Após assassinato de político, oposição venezuelana acusa governo
Diário da Manhã
Publicado em 26 de novembro de 2015 às 10:50 | Atualizado há 9 anosCARACAS — A OEA condenou nesta quinta-feira o assassinato de um político opositor venezuelano na quarta-feira durante um comício, a poucos dias das eleições parlamentares no país. O secretário-geral Luis Almagro disse que a morte de Luis Manuel Díaz, do partido Ação Democrática (AD), é uma “ferida de morte à democracia”. O dirigente foi atingido por tiros disparados de um carro em movimento enquanto participava de um ato de campanha na cidade Altagracia de Orituco, estado de Guáricode, e não resistiu aos ferimentos. Na ocasião, ele estava junto a mulher do líder opositor Leopoldo López, Lilian Tintori, que ofereceu condolências à família da vítima.
— O que ocorreu não é um episódio isolado, mas parte de outros ataques realizados contra dirigentes políticos em uma estratégia que procura amedrontar os opositores — disse Almagro, .
Mais cedo, a missão de observação eleitoral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), instalada na Venezuela desde a semana passada, lamentou em um comunicado a morte do opositor e expressou repúdio a todo tipo de violência que possa afetar o processo eleitoral. A organização também pediu uma investigação do caso, com o objetivo de evitar a impunidade.
Segundo o líder nacional da legenda AD, homens armados em um veículo dispararam contra Luis Díaz, chefe do partido em Altagracia de Orituco. Logo em seguida, ele informou sobre a morte nas redes sociais.
“Ele acaba de ser assassinado por arma de fogo”, disse Henry Ramos no Twitter.
Allup denunciou que partidários do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) estariam envolvidos no crime, mas não apresentou provas para reforçar as acusações. A coligação do governo ainda não fez comentários sobre o caso. Mas na quarta-feira, o presidente do Parlamento e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, chamou de “montagens” os ataques denunciados recentemente pela oposição.
— A nova moda é: grupos armados do chavismo atacaram não sei quem. Esta já conhecemos — disse Cabello em seu programa semanal de televisão, onde também repreendeu Macri por pedir a suspensão da Venezuela no Mercosul.
Os venezuelanos comparecerão às urnas em 6 de dezembro para escolher os 167 deputados de uma Assembleia unicameral, controlada pelo chavismo há 16 anos. De acordo com várias pesquisas, a opositora MUD – da qual faz parte o partido Ação Democrática – lidera as intenções de voto com uma vantagem de 14 a 35 pontos, mas o presidente Nicolás Maduro afirma ter um “voto firme” de 40%.
“Exigimos una investigação imediata, profunda, profissional e independente”, disse a MUD em um comunicado.
A coligação já havia acusado o governo antes de estimular a violência na campanha. Durante o final de semana, um grupo da oposição foi atacado a tiros por homem encapuzados durante um evento de campanha em Caracas. Os dirigentes apontam que os criminosos seriam simpatizantes do governo.
Tintori, que está em uma turnê nacional denunciando abusos contra os direitos civis e divulgando o caso de seu marido, disse que iria dar mais detalhes nesta quinta-feira sobre o “terror, o assédio e a violência que sofremos do regime”.
“Hoje, eu sofri dois ataques”, escreveu ela no Twitter. “Nossas condolências à família Díaz.”