Opinião

Cristalina e o Reino de Avilan

Redação DM

Publicado em 15 de dezembro de 2015 às 22:38 | Atualizado há 10 anos

Alguém por aí se lembra do Reino de Avilan? Em uma espécie de Déjà vu, do final dos anos 80, é possível sentir a triste sensação de que tudo será como antes. Não que a era não nos tenha deixado o melhor da música, do Rock e aquela dose de saudade que então fora embalada por Queen, Legião e Engenheiros. Mas pela retomada ao Reino de Avilan, construído no imaginário de um dos mais célebres autores de telenovela que o Brasil já teve, na categoria exemplar de Cassiano Gabus Mendes. Por lá, no então fictício país, Mendes nos colocava numa espécie de licença poética da Era Sarney no comando do Brasil.

Nas peripécias dos conselheiros corruptos da Rainha Valentine, personagem consagrado por Tereza Rachel, roubar pouco era bobagem. Enquanto a fome assolava o povo brasileiro, o mesmo ocorria pelos vilarejos de uma Lenda passada na “França” do ano 1786.

Mas, afinal, o que realmente interessa saber a respeito do enredo de Que Rei Sou Eu? Tudo. É em meio às pilantragens deste reino corrupto, que Cassiano dava vazão ao escárnio e à crítica a um Brasil sem caráter, tal qual presenciamos 25 anos depois. De Avilan até a prisão do senador Delcídio do Amaral (sendo este, o primeiro preso na República Tupiniquim, em pleno exercício do mandato). O País continua convivendo com as falcatruas e malandragens de um universo que parece não ter mais jeito.

“Nunca, na História deste País…”, parafraseado e entre aspas, viu-se tanta roubalheira e falcatrua. Dá engulhos ler as manchetes dos principais jornais, ligar a TV ou acompanhar via internet, o que se passa pelos porões da Brasília de JK.

E engana-se quem pensa que a politicagem está concentrada apenas no miolo do Planalto Central. Que nada! Uma olhadinha pelos vilarejos do Reino, ops! Pelas Províncias… não…, pelos Estados da Federação, “a coisa também anda feia”, como diria o eterno Tião Carreiro, em um “modão” de viola. Não há sigla ou ao menos cenário que se salve do estilo toma lá, dá cá, propagado por Ravengar,  Pichot, Gaston Marny, Bidet Lambert, Gérard Laugier, Vanolli Berval ou Crespy Aubriet. Isto para não dar nome aos bois contemporâneos. Identifique-os, se for capaz.

E vizinho a este Reino não tão distante, é possível encontrar também um outro Reino que teria tudo pra ser encantado. E olha que a descoberta também veio da França, não esta França que completa 30 dias, abalada por ataques terroristas, mas uma que enviou dois desbravadores por nome de Etienne Lepesqueur e Léon Laboissière, que na busca por riquezas conquistaram a Terra da Cinderela e seus sapatinhos de Cristais. E não é que por este Reino, há também muito o que se observar? Passados quase oito anos, Petrus IV sente-se confortável e busca construir seu Pichot ou Jean Pierry, quem sabe!? E Isto só no ano 2016 do Século XXI, o Reino terá como saber. Mas como em todo bom Reinado, a astúcia é algo muito importante, Petrus IV é estrategista e tem cartas nas mangas. Mas o pior de tudo é que, ao seu lado,  alguns “Ravengares” e fracos conselheiros, uma espécie de Bidet e Gérárd, aquele que dizia à bela Lucy:“Eu não consigo, eu não consigo.” Petrus tem até tentando fazer Jean Pierry, mas pelo visto, se cuidados não forem tomados,  Pichot é quem deve sair na frente em busca da coroa do Reino.

Dos vilarejos, bem que tem tentado nascer um suposto Jean Pierry, filho da camponesa Maria Fromet, mas o menino ainda é fraco e parece que ainda não tem muita voz ativa. Do Norte do Reino de Cristal, sopram-se os ventos rumo ao Sudeste e tentam emplacar outro, também apoiado pelos camponeses. Só que desta vez, o possível futuro reizinho tem o apoio dos grandes plantadores. E já que pelo Reino anda tudo muito embolado, há um outro que se diz Plantar muito bem e sonha mandar em todos os plebeus.

Engana-se quem pensa que no Reino dos Cristais, não há um Conselho cheio de bandidos e falastrões. Por lá, na última semana, a coisa pegou fogo. E inúmeras falcatruas vieram à tona. O pseudo-conselheiro Bostoli mostrou realmente a que veio, algo digno da “Taberna” de Lulu Lion, tudo meio que empelotado, empezado como de costume na Corte avilanense, tudo em busca de mais Ducas e Pen (moeda corrente no País de Cassiano). O certo mesmo é que acaba-se tudo engavetado, encaxeitado. E o povo, velhos palhaços, como o bobo da Corte, Corcoran! É o mundo do salve-se quem puder… Enfim, “Tirai ao gênero humano, a vaidade e a ambição e acabarei de vez com os heróis e os patriotas.” (Sêneca).

 

(Geovane José Leandro, professor e jornalista)


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