Novo vídeo de Guilherme Zaiden

Com verdadeiros retratos do imaginário adolescente dos anos 2000, Guilherme Zaiden sintetizava em seus vídeos toda a emancipação mental gerada pela internet, o super poder mais potente da então nova geração. Tornou-se um fenômeno com o vídeo ‘Confissões de um EMO’, lançado por ele em 2006 em seu canal do Youtube, o Gzaiden. Após uma série de vídeos, que além de humor traziam críticas comportamentais, Zaiden desapareceu de seu canal. Nove anos depois, um novo vídeo pegou milhares de fãs de surpresa. Com a mesma perspicácia, Guilherme ressurge em ‘Delírios de uma mente insana’, gravado na Califórnia e postado no último dia 5.

Hoje com 26 anos, Guilherme Zaiden mora nos Estados Unidos há cerca de quatro. Segundo matérias datadas de 2013, ele tem se dedicado ao teatro na Glendale Community College, na Califórnia. Após ter feito sucesso no Youtube, chegou a fazer uma participação especial na novela ‘Caminho das Índias’, exibida no horário nobre da Rede Globo em 2009. Também fez algumas tentativas de parceria em outros canais, até sumir de vez antes mesmo do fim da década. De volta, ele mostra que não perdeu o humor e a língua afiada para tratar de um assunto em que ele e sua geração são experts: a vida e as crises existenciais.

História

Julho de 2006. O Youtube tinha pouco menos de um ano de existência e nem de longe era tão popular e obrigatório como hoje. Uma figura chamada Guilherme Zaiden, munida de uma filmadora arcaica, surgia pela primeira vez no Youtube com o vídeo ‘Pastor Cerafim’, uma espécie de sátira ao comportamento de líderes evangélicos que desviam dinheiro e escolhem o que os fiéis podem ou não podem fazer. O vídeo fala do que era considerado “modinha” na época: de RBD a Kurt Cobain, passando pelo que o auge do termo Bullyng permitia.

Meses depois ele viralizaria com o vídeo Confissões de um Emo, o mais famoso, que atingiu a casa dos milhões em poucos meses, o que na época era um evento quase inédito para vídeos feitos por brasileiros. A criatividade e empenho de Guilherme influenciaram várias pessoas a fazer a mesma coisa, inaugurando uma verdadeira escola de fazedores de vídeos. Várias portas se abriram para que ele pudesse aprimorar-se naquilo que gostava de fazer. Na época do vídeo o país vivia um boom do “movimento emo”. E do Bullyng contra os emos.

Em Goiânia, o Parque Vaca Brava era tomado pelos denominados ‘emos’: meninos e meninas com roupas escuras, franja no rosto, maquiagem nos olhos, cabelos multicoloridos e penteados experimentais. “Pregavam”, de certa forma, a sensibilidade. Talvez tenha sido o movimento cultural de maior expressividade da cidade na época, o que gerava bastante hostilidade por parte da população conservadora, desacostumada com tamanha ousadia. No Brasil inteiro, principalmente dentro do Orkut, os emos e não-emos viviam em guerra. Não é difícil entender o sucesso do vídeo olhando por essa perspectiva.

Em sequência vieram os vídeos ‘Associação Brasileira de Vício ao Orkut’, uma reflexão sobre a importância da rede social em 2006; ‘Confissões de um EMO 2’, que pega o embalo do sucesso do primeiro vídeo; ‘Celebridade’, onde ele concede uma entrevista falando sobre a fama de seus vídeos; e Promíscua, uma paródia da canção Promiscuous, de Nelly Furtado. Suas últimas postagens foram o curta ‘Kaisha com K’, em que ele interpreta uma mulher negra que manda um vídeo de inscrição para o reality show ‘Big Brother Brasil’‘Filho da Mãe’, um diálogo entre Guilherme e sua mãe, interpretada por ele mesmo com peruca, batom, cigarro e blusa roxa.

Guilherme é natural de Brasília. Na época dos primeiros vídeos ele contava com uma câmera digital que filmava apenas 40 segundos, o que o obrigava a gravar seus vídeos por partes. Outra dificuldade de Guilherme era sua internet discada, em uma época em que serviços de Banda Larga eram ainda pouco acessíveis. Seu mais novo vídeo

‘Delírios de uma mente insana’ trata do tão comentado sumiço das redes sociais, dos frutos da fama de internet e de sua estadia na Califórnia. O humor irônico do astro virtual continua o mesmo, só que mais maduro e mais ácido.