulo existem mais de trezentos grupos de teatro amador, com mais de oito mil artistas que e apresentam em teatros, escolas e nos mais diversos eventos culturais.

O teatro amador também pode e é utilizado para sociabilizar as comunidades e explorar as tradições culturais das mesmas. Os membros destes grupos são expostos a situações de cooperação, respeito, comprometimento, tolerância e aceitação das diferenças. A permuta intercultural proposta por esses grupos são enriquecedoras.
Grandes nomes da teledramaturgia brasileira começaram suas carreiras em grupos amadores de teatro, como é o caso de Antônio Fagundes, revelado pelo Grupo Teatral Jambaí. Algumas cidades paulistas serviram de berço não só para o teatro amador, como também para a consolidação de atores que se ascenderam à fama nacional. São José do Rio Preto e a cidade de Santos, no litoral paulista foram escola para Ney Latorraca e Alexandre Borges. Os atores Paulo Betti e Eliane Giardini vieram de Sorocaba. O renomado Alcides Nogueira, autor teatral e novelista da Rede Globo, foi revelado no V Estadual de Teatro Amador no ano de 1967, em Presidente Prudente. Edson Cellulare surgiu no Grupo Teatral Gil Vicente, de Bauru.

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Mas nem só de glórias vive o teatro amador. Além de sobreviver com poucos recursos e quase sem incentivo governamental, crises relacionadas aos artistas também são frequentes nos bastidores. Todo o cenário e figurino são confeccionados pelos próprios artistas, escrevem roteiros e estruturam a peça. Em artigo do blog Oficina de Teatro, Betho Ragussa, que está à frente de uma pequena companhia de teatro em São João da Boa Vista, desabafa sobre os problemas que sua companhia tem enfrentado em relação à falta de comprometimento dos atores amadores com o acordo firmado em encenar as peças.

O estado de Goiás também possui grandes companhias amadoras de teatro, como o Grupo Espantalho de Teatro Amador, que teve como membro nos anos de 1980 Melck Aquino, atual secretário de Cultura do Estado do Tocantins, e que na mesma época fora diretor da Federação de Teatro Amador de Goiás (FETAG). O coletivo FETAG realizou em outubro deste ano a 1ª Festa da Primavera, com o intuito de fortalecimento do mesmo.
Em julho a cidade de Anápolis realizou a 24ª Mostra de Teatro de Anápolis, onde grupos de teatro profissional e amador puderam se inscrever e mostrar todo seu talento à comunidade Anapolina. As peças eram direcionadas ao público infanto-juvenil, adulto e/ou sem fins lucrativos, e o trabalho foi desenvolvido para teatro, teatro circo, teatro de rua.

O Tablado

O Grupo Teatral O Tablado é um dos mais importantes grupos amadores do Brasil. Criado em 1951 pela diretora e dramaturga Maria Clara Machado, constituiu a mais inovadora companhia de teatro brasileira. Mais de cinco mil estudantes já passaram pelo O Tablado, nas mais diversas atividades, deste a montagem dos palcos. As peças infantis de grande sucesso Pluft, o fantasminha, A bruxinha que era boa e O sapato das cebolinhas vieram dos palcos desta companhia.

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A recém-falecida atriz Marília Pêra também dirigiu peças em O Tablado. Após sua morte, o também ator Miguel Falabella relembrou em sua rede social o inicio de sua carreira, quando aos vinte anos foi dirigido por sua saudosa amiga Marília na peça A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado.
Khryst Serpa

 

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