Brasil

Dom Corleone do futebol enfrenta justiça americana

Redação DM

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 22:15 | Atualizado há 10 anos

José Maria Marín sente a justiça americana em seu pé. Mandatário do futebol brasileiro, seu currículo é invejável. Durante a ditadura, foi acusado de contribuir com a morte do jornalista Vladimir Herzog – morto em 1975, em circunstâncias misteriosas, na sede do Dops, em São Paulo. Na época, ele era deputado estadual pela Arena – partido que sustentou a ditadura. Alguns anos depois, em 1978, chegou a ser vice-governador de São Paulo. E na década de 1980 viveu nos bastidores da política paulista.

Na juventude, jogara no São Paulo, como profissional, por cinco anos. Só que ele não tinha aptidão para o esporte bretão. Então, elegera-se vereador, nos anos 1960. E aí começou sua carreira política. Depois, passou para o futebol e foi presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), entre 1982 e 1988. Neste período, foi chefe da delegação da seleção brasileira, na Copa do México, em 1986. Após o mandato de Ricardo Teixeira, na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), sucedeu-o à frente da entidade, chegando a acumular o cargo de presidente da entidade e membro do COI (Comitê Organizador Local).

Em 12 de janeiro de 2012, Marín foi alvo de piada. O mandatário embolsou uma medalha, durante cerimônia de premiação, após a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O ato foi flagrado pelas câmeras da tevê Bandeirantes, e transmitida em rede nacional. Em 27 de maio de 2015, não teve como escapar. Segundo o The New York Times, policiais à paisana invadiram o hotel em que Marin estava hospedado e prenderam-no. Os investigadores, ainda ,chegaram a dizer que os acusados – e entre eles estava Marin – movimentaram cerca de 150 milhões de dólares – algo em torno de 470 milhões de reais –, em esquema que existia há 24 anos. Os negócios do grupo envolviam diretos de transmissão em campeonatos na América Latina.

Na terça-feira, 3, o ex-mandatário foi deportado para os Estados Unidos, depois de permanecer cinco meses preso, na Suíça. Ele desembarcou em Nova Iorque e foi acusado, oficialmente, de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração. A pena pode chegar a 20 anos. Marin, também, pagou 56 milhões, mais seu apartamento, para poder ser liberado.

O julgamento aconteceu no Tribunal Federal, no Brooklin. Vestindo um suéter azul claro, Marín aparentava cansaço. Ele declarou-se inocente da acusação de que havia recebido 15 milhões de dólares, em propina. Ao sair do tribunal, acenou para jornalistas, dizendo que não iria dar entrevista.

PRISÃO

Cercado de grifes e vizinhos famosos. É assim que José Maria Marín vai enfrentar seu julgamento. Contudo, desta vez sua chegada aos EUA se contrasta com a que teve em 2011 e 2012, quando a Casa branca homenageou-o e era o poderoso da Copa do Mundo. Agora, o enredo é diferente. O Dom Corleone do futebol brasileiro tem, em seu enlaço, o FBI.

Com vista para a Quinta Avenida, seu imóvel em Nova Iorque é estimado em 2 milhões de dólares. Ele possui o apartamento desde 1984, quando ainda era Presidente da Federação Paulista de Futebol. O prédio tem 68 andares, e é um dos mais cobiçados da cidade. Segundo jornalista Jamil Chede – Repórter do Estadão e colaborador dos canais ESPN –, Marín vai ter como vizinhos o ator Bruce Willis e o astro português Cristiano Ronaldo. De acordo com o jornalista, na Suíça, Marín dizia que queria apenas dormir em sua cama. “Vou dormir na minha cama e tomar um banho de ducha”, dizia o ex-chefão.

 

(Marcus Vinícius Beck, estudante de Jornalismo, corintiano e escritor)

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