As mulheres
Redação DM
Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 22:45 | Atualizado há 10 anosMulheres. Uma beleza! Elas arrastam olhares ao caminhar. Os cabelos balançam com o ritmo do andar. E os homens ficam vidrados. Seres desprezíveis, insensíveis, os machos. As mulheres de sabem o que fazer, sabem o que tem de feito, sabem que os machos olham-nas, sabem que são poesia em carne e osso. Nós os machos olhamos mesmo. Olhamos porque não há nada melhor. Não há nada melhor que uma dama neste mundo. “Elas equilibram o mundo”, disse Truffaut – o cara que nasceu para filmar o amor.
Todas são especiais. Elas guardam dentro de si algo que as diferenciam uma das outras. As mulheres são seres únicos. Elas vêm ao mundo para sofrer. E sofrem. Além da pressão da sociedade, os homens fazem-nas sofrer, com seus discursos de quem durante séculos foi o beneficiado. As mulheres começaram a votar no Brasil, em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. E ainda dizem que a luta por igualdade é pura balela de feminista. Discursão que bradamos no bar, no final de semana. Eu penso o contrário. O feminismo busca igualdade de gênero. Não podemos condená-las, por quererem igualdade de gênero. Segundo reportagem de O Globo, as mulheres recebem 35% a menos que os homens. E, se ainda não bastasse, elas têm de enfrentar a lógica dos empresários, que preferem não contratá-las, por serem, simplesmente, mulheres. “Elas não sair em licença maternidade, e a gente que terá de arcar com os custos”, pensam.
Sábio Bukowski – o velho safado: “As mulheres vem ao mundo para sofrer”.
Mudando de assunto. Lembrei-me de uma canção do mestre Jorge Ben Jor. “A crioula é a soma de todas as riquezas”, diz Jorge, em Crioula, canção que íntegra o álbum Jorge Ben, lançado em 1969. A crioula tem o molejo, a ginga, o sorriso, que fisga-nos e deixa-nos paralisados. A ruiva tem o fogaréu expelido pelos fios em sua cabeça. A morena os cabelo negros cintilantes, que protegem-nos da escuridão. A loira – clichê -, mas bela, a postura de rainha. A coroa a experiência, o olhar lascivo, o laconismo de quem muito viveu. Todas são belas. O poeta abre o livro, escreve versos, declama-os porque a mulher está em sua vida. O bêbado dá um tempo em seu trago, para observá-la. O mundo para ao vê-la, e contempla-a de queixo caído.
Em L’Homme qui aimait les femmes ( O homem que amava as mulheres), Bertrand diz que toda vez que olha uma mulher feia entende que não é possível ter todas. O filme é famoso pelos ângulos de câmera do diretor francês, cuja devoção pelas mulheres fica evidente em várias entrevistas que concedeu ao longo da carreira. Bertrand, ainda, questiona: “Por que ter apenas uma, se posso ter todas?” O personagem morreu no final da obra, por causa de uma dama. Ele estava internado num hospital, e entrou uma enfermeira em seu quarto. Bertand ficou em êxtase, caiu no chão e em seguida morreu.
Não há a mulher. Há as mulheres.
(Marcus Vinícius Beck, estudante, corintiano e defensor da liberdade)