Biomassa da banana verde e seus benefícios
Diário da Manhã
Publicado em 11 de dezembro de 2015 às 00:19 | Atualizado há 9 anosA banana verde, graças ao amido resistente contido nela, atua como fibra alimentar, e das mais potentes. Entre seus benefícios estão sua atuação como prebiótico (fibras), aumento da sensação de saciedade e auxílio no controle do diabete. Não é o máximo?
Conheça mais sobre os benefícios deste produto e use e abuse dele.
Antes de tudo, é preciso saber o que é o amido. O amido é um polissacarídeo formado por amilose e amilopectina, que só podem ser evidenciadas após solubilização dos grânulos e separação. De acordo com sua velocidade de digestão in vitro, o amido pode ser classificado em: rapidamente digerível, lentamente digerível e resistente.
Por definição, amido resistente é a total quantidade de amido e produtos derivados da degradação de amidos resistentes à digestão no intestino delgado de pessoas saudáveis, podendo, entretanto, ser fermentado no intestino grosso. Esta fermentação produz gases e ácidos graxos de cadeia curta. Como tais efeitos são comparáveis aos da fibra alimentar, o amido resistente é considerado como um componente da fibra. Ou seja, o amido resistente nada mais é do que uma fibra dietética total.
O amido resistente é um componente natural da dieta. O consumo atual é de cerca de 3 g/pessoa/dia e é encontrado em alimentos não processados, como grãos, batata crua, banana verde, ou mesmo em alimentos processados e retrogradados como a casca de pão ou a batata cozida resfriada.
A bananeira é uma das fruteiras mais cultivada nos países de clima tropical e subtropical. Seus frutos representam a quarta mercadoria mais importante comercializada no mundo e em muitas áreas são considerados o principal produto alimentício. O Brasil possui destaque no cenário mundial, com produção de 7 milhões de toneladas e área plantada de 505 mil hectares, o que coloca o país em segundo lugar em produção e área colhida.
Embora seja o segundo maior produtor, a participação brasileira no mercado internacional é insignificante, em razão de diversos fatores, entre eles sua precária estrutura comercial, baixa qualidade de produção e principalmente, os substanciais danos pós-colheita, podendo estes ocorrer devido a inúmeros fatores físicos, fisiológicos ou microbiológicos.
A banana é um componente constante na dieta dos brasileiros, devido às suas características sensoriais e ao seu alto valor nutritivo. Apenas um fruto de banana pode suprir cerca de 25% da ingestão diária recomendada de ácido ascórbico (vitamina C), além de fornecer quantidades significativas de vitaminas A e B, potássio e outros minerais, como o sódio.
A banana verde apresenta alto teor de amido correspondendo de 55 a 93% do teor de sólidos totais. A polpa de banana, quando verde, não apresenta sabor. Trata-se de uma massa com alto teor de amido e baixo teor de açúcares e compostos aromáticos. Os frutos ainda verdes são ricos em flavonoides, compostos bioativos do grupo dos polifenóis encontrados em hortaliças, frutas, cereais, chás, café, cacau, vinho, suco de frutas e soja e tem ação antioxidante, os quais atuam na proteção da mucosa gástrica.
Graças ao amido contido nela, atua como fibra alimentar, e das mais potentes. Entre seus benefícios estão sua atuação como prebiótico, fibras não digeríveis que melhoram o trânsito intestinal, prevenindo as constipações e as diarreias e ainda estimulam o crescimento, em número, das bactérias benéficas, as bactérias probióticas.
Em indivíduos com diabetes, o consumo de carboidratos não pode exacerbar a hiperglicemia (alta quantidade de açúcar no sangue) e deve prevenir eventos hipoglicêmicos (baixa quantidade de açúcar no sangue).
A farinha ou a biomassa de banana verde, graças ao amido resistente, contribuem para a produção de energia progressiva, que é a energia liberada ao longo do tempo de uma digestão lenta, e para a queda do índice glicêmico dos alimentos proporcionando uma menor resposta glicêmica e, consequentemente, uma resposta insulínica mais adequada, auxiliando no tratamento do diabetes, especialmente do tipo 2 e mantendo o indivíduo com sensação de saciedade por um período maior de tempo. Isto significa um auxílio extra para o emagrecimento.
O amido resistente também tem sido associado a reduções nos níveis de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e de triglicerídeos na hiperlipidemia. Estudos realizados observaram que a inclusão de amido resistente nas dietas de ratos reduziu os níveis de colesterol e triglicerídeos plasmáticos. E tem mais, por não ser digerido no intestino delgado, o amido resistente também pode servir de substrato para o crescimento de microrganismos probióticos, atuando como potencial agente prebiótico.
Na metabolização desse tipo de carboidrato pelos microrganismos via fermentação, ocorre a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que contribuem muito para a saúde do cólon. A maioria destes ácidos graxos age na redução do pH intestinal, na prevenção de doenças inflamatórias do intestino e no auxílio para manutenção da integridade do epitélio intestinal. Adicionalmente, o amido resistente contribui para o aumento do volume fecal, modificação da microbiota do cólon, aumento da excreção fecal de nitrogênio e, possivelmente, redução do risco de câncer de cólon.
Quando encontrada na forma de farinha ou biomassa, a banana verde mantém os mesmos nutrientes e calorias, não apresentam sabor, tratando-se de um produto com alto teor de amido e baixo teor de açúcares. A farinha de banana verde tem um gosto neutro e pode ser utilizada na substituição parcial ou total da farinha de trigo. Outra opção é polvilhar o farelo nas refeições, em frutas, no iogurte ou até na água. Você encontra a farinha para comprar em casas de produtos naturais.
Receita de biomassa de banana verde
Ingredientes:
12 bananas verdes (preferir orgânicas)
Meia panela de água (quantidade suficiente para cobrir as bananas)
Modo de preparo:
Lave as bananas verdes sem tirar o cabo da fruta. Encha a panela de pressão com a água e leve ao fogo. Quando a água estiver borbulhando, coloque as bananas e tampe a panela. Espere chiar por 10 minutos e deixe a pressão acabar naturalmente. Depois disso, escorra a água da panela e abra as bananas, mas tenha cuidado para não se queimar. Se preferir, utilize um garfo. Coloque a polpa da fruta – sem as cascas – para bater no liquidificador (pode ser necessário um pouco de água quente, para ajudar a bater). Você pode colocar biomassa em fôrmas de gelo ou em potes de vidro por até 7 dias congelada.
Quando for utilizar a biomassa congelada, retire do congelador no dia anterior e coloque na geladeira, ou coloque no micro-ondas, em um pote de vidro, por 1 minuto. Pode ser adicionado em vitaminas, sucos, caldo de feijão, sopa, patês, massa de pão e bolo, etc.
(Juliana Monteiro Senra, nutricionista CRN1/10456, pós-graduanda em Nutrição Esportiva – FANUT)