Cultura

O homem e o absurdo

Redação DM

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 22:12 | Atualizado há 8 meses

No ano de 1957, três anos antes de sua morte trágica, Albert Camus recebeu o prêmio Nobel de Literatura “por sua importante produção literária, que, com seriedade lúcida ilumina os problemas da consciência humana em nossos tempos”. É conhecido principalmente pela autoria do romance ‘O Estrangeiro’, considerado sua obra prima. Também trabalhou como ensaísta, dramaturgo e jornalista. Faleceu num acidente de carro em 1960. Coincidentemente, ele costumava dizer que não há nada mais absurdo que morrer em um acidente de automóvel.

Como romancista recebeu grande atenção, apesar das inúmeras críticas negativas do meio filosófico aos seus ensaios. Repleto de reflexões existenciais, ‘O estrangeiro’ discute temas relacionados à institucionalização da vida e a discrepância de sentido que isso teria em um mundo mais natural. Em uma passagem do protagonista do livro pelo presídio, lê-se: “Tinha lido que na prisão se acaba perdendo a noção do tempo. Mas para mim isso não fazia muito sentido. Não compreendera ainda até que ponto os dias podiam ser, ao mesmo tempo, curtos e longos”.

Ainda sobre percepção de tempo, ele segue a discorrer sobre os dias. “Longos para viver, sem dúvida, mas de tal modo distendidos que acabavam por se sobrepor uns aos outros. E nisso perdiam o nome. As palavras ontem ou amanhã eram as únicas que conservavam sentido para mim”. Outros temas como vida, morte e amor são tratados de maneira peculiar. O filme ‘Fate’ (2001) do diretor turco Zeki Demirkubuz, faz uma releitura contemporânea de ‘O estrangeiro’. Albert Camus faleceu em 1960 aos 46 anos. Apesar de ter sido vitima de um acidente automobilístico, há quem levante suspeitas de assassinato.

Filosofia

No ensaio ‘O mito de Sísifo – um ensaio sobre o absurdo’, Albert Camus traz seu conceito de homem absurdo, que reflete sobre dúvidas em relação à finitude e Deus. Em um trecho ele questiona o poder dos santos perante a racionalidade. “O homem absurdo é solicitado num determinado ponto de seu caminho.

Não faltam à história religiões nem profetas, mesmo sem deuses. Pede-se-lhe que mergulhe. Tudo o que ele pode responder é que não compreende bem, que isso não é evidente. Ele só quer justamente aquilo que compreende”.

Sobre pecado, ele continua: “Asseguram-lhe que é pecado de orgulho, mas ele não entende a noção do pecado”. Sobre vida após a morte e vigilância social, “garantem-lhe que talvez o inferno esteja no termo da jornada, mas ele não tem imaginação bastante para prefigurar esse estranho futuro dizem-lhe que perde a vida imortal, mas isso parece-lhe fútil”. Para Camus, a inocência é um elemento nato e o pecado é um mecanismo de controle. “Gostariam de o levar a reconhecer sua culpabilidade. Ele se sente inocente. A falar verdade, ele só sente isso, a sua inocência irreparável”.

Curiosidades

No desenho animado japonês ‘Cavaleiros do Zodíaco’, exibido incansavelmente na televisão aberta do Brasil, o cavaleiro de ouro da casa de Aquário chama-se Camus. Seu nome foi escolhido como uma homenagem a Albert Camus. A nacionalidade do cavaleiro de Aquário também é baseada na de Camus. O personagem é Frances, enquanto Camus, apesar de ter nascido na Argélia tem a mesma origem. Os ensinamentos e a personalidade do Cavaleiro de Aquário são baseados na filosofia de Albert Camus.


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