Opinião

O Papa Francisco, o Rei e o Cavalo

Redação

Publicado em 17 de outubro de 2015 às 23:08 | Atualizado há 10 anos

Quer dizer que o Papa Francisco pediu perdão pelos erros cometidos pela Igreja num discurso improvisado? “Improvisado” além de soar de forma impositiva, como as palavras avisado, autuado, multado, mutilado, encarcerado, currado, assassinado, adulterado, encurralado, também pode levar os leigos a crerem que o Papa pode fazer o que quiser, falar o que lhe vier à cabeça, esquecendo que é “rei” de uma instituição milenar constituída de bilhões de adeptos, milhares de padres, freiras, bispos e cardeais porque tudo, todas as instituições centenárias, milenares, funcionam como numa partida de xadrez, esporte milenar, por sinal, aonde cada movimento do rei, assim como de todos os seus quinze súditos – oito peões, uma dama ou rainha, duas torres, dois cavalos e dois bispos – então, tudo requer análises minuciosas, meticulosas, inescrupulosa examinando cada movimento e, ainda, como sabe qualquer aprendiz do esporte – se é que se pode “chamar” o xadrez de esporte – há sempre o risco de ser surpreendido por um movimento, uma jogada inesperada, sensacional, espetaculosa – como costumavam brincar os enxadristas – do adversário que, comumente, ao decretar o final da partida, com o tal do “cheque mate”, não sai pulando e saltando de alegria, até pode fazê-lo, entretanto, antes disso, procurará o olhar do adversário para se gabar da vitória. É por isto que os grandes campeões costumam odiar os seus oponentes, derrubar ou destruir tabuleiros quando levam um “cheque mate” inesperado. Eu já vi acontecer.

Tenho “pregado”, desde a década de 90, que o cavalo não é o único com o “poder” de pular sobre as outras peças pois o rei possui esse poder desde que foram instituídos os roques, o maior e o menor, por sinal, na Itália, coisa de 500 aninhos atrás e, “aninhos”, porque mudar uma regra no milenar xadrez, ainda mais instituindo movimentos tão diferenciados de tudo, inimagináveis à imensa maioria à época – tanto que, no princípio, foi duramente criticado: “O Rei pulando por cima da torre, onde já se viu?” – enfim, são o roque maior e o menor, bem, oras bolas, se os manuais de xadrez, do mundo inteiro, forem revisados por causa dessa minha “descoberta” ficarei felicíssimo, se tiver um prêmio ou um dinheirinho na “fita” – como dizem os mais novos – ficarei mais feliz ainda. “Entrevistei” centenas e centenas de enxadristas, nestes últimos vinte anos, de vários cantos do país e do mundo, virtualmente, claro, e todos, sem exceção, ficaram surpreendidos e até empolgados, perguntando-me: “Já registrou a tese?”, ou: “Já apresentou isso para alguma banca?”. Faço, portanto, deste matutino vanguardista a minha “banca”.

Quanta “coisa” aconteceu! A canonização de João Paulo II e a renúncia do alemão Bento XVI, a consagração do argentino Papa Francisco e tudo que ele tem feito em tão pouco tempo. O Papa é como o rei numa disputa de xadrez. Não sei quem é o seu opositor principal, mas uma coisa é certo, está jogando contra vários oponentes em vários tabuleiros. Até.

 

(Henrique Dias é jornalista)


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