Cotidiano

Eles não tem Zap Zap, os novos homens das cavernas

Diário da Manhã

Publicado em 19 de outubro de 2015 às 23:37 | Atualizado há 4 meses

A tecnologia presente nos dispositivos móveis tornou-se uma extensão do homem em muitas de suas atividades, sejam elas profissionais ou de lazer. Mas ainda é possível encontrar, entre milhões de aficionados pelas inovações oferecidas pela alta tecnologia presentes nos smartphones, pessoas que, mesmo cumprindo uma agenda repleta de compromissos, optaram por não aderir as suas “vantagens”.

Cada vez mais presente e acessível no dia a dia os constantes lançamentos de novos produtos, plataformas e conceitos tem dado as pessoas uma série de possibilidades e necessidades até então inexistentes. Para se ter uma ideia, o número de linhas celulares no Brasil cresceu 3,5% em 2014, o que representa 280,73 milhões de linhas ativas de telefonia móvel com tecnologia 4G presente em 6,7 milhões de dispositivos móveis.

Para o Diretor da Associação Brasileira das Agências Digitais no Estado de Goiás (ABRADi) especialista em marketing, comunicação e mídia digital, Leonardo Diogo Silva o Brasil é um país extremamente conectado e desde de 2011 vem passando por um processo de migração para os smartphones.

“O Brasil tem um número de linhas muito superior ao número de pessoas no país é um país conectado que utiliza muito às redes sociais e a conexão móvel para se comunicar, o que o torna bem voraz no uso dessas tecnologias”, observa o especialista.

Apesar do aumento na quantidade de conexões via dispositivos portáteis, principalmente em ambientes corporativos, em que os usuários precisam estar sempre online para saber das novidades, o jornalista, Helvécio Cardoso da Silva não se incomoda em transitar entre essas inovações que prefere não usar.

“Não faço uso da tecnologia em aparelho celular por vários motivos, sigo um princípio zen em que o importante não é ter muito é precisar de pouco. Para mim um celular, basta que ele receba e faça chamada telefônica, todas essas funções presente hoje nos smartphone estão no meu computador”, pondera.

O especialista em mídias digitais Leonardo considera que os motivos que leva uma pessoa a não usar uma nova tecnologia, geralmente estão relacionados ao perfil de consumo, idade e renda. “Pessoas com idade entre 45 ou mais têm certa resistência em relação a esse tipo de tecnologia. Mas o que faz uma pessoa não utilizar é o clássico – estou acostumado, adaptado a essa tecnologia e não vou trocar – e outra é fator de renda, os valores são mais altos para novas tecnologias” avalia.

Helvécio argumenta que um dos truques do capitalismo é a criação de necessidades artificiais, induzindo as pessoas a comprar sem que de fato haja uma concreta necessidade. “Essa não é uma necessidade natural é artificial imposta pela mídia. Não sou contra, mas não acho necessário, vivi intensamente a época do que foi chamado de contracultura e um dos tópicos básicos da contracultura era a denúncia do consumismo” declara.

Limites no uso da tecnologia

O Artista Plástico autodidata, Omar Souto conhecido nacionalmente e internacionalmente pela autenticidade e espontaneidade de suas pinturas também faz parte do grupo dos que optou pela simplicidade dos primeiros aparelhos celulares os hoje chamados supersmartphones.

Omar considera que apesar das vantagens presentes nos smartphones essa é uma tecnologia que o incomoda. “O mundo está mudo, as pessoas estão muito apegadas à tecnologia, essa não tem cheiro nem sabor, as pessoas hoje abraçam e recebem abraço frio de um aparelho celular”, reflete.

Essa necessidade por conectividade móvel com o surgimento de aparelhos cada vez mais interativos preocupa o artista no que diz respeito ao uso indiscriminado dessas ferramentas. “Meu celular serve só para discar e receber chamadas. A tecnologia presente nos smartphones é útil, mas existem coisas mais interessantes para se fazer, ao invés de ficarmos a maior parte do nosso tempo, por exemplo, no whatsapp”, detaca.

Na analise do especialista em marketing, comunicação e mídia digital, Leonardo Diogo por mais que os não adeptos ao uso da tecnologia, seja por ideologia ou por não dominá-la, se esquivem dela chegará um momento em que esses terão que usá-la, ainda que indiretamente.

“A pessoa sempre pode se esquivar de alguma maneira, principalmente quando se trata de serviços à pessoa pode não usar diretamente, mas utiliza do conhecimento de terceiros para que efetue alguma transação online utilizando a tecnologia. Então acredito que para grande maioria dos serviços a gente vai chegar nesse momento de praticamente ser “obrigado” em algumas situações a fazer uso” constata.

“É claro que toda inovação tecnológica produz mudanças comportamentais, mudanças sociais, mas por outro lado isso ocorre porque de certa forma as pessoas ainda estão subjugadas pelo ‘espirito de manada’. Resolvi não fazer parte da manada de não seguir e a mídia é um dos produtores de manada no mundo em que vivemos” ressalta Helvécio.

“Apesar de não aderir às tecnologias oferecidas pelos smartphones estou conectado com a realidade”, acrescenta Omar Souto.

Desvantagens de não utilizar o disponível

Especialista em marketing, comunicação e mídia digital, Leonardo Diogo Silva

Leonardo Diogo Silva, especialista em marketing, aponta que a pessoa que não se mantem em contato direto com as ferramentas oferecidas pelos dispositivos portáteis perdem a oportunidades de manter um contato direto com potenciais profissionais. Bem como não terão acesso algumas agilidades de serviços como, por exemplo, GPS, comunicadores instantâneos, sites de algum tipo de informações e aplicativos de banco.

“Ela não terá acesso algumas agilidades de serviços como, por exemplo, pegar uma fila, às vezes de uma hora para fazer uma determinada operação enquanto em alguns segundos você agilizaria isso pelo celular”. Helvécio é um desses, ainda vai ao banco e diz que não vê problema em aguardar na fila para realizar o pagamento das contas do mês. “Vou ao banco faço essas coisas todas”, diz.

Para os viciados em tecnologia Leonardo orienta que se der uma pausa caso as coisas começam fugir do controle. “Quando você perde o convívio com a família ou você não faz o que deveria fazer então ao invés da tecnologia te ajudar ela está é te atrapalhando. recomendo que você deve dar uma pausa na tecnologia”.

 


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias