Vingança entre traficantes teria provocado 50 homicídios
Redação DM
Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 23:29 | Atualizado há 5 mesesA ONG Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y la Justicia Penal A.C (Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal A.C. ), localizada no México, qualifica Goiânia como a 23º cidade mais violenta do mundo.
Conforme a pesquisa disponibilizada pela ONG, a cidade apresenta uma taxa de homicídios de 44,92 por grupo de 100 mil habitantes. Computa-se neste quantitativo de homicídios diversos fatores, como crimes interpessoais, disputas por pontos de tráfico e homicídios provocados por questões patrimoniais – latrocínios, cobranças de dívida, acertos de conta, etc.
O que não se sabia é que a cidade tornou-se também um cenário para mortais disputas entre gangues. Um complexo quebra-cabeça une os principais nomes do tráfico de drogas da Capital e região metropolitana.
Ontem, a Polícia Civil revelou que o enfrentamento de dois grupos de traficantes teria responsabilidade por 50 assassinatos nos últimos anos.
Ao finalizar o inquérito, as autoridades policiais afirmam que esperam colocar ponto final em uma rixa que aumentou significativamente as taxas de homicídio da capital.
Um dos grupos tinha Magrelo (Iterley Martins de Sousa) como líder. Ele foi detido em setembro no Ceará. O outro líder seria Thiago Topete – irmão de um ex-cliente que após comprar drogas de Iterley decidiu entrar para o mundo do tráfico.
Iterley já comandava o tráfico na região do Novo Horizonte e setor Garavelo, em Aparecida de Goiânia, quando o antigo cliente (Andrades Cezar de Souza, morto em junho) começou a vender na mesma área.
As duas gangues (Topete e Magrelo) se enfrentaram, deixando diversos mortos. E o motivo maior seria a vingança. Eles não discutiram para valer a geografia do tráfico. “Em Goiânia sobra consumidor”, disse um dos integrantes da gangue de Magrelo, preso pela Polícia Civil.
Negativa
Em entrevista coletiva realizada quando foi preso em setembro, Iterley negou disputas entre quadrilhas. Mas existe um quebra-cabeças que facilita a defesa desta tese.
A Polícia aposta em uma hipótese um tanto diferente, mas plausível: o suposto traficante Magrelo morava em Fortaleza, com emprego fixo e residência determinada. Mas de lá comandaria o tráfico de drogas na capital e, claro, as disputas entre as gangues.
Conforme o inquérito policial – na verdade a junção de 16 investigações em separado -, o conflito começou quando as gangues de Magrelo e Topete se enfrentaram por conta da morte de um integrante.
O grupo de Iterley tinha sete componentes e o grupo de Topete se reunia em 11. Dois destes foram mortos. Do outro lado, do bando de Magrelo, quatro. O estopim teria sido exatamente a morte de um integrante do grupo de Magrelo: Vitor Hugo é suspeito de assassinar um seguidor de Topete, Bruce Anjeo Martins dos Santos Abreu.
Bruce era soldado na organização de Thiago Topete, conforme a polícia. De acordo com o relato do inquérito, Vitor Hugo de Souza Leão atuava na mesma função, só que com o grupo de Magrelo.
No dia 10 de maio, no Residencial Alphaville, ocorreu a morte que deu início ao enfrentamento entre os dois grupos.
Dentre os mortos na guerra entre Topete e Magrelo, afirma a polícia, estaria Evandro Rodrigues Cavalcante – ex-líder da torcida organizada do Goiás que atuava para Iterley Magrelo.
Da mesma forma que Iterley, Thiago Topete segue preso na Penitenciária Odenir Guimarães (POG). “Deste grupo, temos ainda um foragido”, avisa a delegada Myriam Vidal, que atua na Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH).
A Polícia Civil acredita que a prisão dos principais integrantes dos dois grupos deve reduzir as taxas de homicídios da Capital e região metropolitana.
A Polícia Civil relata que a característica psicológica de Iterley era demasiadamente agressiva, a ponto do seu antigo parceiro, Marcelo Zói Verde, foragido após ganhar liberdade da Justiça Federal, considerá-lo agressivo em excesso com seus desafetos.