Marcha para o Sudoeste
Redação DM
Publicado em 15 de outubro de 2015 às 01:42 | Atualizado há 5 mesesSegundo dados do IBGE do início da década, Goiânia e Brasília são as metrópoles responsáveis pelo maior fluxo migratório do país. Isso significa que o número de pessoas que se mudam para essas cidades é maior do que o dass que saem delas. Esse aumento populacional é refletido diretamente na expansão do espaço urbano dessas cidades, atraindo especulação imobiliária e resultando na construção de novos conjuntos habitacionais.
Como mostramos em publicações anteriores do DmRevista, algumas vilas pioneiras foram criadas na região sudoeste da capital nas décadas de 1960 e 1970. Como exemplo, podemos citar a Vila Novo Horizonte e a Vila (hoje Setor) União. Elas não estavam diretamente ligadas ao cerco de concreto central da capital, havendo vários espaços inabitados. Esse panorama foi totalmente modificado nas últimas três décadas, e a expansão urbana vem eliminando os espaços vazios na mancha de concreto da metrópole goiana.
Célia Rosa, que foi moradora da Jardim Ana Lúcia, na região do Terminal Bandeiras, por mais de 25 anos, conta o impacto visual que sente ao lembrar da configuração da região nos últimos anos. “Aqui era conhecido como entorno de Goiânia, quando me mudei. Era muito lote vago. Não existia tanto comércio e o terreno era barato. Hoje em dia está tudo diferente”.
Ela se mudou para o Residencial Veredas dos Buritis, mais além, na região Sudoeste, há pouco mais de cinco anos, e conta que o setor onde mora é ainda mais recente que a Jardim Ana Lúcia, da década de 80. “Aqui é bem recente mesmo. Muita gente de outros lugares da cidade nem sabem que existe até hoje”. O depoimento da dona Célia não é algo muito raro para quem cresceu na Região Sudoeste.
Eu, Leon Carelli, nasci nos anos 90 na Vila Novo Horizonte e morei por mais de 20 anos na Vila Lucy. Quando eu era pequeno, não era difícil ouvir de algum parente que morava no Centro ou “setores nobres” de Goiânia comentários como “Nossa, aqui cresceu muito” ou “Nossa, aqui agora tem supermercado grande”. Os moradores mais velhos também tinham esse costume, de afirmar o crescimento do setor em várias ocasiões.
“Pra lá do Bandeiras”
Andressa Cristina, 20 anos, professora de ensino fundamental. Nasceu em Belém, no Pará, e mora desde os sete anos em Goiânia. Há dois anos ela mudou-se do Celina Park para o Residencial Forteville Extensão, ambos na região sudoeste de Goiânia, além do Terminal Bandeiras. O motivo da mudança foi o valor a ser pago por imóveis de setores mais recentes, como ela disse em entrevista. “Mudamos de Belém em função do trabalho do meu pai. Pagávamos aluguel no Celina, e agora pudemos comprar uma casa aqui no Forteville”.
O ensaio fotográfico desta edição contempla bairros como os residenciais Moinho dos Ventos, Veredas dos Buritis, e Canadá que ficam além do paredão de prédios formados pelo Residencial Eldorado, no final da Avenida Milão. Ainda é possível encontrar muitos lotes pelos setores. Existe um deles que está cheio de pés de eucalipto, que os moradores adoram como ambiente de lazer.
Ainda é possível encontrar construções que remetem ao passado agrícola das antigas fazendas da região, como um depósito de grãos que já estava ali quando João Carlos se mudou para o Veredas em 2005. “Quase todas as casas dessa rua foram construídas depois de 2005. Até mesmo alguns muros ou cercas. Também não tinha asfalto, isso é bem recente”, afirma.
Questionado sobre os problemas do setor, João Carlos enfatiza a segurança. “Por ser um local onde ainda tem lugar deserto, existe muito assalto e até invasão de casas. Já encontrara corpos em lote, inclusive. As pessoas daqui tem medo de andar a pé a noite”. A região do Veredas dos Buritis também possui uma reserva natural, o que atenta para a importância da preservação ambiental na cidade, que não deve ser esquecida diante de um crescimento urbano tão acelerado.