Simplicidade e história
Redação DM
Publicado em 23 de novembro de 2015 às 21:14 | Atualizado há 5 mesesDesde o início do povoamento do Estado de Goiás pelos brancos no século XVII, a agricultura e exploração de minas teve papel fundamental na fixação e estabilização de zonas urbanas ao longo do território. Muitas vilas e povoados formaram-se graças à cultura de grãos, que sustentaram a economia das principais cidades assim que o ouro e minerais valiosos tornaram-se escassos. O reflexo da agricultura materializa-se em pequenas casas espalhadas por povoados e pequenas cidades. A equipe do DmRevista percorreu alguns pequenos centros urbanos no interior do estado em busca de construções que remetessem ao passado desses locais. O resultado você confere nessa matéria.
Nosso percurso tem início através da GO-080, saída para Nerópolis, a norte de Goiânia. De lá, seguimos para o município de Ouro Verde de Goiás, cujo próprio nome já sugere riqueza vinda da agricultura. Sua história tem início ainda no século XIX, com fundação da fazenda de Boa Vista do Matão, pertencente ao município de Meia Ponte, atual Pirenópolis. Nas primeiras décadas do século XX recebeu novos moradores vindos de várias partes do Brasil. Segundo o site da prefeitura de Ouro Verde, os moradores vinham principalmente “do nordeste, desiludidos com a seca, ou de Minas Gerais, contrariados com a baixa qualidade do solo de sua região empobrecido pelo uso”.
O povoado de Boa Vista do Matão passou a ganhar mais visibilidade no estado na década de 1940, quando a produção do café no Estado de Goiás representava 63,7% do total da produção agrícola goiana. A condição de grande produtor elevou o povoado à condição de Distrito de Matão. Em 1963,finalmente foi reconhecido como município, e ganhou o nome que leva hoje. O município é hoje um grande produtor de beterraba e outros produtos horti-fruti-granjeiros, tais como vargem, cenoura, repolho e tomate. Também destaca-se no plantio de arroz e milho, além da produção Leite. Em passagem pela cidade, de localização alta e de horizonte largamente visível, compreende-se o nome da fazenda que deu-lhe origem.
A partir de Ouro Verde, nossa viagem segue pela GO-433, uma estrada de terra que da acesso a vários povoados da região. A visão de uma paisagem comum às estradas de chão do interior começa a passar pelas janelas. Encontramos mata-burros e pequenas casas, algumas com aspecto abandonado. Além disso, a estrada abrigava uma extensa concentração de bananeiras dos dois lados da pista, pouco antes de chegar em Sousânia, povoado localizado quase no final da rodovia sem asfalto. Lá, uma grande igreja católica, escola, e nada que se assemelhe à correria goianiense. Algumas casas com portas e janelas de madeira enfeitam a paisagem.
A história de Sousânia passou a ser registrada em 1903, como distrito de Boa Vista de Traíras. Hoje possui cerca de 600 habitantes em sua zona urbana, e é um dos cinco distritos da cidade de Anápolis. Seguindo pela GO-433, logo se tem a visão de uma grande construção na estrada, que da acesso ao distrito de Interlândia, também conhecido como “Pau-terra”, também pertencente ao município de Anápolis. Com cerca de 2000 habitantes, Interlândia sustenta-se de um posto de gasolina, uma cerâmica e uma tecelagem. Das fazendas saem hortaliças, lavouras e produção de eucaliptos, criação de gado leiteiro e produção de banana.
De Interlândia, seguimos pela BR-153, que depois de alguns quilômetros da acesso a uma estrada de terra para o povoado de Radiolândia, povoado anexado à cidade de Pirenópolis, fundado na década de 1950. Conta com cerca de 1200 habitantes, e movimenta-se principalmente em torno de um frigorífico que fica a dois quilômetros do povoado. Radiolândia realiza em janeiro uma tradicional Folia de Reis, ajudando assim a manter a tradição que abarca todo o Estado. As informações sobre o povoado são escassas na internet. A Igreja Católica mantém um blog, e alguns viajantes anexam fotos do povoado ao Google Earth.
A viagem segue pela BR-153 por mais alguns quilômetros, até a chegada do trevo que da acesso ao município de São Francisco de Goiás. O município formou-se às márgens do córrego da Raposa, por volta de 1740, impulsionada pela fundação de Jaraguá. Seu primeiro nome foi São Francisco das Chagas. As marcas do século XVII ainda pontuam sua arquitetura, tendo em vista que encontramos várias casas com arquitetura colonial. A hidrografia do município é formada por cursos d’água,córregos e rios que compõem a bacia do rio da Almas, importante fonte de abastecimento de água.
Nossa última parada foi no município de Jesúpolis, através da GO-529, passando pela ponte do Rio Lagoinha. A cidade possui um cunho católico muito forte, observando-se principalmente pela grande estátua de Jesus Cristo na entrada. A cidade abriga também a única casa do estado de Goiás correspondente ao Racionalismo Cristão. Surgiu em 1948, e foi expandindo-se principalmente na década de 1960, quando famílias vindas do nordeste procuravam lugar para práticas agrícolas. Algumas casas antigas podem ser encontradas no município.