Cotidiano

Lava-Jato foi positiva para a Petrobras, diz Graça Foster

Diário da Manhã

Publicado em 19 de outubro de 2015 às 23:17 | Atualizado há 10 anos

SÃO PAULO. A ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que a Operação Lava-Jato teve efeitos “extremamente positivos” para a Petrobras, ao depor na segunda-feira na ação que envolve a empreiteira Andrade Gutierrez, como testemunha de defesa, e lamentou as irregularidades na companhia.

– A gente só lamenta essa sujeirada toda, que nos prejudicou a todos – disse.

Graça afirmou que o conselho de administração era o responsável pela aprovação de todos os diretores da estatal e, quando assumiu a presidência, em fevereiro de 2012, a própria presidente Dilma Roussef lhe pediu que apresentasse nomes para a diretoria.

– Quem aprovava era o conselho – afirmou Graça, lembrando que assumiu a diretoria de Óleo e Gás, em 2007, indicada pela “ministra chefe da Casa Civil”, Dilma Roussef, que foi também presidente do conselho de administração da companhia entre 2003 e 2010.

Graça evitou comentar sobre a indicação política dos diretores da Petrobras e limitou-se a dizer que apenas ouviu falar sobre isso: “Escutávamos que sim”. Afirmou que a diretoria escolhida por ela era formada por técnicos e que a única exceção foi José Eduardo Dutra, nome apresentado pelo então ministro da Fazenda Guido Mantega, que substituiu Dilma no conselho de administração.

Perguntada se a indicação era de partidos da base do governo, disse que “não prestava atenção se era a base”.

– Eu queria era fazer meu trabalho e pronto, não me metia em nada na política – afirmou.

O juiz Sérgio Moro quis saber se Paulo Roberto Costa e Renato Duque tinham sido demitidos quando ela assumiu a presidência. Graça afirmou que Costa foi demitido pelo ministro das Minas e Energia, que lhe pediu para que assinasse uma carta de demissão, e que Renato Duque não queria trabalhar com ela, assim como Jorge Zelada, da área internacional. Moro perguntou também se ela desconfiava das irregularidades.

– Eu não tinha desconfiança que eles procediam mal. Eu achava, como eles achavam, que o custo estava alto.

Na condição de presidente, ela disse que discutia muito sobre preços e prazos das obras e ficava indignada com os custos. Afirmou que chegou a pedir que uma empreiteira fosse afastada de determinada obra, o que gerou “confusão danada” mas acabou ocorrendo.

Segundo ela, os diretores Duque e Costa eram profissionais competentes, mas “muito independentes”, pois o ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, dava “muita liberdade” para que eles trabalhassem, ao contrário dela.

Graça confirmou ainda que havia influência política na administração da Petrobras, principalmente em relação aos preços, e que foi várias vezes a Brasília, na condição de presidente da empresa, reivindicar aumentos:

– Havia sim influência do governo através do ministro da Fazenda, em relação à precificação. Eu ia muito a Brasília pedir reajuste de preços.

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