Cotidiano

Sono silencioso e seguro

Redação DM

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 22:10 | Atualizado há 10 anos

Segundo pesquisas, o ronco é um problema que aflige mais de 50% da população brasileira. Esse desconforto costuma ser típico de pessoas obesas, idosas e mulheres na pós-menopausa. A tendência é aumentar a quantidade de gente que ronca, pois tanto a obesidade quanto o número de idosos vem aumentando no Brasil. A boa notícia é que uma nova técnica pioneira foi desenvolvida para o tratamento do ronco e da apneia.

Pesquisadores do Instituto do Coração (InCor), ligados a Universidade de São Paulo (USP), aperfeiçoaram uma técnica simples que se aplicada com orientações de um fonoaudiólogo pode reduzir quase por completo o ronco e a apneia. A pesquisa, os resultados e a técnica foram publicados na revista científica americana CHEST.

Roncar não é apenas um problema de desconforto social, ele pode estar ligado a apneia obstrutiva do sono, que é um fator de risco para doenças cardíacas. Essa técnica desenvolvida tem extrema eficácia e fácil adesão do paciente. Segundo o médico Geraldo Lorenzi Filho, orientador da pesquisa, isso nunca foi possível antes e por isso tem tamanha repercussão.

Os atuais tratamentos do ronco envolvem cirurgias, implantes, dispositivos intraorais, redução de peso e até mesmo reeducação postural. O tratamento atual são exercícios simples de poucos minutos de duração que devem ser realizados três vezes ao dia.

Técnica

São seis exercícios que fortalecem os músculos envolvidos na respiração e produção do ronco. A duração tem média de oito minutos. A fonoaudióloga Vanessa Ieto, autora do estudo explica que “embora seja de fácil execução e não tenha qualquer contraindicação, os exercícios devem ser prescritos, orientados e acompanhados por profissionais especializados”.

O acompanhamento garante que o paciente não irá cometer erros. Segundo Vanessa Ieto, “Ao fazer o movimento errado, serão trabalhados músculos que nada têm a ver com a cessação do ronco”. Os exercícios estão no quadro.

Pesquisa

Foi reunido um grupo de 39 pessoas, de 20 a 65 anos, de ambos sexos e que roncavam. Para auxiliar o teste, foi utilizada outra técnica inédita para medir o ronco. Essa inovação também foi da InCor com parceria do Instituto de Física da USP.

Esse grupo teve sua intensidade de ronco medida e foram classificados de acordo com o grau de intensidade. Depois esse grupo foi divido em dois: uma amostragem utilizaria somente os novos exercícios desenvolvidos e a segunda amostragem faria o tratamento com as técnicas já tradicionalmente conhecidas.

Os roncadores utilizaram questionários para avaliarem suas melhoras e os parceiros de quarto também avaliavam o colega para observar a evolução do tratamento. O grupo da nova terapia recebeu melhores avaliações dos parceiros de quarto quanto ao ruído.

Os novos testes indicaram que o método vanguardista reduziu a frequência do ronco em 36% e a potência em 60%. Além disso, sem querer foi descoberto que os exercícios também diminuem o tamanho da papada em volta do pescoço.

Perigos da apneia

A apneia é a obstrução da via respiratória durante o sono. O indivíduo fica sem respirar em alguns casos por 10 segundos. A força da doença é classificada pelo número de eventos durante o sono. De 5 a 15 paradas respiratórias é considerado leve. De 15 a 30, moderado. Acima de 30 o caso é grave. O ronco está presente em quase todos os casos de apneia.

Essa disfunção, além de atrapalhar o descanso contínuo necessário quando se dorme, diminui a oxigenação do sangue e aumenta problemas cardiovasculares. A doença também modifica o metabolismo e agrava a chance de aterosclerose, obesidade e AVC.

Os sintomas são o ronco, a sonolência constante durante o dia e a sensação de sufocamento quando acorda. “Acordar mais cansado do que quando deitou” é uma expressão comum de uma pessoa que sofre de apneia. Uma pesquisa em São Paulo apontou que um a cada três adultos sofrem com esse problema e muitos não têm consciência disso. Noites mal dormidas resultam em problemas maiores como diminuição de libido, impotência sexual, depressão, irritabilidade e dificuldade de concentração.

Saiba mais

Os exercícios
 Empurrar a língua contra o céu da boca e deslizá-la para trás
2- Sugar a língua para cima, pressionando-a por completo contra o céu da boca
3- Forçar a parte posterior da língua contra o “chão” da boca, mantendo a sua ponta em contato com os dentes incisivos inferiores
4- Elevar a parte de trás do céu da boca e a úvula (conhecida popularmente como “campainha”) enquanto diz a vogal “A”
5- Posicionar o dedo na parte interna da bochecha entre os dentes e pressionar a bochecha para fora (cada lado da boca)
6- Durante a alimentação, manter uma mastigação bilateral alternada e deglutição usando a língua no palato (céu da boca).


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